Enquanto espera para fazer uma entrevista com um astro do rock brasileiro, a mente inquieta começa sua atividade. Aliás, já tinha começado desde que sua dona havia aberto os olhos naquela manhã. Ela pensa: "Ando demorando demais para escrever"...
Semanas atrás, ela entrevistou uma atriz brasileira do primeiro time e o papo havia sido justamente sobre sentimentos traduzidos através das palavras. Ela ouviu algo do gênero: "As histórias de amor são publicáveis quando há sofrimento. Quando não há, não temos necessidade de colocá-las no papel". A mente inquieta teve que concordar. É a mais pura verdade. É do sofrimento que saem as palavras mais belas, a inspiração mais profunda, as idéias mais fervilhantes e, por fim, o amadurecimento.
Sofrer por amor? Faz parte, amigos. Chegar à conclusão de que o homem da sua vida não cabe dentro de você e vice-versa? Também é peça do jogo. E, confesso, passar por isso não é mole, não. Dói, machuca a alma, acaba com a gente. São muitas sensações para um único coração. Mas, é incrível perceber que, ao contrário de todas as previsões, ele agüenta. É muito mais forte do que se pode imaginar e talvez seja o único órgão do corpo humano que aprende junto com a gente e, se inteligente for, armazena sentimentos acumulados, faz uma seleção e fica com os melhores. Ah, o coração...
Já ia me esquecendo de citar a princesa, personagem sempre presente aqui e com uma das mentes mais inquietas que já conheci. Ela passou pela situação citada acima. E, se preciso fosse, viveria esse mesmo amor outra vez. Pois ela aprendeu muito e amou com nunca havia amado antes. Viveu momentos maravilhosos, onde a felicidade parecia ser o alimento da Terra. Viveu momentos ruins, em que a tristeza parecia ter garras afiadas. Aquele castelo, um dia, foi uma casa mal-assombrada; outro dia, uma plantação de maçãs envenenadas e outro dia, um jardim florido, cheio de hortências cor-de-rosa.
Hoje, ela consegue ver que a felicidade é possível sem o príncipe das notas musicais, que o amor pode ser transformado, que Raul Seixas e Elvis Presley tiveram um papel muito importante em sua vida e nela viverão para sempre. Mas, de um outro modo. Seu coração bate mais tranqüilo, se reinventa para receber.
E, assim que ela percebe isso, algo muito especial já começa a acontecer! Aquele sapo, para quem ela não ligou a mínima quando chegou ao castelo, começa a falar alto em seus ouvidos, e faz com que ela perceba que sua pele crespa e textura úmida têm significado. A princesa começa a enxergar o valor das coisas feias e belas e também das coisas que parecem insignificantes, mas que podem ser eternas enquanto durarem em sua vida...
Aos aventureiros do Planeta Vermelho e a todos que têm o amor da princesa...
quinta-feira, julho 21, 2005
segunda-feira, julho 11, 2005
Hã?
Eram 4h45 da manhã e ela ouviu um barulho. Vinha da cozinha. Não, na verdade vinha das escadas do prédio. Não, não. Na verdade, ela não sabia de onde vinha. Depois de muito procurar o motivo daquele som irritante, que parecia sair de uma corneta desafinada e velha, ela se deu conta de que o barulho vinha de sua própria mente.
Ócio? Existe quase nada dessas quatro letrinhas em sua vida. Quem dera... No dia anterior, havia lido na coluna de uma prestigiada revista, escrita por uma prestiagiada atriz, a seguinte frase: "Nem nas fantasias mais tortuosas, Deus imaginou filhos tão destrambelhados". É, amigos, estamos destrambelhados. Mesmo. É só ler os jornais, assistir à televisão aberta, ir na esquina comprar um pão, sem a certeza de voltar, que nos damos conta do caos completo a que estamos submetidos.
Semana passada, o espisódio sangrento e vergonhoso do ônibus 174 se repetiu, só que desta vez não demorou tanto. Foi rápido. A vida de um garoto de 20 anos foi levada numa fração de segundos por um homem para quem a vida não tem o menor valor, por alguém que não tem absolutamente nada a perder. E no dia do aniversário da vítima. Terá sido um presente de Deus? Balela...
