terça-feira, maio 30, 2006

O Corte

Minha gente, fui ao cinema ver um filme sensacional: O Corte, do grego Costa-Gavras.

Antes de falar sobre o filme, pausa para um momento "tira-onda"... Quando entrevistei Gavras, nunca ia imaginar que ele faria um filme tão cheio de humor negro (um dos meus gêneros prediletos) e realidade. Tudo num filme só. Não que eu tenha duvidado de sua genialidade. Não, isso não ocorreu em momento algum. Mas que o moço me surpreendeu, ah surpreendeu.

O filme conta a história de um super executivo da indústria de papéis, Bruno Davert (interpretado por uma espécie de Kevin Spacey francês) que, de repente, se vê fazendo parte das estatísticas do desemprego em seu país. Seu desespero é tamanho, que faz com que tenha uma brilhante idéia: publica um anúncio no jornal, como se a empresa contratante fosse ele. Não dá outra: milhares de currículos são enviados para a caixa postal. Bruno, por sua vez, recebe esses currículos e seleciona quem são seus concorrentes diretos para o cargo que deseja, numa determinada empresa. E aí? Resolve assassinar um por um para que a vaga seja sua.

Bom, não vou dizer que a idéia foi original, pois há alguns meses lemos no jornal que uma mulher, aqui no Brasil, matou dois colegas de trabalho porque queria tomar as vagas anteriormente ocupadas por eles. Gavras fez nada mais, nada menos, que um filme real. Quase um documentário. Cheio de humor (que para mim é negro) e com diálogos incríveis sobre a loucura que assola a vida do homem moderno. Só espero que o cineasta não tenha inspirado as pessoas com esse filme. O que vai ter de executivo morrendo, não vai estar no gibi! No fundo, no fundo é ficção, viu gente?!

Recomendo a todos. Agora vocês me dão licença, que vou iniciar a carnificina das colegas apresentadoras de TV... Ops!

sexta-feira, maio 19, 2006

Ciclo

As chaves abrem a porta e lá está aquela sala marrom, cheia de papéis e mobília velha, onde a modernidade jamais foi convidada a entrar. Ela senta, espera sua vez de... Deixa pra lá. As dores no pescoço são freqüentes e em outros locais (internos) do corpo também. Pensa na vida, nas contas a pagar, na saúde, na família, na unha que não faz há semanas... Ela está equilibrada, consciente, pé no chão. O telefone toca, mas ela não atende. Chega a sua vez. Vai. Seus dedos estão cansados. A escrita, agora, lhe faz mal. Parte. Parte aliviada, em busca do conforto do lar. Em busca de descanso. Em busca de paz. Ela os encontra, mas sabe que, mais cedo ou mais tarde, as chaves vão abrir a porta de novo e o ciclo vai recomeçar.

quarta-feira, maio 17, 2006

Gatinha Mimi

No consultório psiquiátrico...

ANA (sub-texto: que saco esse psiquiatra): Oi, Conrado!

CONRADO (sub-texto: hummm... ela deu uma engordada): Bom dia, Ana!

ANA (sub-texto: ai, hoje ele está com mau-hálito): O dia hoje não está nada bom...

CONRADO (sub-texto: lá vem ela com mais uma história escabrosa de bichinhos): O que houve?

ANA (sub-texto: já que estou aqui, vou contar): Minha gatinha Mimi... Sempre que dou leite para ela, seguro sua cabeça, pois Mimi tem um probleminha de fundo nervoso e não consegue parar quieta. Só que, desta vez, me desliguei do que fazia e não vi que fiz força demais com a cabecinha dela e afoguei a bichinha no leite. Só percebi quando Mimi não mais resistia à minha força. Quando olhei, vi Mimi morta. Seu pelo branco se confundia com o leite e, aí, não consegui segurar e vomitei. Ai, doutor, estou péssima.

CONRADO (sub-texto: preciso segurar minha vontade de rir...): Quantos anos tinha Mimi?

