quarta-feira, setembro 21, 2005

Vai ou não vai pro xilindró?

Hoje, ao ler o jornal, uma notícia me fez voltar no tempo e lembrar de uma passagem curiosa da minha vida.

Sabe aquelas coisas que você faz e que, anos depois, lembra dizendo: "O que é que eu estava fazendo lá?!" Pois bem, na página 9, da sessão "O País", do Jornal "O Globo" de hoje, temos a seguinte manchete: "Daniel Dantas ganha direito ao silêncio na CPI". Se você não sabe quem é Daniel Dantas e com qual escândalo está envolvido, não sinta-se mal. Hoje em dia fica difícil acompanhar tanta picaretagem, com tantas novelas e tantos personagens. Vamos lá: Daniel Dantas é o presidente do Grupo Opportunity e "é suspeito de utilizar suas empresas para fazer depósitos bancários nas contas das agências DNA e SMP&B, de Marcos Valério".

A notícia diz que "ele obteve no STF um habeas-corpus que lhe dá o direito de permanecer calado diante das perguntas feitas pelos parlamentares da CPI dos Correios, à qual deverá prestar depoimento hoje". E mais: "A decisão do STF também livra o banqueiro de ser preso se ficar em silêncio". Ou seja... Não preciso perder aqui meu precioso tempo com este "ou seja", né?!

O fato é: o que li me fez lembrar de uma entrevista para estágio que fiz no Banco Opportunity há mais ou menos 10 anos. Aqueles que me conhecem bem vão perguntar, de cara: "Você procurando um estágio em banco?" Pois é, meu amigos, um dia eu passei por isso. Novinha, fazendo ainda publicidade e querendo ser marketeira, pode?!

A cena: entro numa sala com cerca de 15 pessoas, todas em silêncio, paradas, olhando para a minha cara. "Bom dia", digo eu. E ouço poucos "bom dia" do outro lado da mesa. Sim, porque as 15 pessoas estavam de um lado da mesa e a minha cadeirinha, sozinha, do lado oposto. A partir disso, começa uma entrevista surreal, com perguntas descabidas que nada avaliavam meu perfil profissional, mas sim outras características minhas que não determinariam se eu seria boa ou não para o cargo. Uma entrevista incompetente, feita por pessoas ignorantes, eu diria. Fui colocada contra a parede para ver se era forte o suficiente para agüentar o tranco; se eu seria mais uma heroína mal alimentada, mal amada e insone do mercado financeiro. Não fui tão forte assim, graças a Deus! Não resisti às garras daquela gente detestável. Num determinado momento, pedi para ir embora porque aquilo nada tinha a ver comigo, com meus valores, com a minha educação. E parti livre, leve e solta.

Hoje, vemos aí o dono da parafernalha toda tendo que pedir habeas-corpus para ficar calado. Que surpresa: finalmente, uma atitude inteligente. Se há muito tempo o homem já treinava sua equipe para falar todas aquelas abobrinhas, imagina como seu vocabulário e suas frases de efeito devem estar aprimoradas hoje em dia... Nesse caso, ficar calado deve ser mesmo a melhor opção para não ir direto pro xilindró!

terça-feira, setembro 20, 2005

Sorte Minha

Simples, porém impossível de passar despercebida. Assim definiria a canção “Sorte Minha”, de Léo Saramago. Sabe aquele tipo de música que, sem a gente notar, vai ficando na cabeça e, de repente, já estamos cantando toda a letra? Pois é assim mesmo.

“Sorte Minha” é uma mistura de bossa-nova, samba e eletrônico, lembrando o estilo inconfundível de Fernanda Porto. Na letra, Léo propõe um exercício de criatividade e imaginação para quem ouve sua música. Fala dos efeitos que uma determinada visão provocou no tempo e nele mesmo. Mas, não revela o que viu. E diz: “Quem não viu, não verá”.

Quem quiser conferir e conhecer um pouco mais da carreira do artista, pode entrar em www.leosaramago.com.br.
. Léo também é responsável por toda a concepção e construção do site, onde estão disponibilizados o conteúdo de todos os seus álbuns, fotos de shows e o clipe da música “Pedido ao Vento”.

Sorte a minha de ter topado com esse artista de mil e uma facetas. E, podem esperar, porque quem não viu, um dia ainda verá todo o talento de Léo Saramago.

A felicidade está logo ali, ó

Olha, vou te falar, produzir um almoço de domingo para os amigos não é mole não...

O casal acordou 12h e resolveu prestigiar algumas pessoas queridas com um almoço (comprado pronto, claro, já que os dois usam a cozinha para todos os fins possíveis, menos para cozinhar), previsto para começar às 13h30.

