domingo, abril 17, 2005

Abelardo e Elisângela II - Tá na hora de ceder!

11h de um sábado qualquer...

A: "Bom dia, minha flor!"

E: "Bom dia!"

A: "Está um dia lindo, né?"

E: "É. Vamos dar um pulinho na praia?"

A: "Ih, linda, não vai dar. Hoje eu tenho que finalizar, no computador, todos aqueles trabalhos que ficaram pendentes."

E: "Como sempre, né, Abê? Será que não vai ter um fim de semana sequer, em que vamos conseguir relaxar, ir à praia, tomar sorvete, andar de mãos dadas na Lagoa, viajar? Eu trabalho a semana inteira e adoraria que, pelo menos no fim de semana, pudéssemos ter um tempo pra nós!"

A: "Eu sei, minha flor, mas você sabe que eu tô numa fase assim mesmo, meio sem tempo, meio confusa."

E: "Será que isso é fase, amor? Está durando tanto..."

A: "É, é fase sim."

E: "Tá bom. Vou à praia, então, e depois fazemos algo, ok?"

A: "Ok."

Elisângela curte uma horinha de praia e volta.

E: "Oi! E aí, já almoçou?"

A: "Quê?"

E: "Já almoçou?"

A: "Hein?"

E: "Abelardo, você poderia tirar os olhos desse computador, olhar pra mim e se concentrar no que estou dizendo? Você já almoçou?"

A: "Oi! Ainda não. Desculpe, é que estava aqui nos finalmentes do trabalho."

E: "Sei, nos finalmentes. Então agora a gente vai poder namorar?"

A: "Vamos, meu amor, sou todo seu."

Os dois se enroscam na cama e Elisângela fala, toda carinhosa:

E: "Sabe, estava pensando. Podemos almoçar aqui pertinho de casa, descansar e depois dar um pulo lá naquele sambinha que rola hoje, na Lapa. Que achas, hein?! Depois a gente vem pra cá e namora até o sol raiar!"

A: "Adorei a sua idéia. A única coisa que não gostaria de fazer é ir ao sambinha. Você sabe que eu tô duro pra caramba e não tô podendo pagar couvert artístico por aí. Já sei! Hoje tem um show muito legal do "37 Não é Febre", lá no Circo Voador. Eu conheço os caras e posso pedir para colocar o nosso nome na porta. É de graça! Só pagamos a cerveja. E aí?"

E: "Abelardo, eu já fui no show desses caras com você. Lembra que eles não entraram para minha lista de bandas prediletas? Que tal, então, uma água de coco na praia?"

A: "Legal, amor. Ah! Sabe o que tá rolando também? Aquela festa gótica lá no 'Cine Íris'!"

E: "Deus me livre, festa gótica! Aquelas meninas de botas até o joelho, em pleno verão carioca! Uma doença só. Energia negativa não é comigo, Abelardo!"

A: "Meu amor, que tal você sair com as suas amigas e eu com os meus?"

E: "Custa você abrir mão um diazinho da sua vida, cara? Você sabia que se a gente não ceder ali e aqui, o relacionamento vai acabando aos poucos? Ninguém te contou, não? Caramba, você tem 35 anos e, às vezes, parece que tem 18. Francamente, você prefere resolver tudo com a brilhante idéia de ir cada um para um lado?"

A: "Meu amor, não vamos brigar, vai. Tá bom, eu vou ao sambinha na Lapa. Mas, vc paga hoje?"

E: "Fazer o quê, né? Pago..."

A: "Então, vamos, bonequinha, sambar até cansar ao som de Zeca!"

E: "O Zeca é pagodinho. A gente vai ouvir e dançar samba de raiz, Abelardo!"

A: "Ah, sim, linda, entendi. Vamos, então, que agora eu me empolguei!No caminho para o almoço, vamos ensaiando. Sabe aquele passo que você me ensinou outro dia, quando ouvíamos o CD do Vinícius..."

Abelardo começa a sambar, todo sem jeito, saltitando.

E: "Eu te amo, sabia?"

A: "Eu também, minha linda. Canta comigo, vai. Nada melhor do que o 'Samba da Benção' pra iluminar o nosso dia: "É melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração..."

E os dois saem para almoçar - ele querendo churrascaria e ela japonês - felizes, mas com diferenças que só muita criatividade pode resolver. Ou não...

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