ANA (sub-texto: como assim?): Três aninhos. Era linda, branquinha, branquinha.

CONRADO (sub-texto: ainda bem que ela me paga...): Mimi, quero dizer, Ana, desconfio que você esteja com a mente inquieta demais, o que faz você ter uma hiper-sensibilidade neural, formada por uma vascularização exagerada dos neurônios, provocando, assim, um surto de criatividade incontrolável.

ANA (sub-texto: ah, tá...): Compreendo perfeitamente.

CONRADO (sub-texto: compreende?): Veja bem: há três semanas você vem contando historinhas, onde os bichinhos mais fofos sofrem uma espécie de terror bizarro. Lembra da joaninha que teve suas asas arrancadas com pinças, do coelhinho que prendeu o pé na grade da gaiolinha e teve gangrena e do canarinho que se engasgou e morreu por asfixia? Agora foi a vez de Mimi... Na verdade, Ana, nada disso existe, está tudo em sua imaginação.

ANA (sub-texto: esse cara é muito chato e é mais doido que eu): Será, então, que devemos mudar de assunto?

CONRADO (sub-texto: um, dois, três e já): E aí, já comprou seu vestido de noiva?

ANA (sub-texto: quê?): Doutor, eu não vou casar...

Silêncio sepulcral.

ANA (não deu tempo para o sub-texto): Hã, hã... Sim, comprei. É lindo: preto, com brilhos dourados. Na cabeça, colocarei um enfeite de couro de avestruz, no pé uma sandalinha de couro, que comprei no artesanato lá perto de casa. Ih, menino, cê sabe que meu noivo é um deus grego, né...

xxx

Não adianta insistir. Às vezes não tem cura mesmo...

segunda-feira, maio 15, 2006

Umbigo?!

Quando olho a vida do umbigo para dentro, vejo que muita coisa pode melhorar, descubro insatisfações que sofrem caladas e tenho um desejo louco de mudança radical e imediata.

Quando olho a vida do umbigo para fora, me acho a pessoa mais sortuda do mundo, agradeço a Deus por tudo e acho que nada deve mudar. Nada, nada, nada.

Quando penso no umbigo para dentro e no umbigo para fora, concluo: que maravilha seria se eu conseguisse sempre equilibrar os dois. É bem verdade que, às vezes, consigo.

Bem, amigos, e quando penso que já é tarde da noite e estou escrevendo sobre esse trem de umbigos... Percebo que, das duas uma: ou esqueci de tomar o remédio "tarja preta", ou caí da pia quando era apenas uma criança, dona de uma mente calma e indefesa.

Mãe...

Quem é essa mulher, que me olha curiosa e feliz?

Essa mulher que me admira, que deixa escorrer uma lágrima enquanto eu choro e faço meu primeiro contato com o mundo real. Agora, longe da proteção da placenta, ouço bem de pertinho a voz que ouvi de longe, durante nove meses. Ela tem uma ansiedade de criança, traz orgulho nos olhos e emoção nas palavras. Ela me ama incondionalmente. Essa mulher é a MINHA MÃE.

Que muitos dias como esse se repitam em nossas vidas!

domingo, maio 14, 2006

Tolerância

A chama vira cera, a madeira cinza, o incenso pó... E tudo o que ela quer é acordar e mudar o mundo.

Ela quer...

Virar Buda.
Virar Madre Tereza.
Virara Dalai Lama.
Virar Jesus Cristo.
Virar Cleópatra.
Virar Midas.

Ao acordar, percebe que não é capaz de mudar o mundo e que abraçá-lo pode ser ruim. Perecebe que, se virar tudo isso de uma só vez, atrapalha. E percebe que o remédio para as suas principais inquietudes chama-se TOLERÂNCIA.

quarta-feira, maio 10, 2006

Sumi do mapa

Queridos leitores, estou numa fase nada assídua no blog... Mil perdões. Volto em breve!