quinta-feira, outubro 27, 2005

Quem avisa, amigo é

Outro dia, ouvi de uma amiga cascuda no meio do jornalismo: "Você escolheu um caminho profissional muito árduo para seguir, onde vencer por mérito é quase impossível".

Well, well... Pensei nessa frase durante semanas e só me toquei que A.P havia sido muito franca e realista hoje, quando a mente inquieta entrou em erupção num quarto de hotel, na minha querida e agitada São Paulo.

Enquanto me arrumava para fazer uma entrevista com um dos fotógrafos de moda mais importantes do Brasil, liguei a TV. Às vezes faço isso: ligo a TV só para ficar ouvindo um barulho enquanto me apronto. É uma forma de não me sentir tão sozinha... Será? Pensei nisso agora. Pode ser... Pode não ser também, já que adoro ficar sozinha, no meu canto. Enfim, tomei banho, sequei as madeixas ruivas, fiz a maquiagem e enquanto tudo isso acontecia, realizei que, sem querer, deixei num canal onde passava o programa de um tal Leão Lobo. Fiquei tão irritada com aquele ser humano que troquei o canal. Quando, de repente, me aparece a Olga Bongio... Sei lá como se escreve o sobrenome dela. Uma Ana Maria Braga de outro canal. Mais abobrinhas. Troquei de novo: Monique Evans perguntava a Ivete Sangalo como era o novo namorado da cantora. Eu só queria presentear meus ouvidos com algo interessante e, naquele momento, não era do meu interesse ouvir as desgraças do mundo num noticiário qualquer. Amigos, sinto dizer, mas foi impossível! Tenho medo. Muito medo. Eram 8h45, horário em que crianças vêem TV e a programação é nada menos que bizarra!!!

Aí, volto a minha querida amiga A.P, aquela que me falou, sutilmente, para desistir. Será que está na hora de pular fora, de virar dona de pousada, de abrir uma loja de produtos naturais, uma academia de yoga?! Não sei... Ainda tenho esperanças, mesmo depois dessa avalanche de coisa ruim logo de manhã. Estou muito nova, apesar da proximidade dos 30, para desistir. Deixa isso pra mais tarde.

É isso, queridos leitores. Estava sumida, foragida, seja lá o que for... Mas, cá estou eu de volta. Fico por aqui, curtindo os ares da insone São Paulo e finalizo com a seguinte pérola: ontem, antes de tudo isso acontecer, quando cheguei exausta ao hotel, cometi o erro de ligar a TV, só para dar aquele soninho gostoso e adormecer. Parei no "Saia Justa", do GNT. Pensei: até que enfim, mulheres interessantes, com idéias inteligentes. Engano meu. Foram 3 ou 4 blocos seguidos sobre cabelos!!! Patético!!! Não deu. Apaguei as luzes e o resto vocês já sabem...

quarta-feira, outubro 12, 2005

Repouso para os dedos

A Mente Inquieta pede licença e tira uns dias de férias do blog. Mas, logo, logo ela volta cheia de inspiração!

quinta-feira, outubro 06, 2005

Posso me aposentar!



Queridos fãs e amigos, comunico a todos que já posso me aposentar. Sabe, vida de repórter é muito sacrificada e, depois da entrevista que fiz ontem, decidi que já estou pronta pra parar...

BRINCADEIRINHA! Mas, é que tive o prazer de entrevistar uma das pessoas (se não "a pessoa", "the one") que mais admiro no vasto universo cinematográfico mundial: o ator Ralph Fiennes. Acompanho a carreira deste moço tímido, de olhos azuis, que quase sempre encarna personagens profundos e densos, há muito tempo. Desde seu sucesso em "O Paciente Inglês", passando por "Fim de Caso", "Dragão Vermelho", "Spider", "Sunshine", até chegar em seu mais recente trabalho em "O Jardineiro Fiel", do brasileiro Fernando Meirelles. Filmaço! A produção conta a história de um diplomata, interpretado por Fiennes que - em decorrência da morte de sua esposa, vivida pela linda e talentosa Rachel Weisz - se vê diante de uma conspiração da indústria farmacêutica ocidental, contra a qual sua mulher lutava na África.