Depois do tour por 3 mercados cariocas, voltam eles pra casa (isso já eram umas 14h), para lavar a louça do dia anterior e começar a arrumar os quitutes (sim, o casal comprou saborosos quitutes para servir antes do almoço, caso tivesse calculado mal a quantidade de comida - aquele velho truque: enche o pessoal de torradinhas com patê e ovinhos de amendoim, que é certo de todo mundo ficar no primeiro prato).

Bom, os primeiros convidados chegaram em meio à confusão: preparação dos petiscos, arrumação da casa, leva a almofada pra lá, pega o jornal aqui e coloca ali, tira a cueca do banheiro, esconde os dadinhos pornográficos... Um deles, de repente, senta em algo estranho e grita: "Ui, tem arroz aqui!" É, a anfitriã havia esquecido o arroz em cima do sofá. Faz parte.

Tudo pronto, todos em casa, espalhados pelo chão, ouvindo "Beatles", conversando, matando as saudades, enquanto a chuva caía lá fora. O que é um estrogonoff de frango pálido, meio sem sal, com arroz "que alguém sentou em cima" e batatas palhas de saco, perto dessa cena? Hoje, conseguir reunir os amigos é uma vitória! Todo mundo cheio de compromissos, trabalhos, viagens, etc... Ê, mundo moderno! Foi uma tarde agradável, em que a felicidade era evidente para cada um. Sorvete: a sobremesa trazida por um casal de bom senso. Tinha de doce de leite, coco, chocolate alpino e creme. Quase acabou. Para vocês verem o sucesso que foi o prato principal...

Lá pelas tantas, depois que o pessoal foi embora, chegou o momento dos anfitriões lavarem a louça (muita louça) e colocarem tudo em seus devidos lugares. E ela, que sempre detestou arrumações, estava adorando aquilo tudo. O dia acabou com uma sessão de "O Iluminado", regada aos restos do almoço (eles preferiram comer os petiscos...). Depois, mergulharam num soninho bom. Melhor ainda porque deitaram com um largo sorriso no rosto. Um sorriso que comemorava o primeiro evento produzido em conjunto e a existência de um na vida do outro. É tão simples ser feliz...

quarta-feira, setembro 14, 2005

Bichos Escrotos


"Bichos, saiam dos lixos
Baratas, me deixem ver suas patas
Ratos, entrem nos sapatos
Dos cidadãos civilizados
Pulgas, que habitam minhas rugas
Oncinha pintada, zebrinha listrada, coelhinho peludo
Vão se foder!
Porque aqui na face da terra só bicho escroto é que vai ter!
Bichos Escrotos saiam dos esgotos, bichos escrotos venham enfeitar
Meu lar, meu jantar, meu nobre paladar..."

Outro dia, voltando do trabalho, veio das profundezas do meu inconsciente a canção aparentemente idiota, provavelmente composta depois de um longo consumo da erva,"Bichos Escrotos", do "Titãs". Parei para pensar no porquê de, justamente, essa música ter invadido minha mente inquieta numa tarde chuvosa, quando estava a bordo de minha viatura, cuja cor leva o nome de "Lúcifer". Ui, que "meda"!

Quem anda muito de carro, sabe que os insuportáveis trânsitos cariocas podem servir como um atalho pro Nirvana. É nessas horas que consigo tirar o pé do acelerador - no sentido real e figurado - e me distanciar da realidade. É nessas horas também que faço descobertas incríveis, inclusive que meu carro precisa urgente de um banho. Tem pelo de cachorro, vaga-certa dos últimos quinze dias, lata de coca-light amassada (com canudo), caixinha de óculos (sem os óculos), "Segundo Caderno" do mês passado... Ufa! Mas, nada disso atrapalha minha meditação ao som repetitivo de buzinas e afins.

Bom, voltando aos bichos escrotos... Depois de umas duas horas pensando em como aquele raio de música havia invadido meus aposentos cerebrais, cheguei a uma conclusão que fez sentido - pelo menos naquela hora e pra mim.

É que venho trombando bastante, nos últimos tempos, com bichos escrotos. É como se eles saíssem de seus esconderijos e se revelassem pra mim. Venho percebendo como estamos cercados, cada vez mais, de personagens de contos de terror. Edgar Allan Poe é fichinha pras nossas histórias. Digo "nossas" porque, com certeza, a minha história é a sua e a sua é a minha.

Organizo em tópicos para melhor entendimento de meu público assíduo de cinco leitores:

1 - Abrir o jornal às 7h30, antes de começar o dia lá fora, é um convite à depressão. Pergunta aí se os psiquiatras não estão ganhando mais dinheiro?