Alô, governantes! Alôou! Mais insanos do que esse assassino são as cobras "mal" criadas da política, que colaboram para a proliferação do crime, da miséria, da falta de cultura, de educação, fazendo do nosso país uma decepção a cada jornal lido. É molhar o dedo para facilitar a passagem da próxima página do periódico, que já dá pra sentir o gosto amargo que brota de cada letra, palavra, frase.
O tempo passa e ela se dá conta de que não é só aqui. Outro dia mesmo, ao ligar a tv e ver as notícias sobre os atentados de Londres, ficou com todos os cabelos arrepiados (todos!!! porque é de arrepiar até os pentelhos mesmo) e ligou imediatamente para seu pai, para saber se ele já havia tido notícias de seu primo querido, residente na cidade. Ele estava bem.
Ela se distrai, larga as folhas azedas que mancham suas delicadas mãos de preto, e lembra da imagem tranqüila de seu querido amigo, Fervil, um dia assassinado durante um assalto, no Rio de Janeiro, uma das Mecas do consumo de drogas. Pensa na conversa que teve com um novo amigo no fim de semana sobre a ligação do tráfico com o consumo. Será que cada um plantar na sua varanda é a solução? Ela não tem certeza. Legalização já? Ela não tem a resposta, mas quer mudar o mundo, fazer o bem. Seu novo amigo, que mais parece uma fortaleza, um muro de concreto também não tem as respostas. Eles vão embora, saem pelas ruas da Lapa, na madrugada mais fria dos últimos tempos e ela sente-se protegida ao lado daquele gigante. Um sentimento falso. Nem os gigantes sobrevivem à selva urbana hoje em dia...
Está tarde, a mente inquieta embaralha. Ela acha melhor voltar pra cama. O barulho vem de dentro, ela sabe. E não pode fazer nada. Só lhe resta dormir. E acordar no dia seguinte, levar a vida de acordo com seus princípios e valores - muito bem ensinados por seus pais - e contar, mais do que nunca, com a fé e a sorte que nunca lhe faltaram...
Ócio? Existe quase nada dessas quatro letrinhas em sua vida. Quem dera... No dia anterior, havia lido na coluna de uma prestigiada revista, escrita por uma prestiagiada atriz, a seguinte frase: "Nem nas fantasias mais tortuosas, Deus imaginou filhos tão destrambelhados". É, amigos, estamos destrambelhados. Mesmo. É só ler os jornais, assistir à televisão aberta, ir na esquina comprar um pão, sem a certeza de voltar, que nos damos conta do caos completo a que estamos submetidos.
Semana passada, o espisódio sangrento e vergonhoso do ônibus 174 se repetiu, só que desta vez não demorou tanto. Foi rápido. A vida de um garoto de 20 anos foi levada numa fração de segundos por um homem para quem a vida não tem o menor valor, por alguém que não tem absolutamente nada a perder. E no dia do aniversário da vítima. Terá sido um presente de Deus? Balela...
Alô, governantes! Alôou! Mais insanos do que esse assassino são as cobras "mal" criadas da política, que colaboram para a proliferação do crime, da miséria, da falta de cultura, de educação, fazendo do nosso país uma decepção a cada jornal lido. É molhar o dedo para facilitar a passagem da próxima página do periódico, que já dá pra sentir o gosto amargo que brota de cada letra, palavra, frase.
O tempo passa e ela se dá conta de que não é só aqui. Outro dia mesmo, ao ligar a tv e ver as notícias sobre os atentados de Londres, ficou com todos os cabelos arrepiados (todos!!! porque é de arrepiar até os pentelhos mesmo) e ligou imediatamente para seu pai, para saber se ele já havia tido notícias de seu primo querido, residente na cidade. Ele estava bem.
Ela se distrai, larga as folhas azedas que mancham suas delicadas mãos de preto, e lembra da imagem tranqüila de seu querido amigo, Fervil, um dia assassinado durante um assalto, no Rio de Janeiro, uma das Mecas do consumo de drogas. Pensa na conversa que teve com um novo amigo no fim de semana sobre a ligação do tráfico com o consumo. Será que cada um plantar na sua varanda é a solução? Ela não tem certeza. Legalização já? Ela não tem a resposta, mas quer mudar o mundo, fazer o bem. Seu novo amigo, que mais parece uma fortaleza, um muro de concreto também não tem as respostas. Eles vão embora, saem pelas ruas da Lapa, na madrugada mais fria dos últimos tempos e ela sente-se protegida ao lado daquele gigante. Um sentimento falso. Nem os gigantes sobrevivem à selva urbana hoje em dia...
