terça-feira, dezembro 30, 2008

Feliz 2009!


Estava aqui pensando em alguma mensagem bacana de fim de ano que eu pudesse deixar aos meus leitores. Mas, não foi preciso. Will Smith fez isso por mim. Ou melhor, seu personagem em "Sete Vidas". Eu e o cinema, não tem jeito... O filme conta a história de um cara, responsável por um acidente de carro, que mata sete pessoas. Ele decide, então, salvar sete vidas para compensar o erro do passado. O que ele faz? Aí, só vendo o filme. O fato é que seu personagem, num determinado momento, diz algo parecido com: "É importante que sejamos bons, principalmente nos momentos em que ninguém está olhando". É preciso dizer mais alguma coisa? Um grande beijo e continuem sendo sempre muito bem-vindos por aqui em 2009!

terça-feira, dezembro 23, 2008

Come on lady, "looka looka", "gooda" price for you!

Essa é a frase que mais se ouve ao sair pra fazer compras em Pequim. O inglês dos pequineses é pior que o do personagem do Tom Hanks em "O Terminal". E olha que o cara é da Krakóvia! É cada frase... Bom, mas vamos do começo:

Separamos um dia inteiro para explorar o comércio local. Fomos à feiras de antiguidades - e que feiras! - a mercados populares, ruas com lojas de proporções vindas de Itu e, é claro, ao famoso mercado da seda de Beijing. É importante dizer algumas coisas pra você, que pretende se aventurar nessa área por lá: os vendedores tentam lhe convencer de que suas ofertas são as melhores, num inglês de chorar; puxam o seu braço, tocam em você, testam seus limites. E passam deles. Nem nós, brasileiros, que levamos o título de calientes, warm people, segundo os gringos que vêm pra cá, toleramos tamanha invasão. Não há compra sem a presença de uma calculadora. É através dela - já que por meio de diálogo fica complicado - que negociamos o preço de uma mercadoria. Sim, porque nada tem preço certo e os objetos são altamente "pechincháveis". Aliás, pechinchar é uma obrigação do cliente. Do contrário, ele sai perdendo e muito.

Vale a pena? Vale. Objetos, roupas, tapetes, leques, esculturas, gravuras, móveis chineses são um capítulo à parte e um prato cheio para nossos olhos curiosos. Mas, prepare-se para uma experiência bem diferente, eu diria antropológica! Dá um play no vídeo aí e diz se não cansa só de olhar...

terça-feira, dezembro 16, 2008

Riquixá Comigo!

Os riquixás começaram a ser usados na China no fim do séc XIX e foram desaparecendo na metade do séc XX. No final da década de 90, apareceram os ciclo-riquixás e, um pouco mais tarde, os moto-riquixás. Os mais recentes, eu tive o prazer (?) de experimentar. Mas, antes de narrar a minha aventura em plena Pequim, vale dizer que o trânsito da capital chinesa é pior que o de Roma e  São Paulo juntos. A começar pelos carros que vão para todas as direções ao mesmo tempo agora. Nos cruzamentos, encontramos carros e pedestres disputando a vez. E o mais curioso: enquanto o bonequinho está verde para nós, ou seja, vermelho para os carros, os mesmos não páram e enquanto o sinal está vermelho para nós, ou seja, verde para os carros, as pessoas... também não páram. Uma confusão sem igual. Em plena balbúrdia, lá vão a mocinha serelepe e seu fiel escudeiro andar de moto-riquixá. Os ciclo-riquixás são mais relax pois, em sua grande maioria, rodam apenas nas calmas hutongs (as antigas ruas de Pequim). Que maravilha! Um senhorzinho dirigia a motoca e eu e maridão aboletados na "microcaixinhadefósforo" acoplada ao veículo. Começava uma viagem confortável, segura, nada tensa. O botãozinho "sem emoção" estava quebrado e não tivemos escolha. Quer sentir um gostinho? Clique no vídeo abaixo e depois me diga: somos ou não somos um casal corajoso?

 

 

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Mais um!