2 - Os valores estão completamente mudados ou é impressão minha? Hoje (tudo bem que isso já existe desde o "Homem de Neanderthal", mas agora tá demais "de la cuenta"...) a moda é, segura aí:

3 - Roubar muuuuuuuuiiiiiito (quem rouba pouco é mulher do padre), mentir deslavadamente (quem mente pouco fica com a mão amarela) - isso, no governo. Depois temos:

4 - Ser amigo da pessoa certa, por interesse, para poder subir no mercado de trabalho;

5 - Não reconhecer ninguém por mérito, mas sim porque tem dinheiro, é filho (a) do fulano (a), namorado (a) do ciclano (a), é gostoso (a), faz uns programinhas;

6 - Ah! Temos muitas mulheres casadas, juntadas, encoleiradas, whatever, paquerando descaradamente o namorado, marido das outras;

7 - Homens jogando charminho pra ver se fisgam a mulher do companheiro ali que olhou para o lado;

Posso estar parecendo moralista, com esses tópicos. Mas, não é isso, não. Em todos eles, há um ponto em comum: falo de "falta de respeito". E parece que todo mundo está fazendo um cursinho entitulado: "Como respeitar cada vez menos o próximo?". O problema é geral, a falta de respeito está em todos os cantos. Do mundo!!! Ei, alôou! Diante de nós circulam seres humanos, pessoas de carne, osso e espírito. Gente que tem sentimentos. Que tal revermos os nossos conceitos (como já diz a propaganda)?

8 - Ai, ai... Tô ficando cansada e sem saco de continuar. Mas a lista de atitudes que levam o ser humano a atingir sua condição mais fake é infinita. Ficaria aqui dias e mais dias escrevendo sem parar.

Lembra daquela brincadeira do programa do Sílvio Santos - Domingo no Parque - em que um jovenzinho sentava numa cadeira, que ficava dentro de uma espécie de cabine, colocava um fone no ouvido e lá de fora o Sílvio perguntava: "Você troca um apartamento na Av. Paulista por uma bola furada?" E a vítima respondia: "Siiiiimmm!" ou "Nããããooo!"? Então, às vezes sinto como se estivesse sentada nessa mesma cadeira, respondendo a perguntas parecidas, só que tendo que escolher entre uma opção pior que a outra: "Você troca uma bala perdida por um assalto à mão armada?", "Você troca uma viagem ao Iraque por uma outra à New Orleans?", "Você troca Roberto Jefferson por Severino Cavalcante?", "Você troca Bush por Bin?".

Ora, francamente, desculpem o meu pessismismo - não costumo ser assim, quem me conhece sabe que sou muito otimista e nada amarga- mas esse mundo e seus habitantes estão passando dos limites e, de vez em quando, alguém tem que gritar! Chegou a minha vez: Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!

Entenderam agora a razão pela qual minha mente resgatou das trevas os "bichos escrotos", né? E o pior é que os "bichos escrotos" externos acordam os internos, pois diante de tudo isso despertam aqui dentro a raiva, a vontade de explodir o Congresso, de colocar pra fora toda a pena que sinto de seres humanos fracos, que precisam partir para a ignorância pra vencer na vida. Chega. Vou gritar de novo: Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!

Pronto, tô ótima. Agora, vou ao cinema com o meu amor, meu achado, minha luz. A gente adora escapar da realidade numa sala escura qualquer... Depois, a gente volta pra ela prontos para encarar todos os monstros do dia-a-dia. Falando assim, parece até que só vejo o lado negativo das coisas. Vejo não. Tem muita coisa boa por aí. Só temo que elas se percam...

segunda-feira, setembro 12, 2005

Inspiração

Durante um passeio na praia, ela voltou!!! Os dedinhos da princesa estão desconnnnnnttttttrrrrooooollllaaaadddddoooos!

Plutão

Às vezes tenho a nítida impressão de que tomei uma vaca em Plutão e caí aqui na Terra... De cabeça, ainda por cima! Meu namorado veio junto comigo. Ele também não é desse planeta. Definitivamente. Cheers!

Telemarketing

Do irmão de uma amiga...

Trim... trim...

- Alô!

- Boa tarde, senhor, meu nome é Marcos, trabalho na central de relacionamentos TIM, com quem eu falo? (Com sotaque de paulista, claro. Meu amor, não é nada pessoal, hein?! Vc sabe que eu adoro o seu "intâo".)

O operador de telemarketing já esperando aquele fora habitual: "Marcos, agora não dá, tô super atolado, liga mais tarde, blá, blá..."

- Pô, cara, que bom que você ligou. Eu estava mesmo precisando conversar, tô deprimido demais, cheio de problemas... Você tem um tempinho pra me ouvir, né?!

Marcos não conseguiu completar o que tinha a dizer, tendo que voltar ao início da frase (como fazem os meninos contadores de história, nas portas das igrejas das cidades do interior)... Aí se enrolou todo, desligando logo depois.

Não é por nada, não. Mas taí uma técnica infalível para se livrar rápido de incovenientes telemarketeiros! I hate them! Com todo respeito...