Está tarde, a mente inquieta embaralha. Ela acha melhor voltar pra cama. O barulho vem de dentro, ela sabe. E não pode fazer nada. Só lhe resta dormir. E acordar no dia seguinte, levar a vida de acordo com seus princípios e valores - muito bem ensinados por seus pais - e contar, mais do que nunca, com a fé e a sorte que nunca lhe faltaram...
Caco, o sapo
O despertador tocou mais cedo e ela acordou confusa, sem saber que dia era, que horas eram, onde estava... Por um segundo, ela sentiu que não se encaixava. Em nada. Que não fazia parte desta dimensão. Mas, de repente, a ordem se fez presente fazendo-a perceber que tudo permanecia igual. Os mesmos cheiros, barulhos, a mesma disposição dos móveis. Dali, El Bosco e Velazquez lhe sorrindo, como sempre.
Levantar não foi difícil, ativar a memória também não. Tratava-se de uma segunda-feira, dia agitado no Reino da Imaginação. Dia em que as mentes inquietas retomam a atividade, sempre mais em baixa nos fins de semana. Abriu logo a agenda e contou os compromissos: onze. Fez uma pausa. Onze? Teve que se controlar para não tomar um sonífero e voltar para a cama.
Seu coração batia diferente, não sabia se por causa de ansiedade ou pelas emoções vividas no dia anterior. Foi para a internet, tinha que pagar contas. Não entendia... Sua mãe sempre lhe disse que era uma princesa. E, segundo os livros a que tinha acesso, princesa não paga contas, não se aborrece, não tem onze compromissos. O que houve de errado? "Bem-vinda à vida real", disse uma voz.
Logo na página inicial do computador, formou-se a figura de um sapo, desses que se parecem com príncipes sob o efeito de alguma magia. Ficou intrigada. Ele falava com a princesa do outro lado da tela, mas ela não conseguia entender. Estava confusa. Fechou o navegador e foi ver os e-mails. Mas, a imagem daquele sapo ficou na cabeça. Vestia uma camisa branca, usava brinco e tinha o charme de Caco, o sapo dos Muppet´s. Lembra? Vai dizer que o Caco não era de parar o trânsito?! Aliás, outro dia, a princesa havia ouvido essa expressão, "de parar o trânsito", de alguém muito especial... O técnico de som do castelo. Um cara bacana, bom caráter, talentoso. Ficou feliz.
Enfim, mais um dia começava no Reino da Imaginação. Os jornais publicando as vergonhas do governo e as agendas das celebridades mais vazias do momento. O barulho da obra nos jardins do castelo, pessoas angustiadas, aparentemente felizes e realizadas por toda parte, a música de Cartola e tudo mais... Tudo igual. Mas, um igual muito gostoso. Um igual que alimentava a luta diária da princesa por um lugar ao sol, que lhe trazia força para lutar contra os monstros do Reino - e que monstros! - e que fazia dela alguém incansável.
Ao contrário dos outros dias, ela não comeu a maçã envenenada, não adormeceu e não achou que todos acabavam por se transformar numa única pessoa. Ali, diante dela, na base de sua mente inquieta, estava o produto de uma diferença transformada, de uma luz, de um tesouro perdido. Ela acordou com a disposição de um leão faminto e foi tentar encontrá-lo. A contagem regressiva já começou...
sexta-feira, julho 08, 2005
Cobertas
Sei que vocês vêm reclamando da falta de textos, mas é que realmente ando sem tempo. Estava me inspirando e me preparando agora para teclar quando, de repente, o barulhinho da chuva começou e eu olhei para as cobertas da minha cama. Tá um frio e eu tô com um sono, cansada... Desculpa, pessoal, vai ter que ficar pra amanhã! A princesa não tá com nada essa semana...
Assinar:
Postagens (Atom)