Enfim, voltando a entrevista com meu ídolo... Não sei se vocês sabem o que é um "junket". Pra quem não sabe, "junket" é um tipo de entrevista que a distribuidora do filme organiza no país onde ele está sendo promovido, em que os entrevistados ficam numa pequena sala recebendo jornalistas de 10 em 10 minutos (suuuuuper cronometrados!!!). Aliás, quem quiser saber como realmente funciona esse esquema, não pode perder a matéria que fiz junto com o Fábio Júdice, do Multishow, canal 42, no "Revista Bastidores", nesta segunda, dia 10/10, às 23h45.

Primeiro entrevistei Fernando Meirelles, com quem já havia estado em Cannes, quando do lançamento de "Cidade de Deus", que aliás foi um sucesso, na época, no balneário francês. Fernando, como sempre, muito simpático e aberto a todos os tipos de perguntas. Um cara guerreiro, que colocou todo o seu talento e sua emoção neste projeto, e assina uma direção de quem entende mesmo do que faz.

Depois, chegou a vez de encontrar com Mr. Fiennes. Segundos antes, não estava acreditando que apertaria a mão do sujeito. E olha que nunca tenho esses ataques de fã, hein... Mas era ele, Ralph Fiennes, em carne e osso, que apareceu na minha frente e disse bem baixinho: "Hi". Eu já havia sentada na cadeira e me levantei ao perceber sua presença. Nossas mãos não se encaixaram no cumprimento, o que nos fez repetí-lo e daí surgiu o primeiro sorriso, ainda tímido, naquele rosto que se transforma a cada personagem. Enfim, depois de um "I´m ready" por parte dos dois, a entrevista começou. Fiennes é realmente tímido e guarda um mistério no olhar. Mistério esse que fica nítido a cada mergulho do ator, a cada palavra pronunciada. Ou seja, seu mistério existe na realidade e na ficção. Sua fala é baixinha e, ao responder uma pergunta, parece refletir profundamente sobre ela para, em seguida, expor calmamente seus pensamentos.

Nada do que aconteceu naquela pequena sala, em que nos encontramos cara a cara, como nunca havia imaginado - e olha que já estive cara a cara com Martin Scorscese, Sandra Bullock, Cameron Diaz, Whoopi Goldberg, Leonardo Di Caprio, Hugh Jackman, Will Smith, Woody Allen, Jack Nicholson e muitos outros da turminha de Hollywood - foi inesperado. Raph Fiennes não me surpreendeu. E nunca tive uma sensação tão boa por não ter me surpreendido positivamente com alguém. No caso dele, preferia que tivesse sido exatamente como foi. De acordo com todas as minhas expectativas. A idéia que fazia de Fiennes se confirmou e aqueles dez minutinhos pareceram 30 segundos.

Devo confessar que o dia segiu bem, com uma gripe que custa a me deixar, mas com uma sensação muito boa não só por ter estado com alguém especial, como também por ter falado de assuntos que realmente me interessam, com pessoas inteligentes, preocupadas em transformar o mundo, a realidade. Ah! E com profundidade, algo cada vez mais escasso no mundo de hoje.

Viva Mr. Fiennes e viva mais ainda Fernando Meirelles, por ter acertado em cheio ao abraçar este projeto. Ah! E viva a mente inquieta, que conseguiu convencer a chefe de que tais entrevistas deveriam ser feitas custasse o que custasse!

segunda-feira, outubro 03, 2005

Manderlay - Lars Von Trier

Diz uma coisa: como é que um sujeito pode fazer uma obra-prima sem tomadas externas, quase que o tempo inteiro na penumbra, com pouquíssimas variações de ambiente? E a gente aqui tentando fazer cinema de qualidade...