É com muito prazer que interrompo a programação de posts sobre a China para comunicar aos leitores do "Mente Inquieta" que mais um conto - "Boneca Russa" - vindo das profundezas de minha cachola serelepe foi publicado. Desta vez no livro "Narrativas e Poéticas", que reúne os vencedores e pré-selecionados do Concurso Literário Guemanisse de Contos e Poesias 2008. Eita coisa boa!

sábado, dezembro 06, 2008

Registros Chineses - Parte III

Para alguns amigos e membros da família trouxemos gravuras chinesas com o nome de cada um escrito em mandarim. Funciona da seguinte forma: você escreve o nome da pessoa num papel em português. Depois, fala o mesmo nome em voz alta. O que ela escreve em chinês é o resultado do que foi entendido através do som que emitimos. Sacou ou ficou confuso? Bom, o fato é que estou louca para encontrar um china por aqui pra saber o que realmente está escrito nos desenhos!!
Beihai Park - Um dos jardins mais lindos que já vi. Tudo bem que é todo construído pelo homem, mas é lindo mesmo assim.
Templo do Céu - Foi construído para que o imperador pudesse agradecer a colheita e rezasse para que a próxima fosse tão boa quanto a que passou. É considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Depois do dragão, o leão é a figurinha mais fácil de se ver na China. Ter um na porta de casa significa segurança garantida.
Fachada do restaurante Raka Town - Aqui, comemos o melhor frango com cogumelos das nossas vidas!! E o melhor: o prato foi escolhido pela foto. É que são pouquíssimos os restaurantes na China em que você encontra um cardápio com tradução em inglês. A maioria deles exibe as fotos dos pratos, o que obriga você a escolher pela beleza e não pelos ingredientes. Quando a sorte está ao seu lado, você consegue arrancar um "chicken, pork or meat" do garçom. Mas, na maioria das vezes, nem isso é possível. Eu diria que comer bem na China é como ganhar na loto: pura sorte.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Registros chineses - parte II

Em plena atividade, registrando tudo pra contar pros filhos, netos, bisnetos, tataranetos...
A colorida e chata Ópera de Pequim. Explico: é um espetáculo de cor, luz, som, maquiagem impecáveis. Mas, os turistas saem perdendo: não entendemos nada do que é dito e a tradução em inglês é de doer! 
Há pouco tempo um chinês não resistiu, resolveu abraçar um panda no Zoo de Pequim, e foi agredido pelo animal. Louco? Sabe que dá pra entender o rapaz?! O pandinha é irresistível...
Os chineses são muito hospitaleiros. Nesta loja, ficamos mais de uma hora conversando em linguagem de sinais com a dona, ao meu lado na foto. Quando perguntamos a ela se podíamos tirar uma foto da loja para guardar de recordação, ela disse: "Claro! Assim vocês lembram para sempre da gente. Eu, com certeza, nunca vou esquecer de vocês."
O dragão chinês. Esse aí é o maior arroz de festa. Está em todas, de todos os tamanhos, cores, para todos os gostos! É o símbolo do imperador.

sábado, novembro 29, 2008

Registros chineses - parte I

A Grande e inesquecível Muralha: fomos ao trecho mais próximo de Pequim, em Badalin e atingimos o topo da muralha. Apesar de ter sido construída para defender o povo chinês das diversas invasões mongóis, a sensação lá é de muita paz.
A onda tradicional da Coca-Cola está presente até no ideograma chinês... Eita marca forte! A comunicação na China é complicada, mas a Coca-Cola está garantida.
Panjiayuan: o mercado das pulgas mais incrível que já conheci. Lá vende-se até a mãe.
Desenho feito com o polegar por um senhor chinês, que vive na Cidade Proibida.
E não é que me lembrei de Tim Burton na China?! 

domingo, novembro 16, 2008

Vai um escorpião aí?


Até ir à China, escorpião, pra mim, não passava de um representante da turma dos aracnídeos, cuja picada poderia ser fatal. Lá nas mais profundas memórias de minha infância no mato, lembro-me da saudosa vó Lu dizendo: "Filhinha, seu sapato deve ficar de cabeça pra baixo. Do contrário, vai virar esconderijo de escorpião". E lá ia a versão miniatura de Isabella, medrosa que só, inverter a posição dos calçados. Depois - mais crescidinha - descobri que escorpião era também um signo. "Os nascidos sob o signo de escorpião são valentes, impulsivos e dinâmicos. O dia de hoje reserva surpresas na vida amorosa dos escorpianos", eu escutava ao ligar - mais ou menos umas cinco vezes por dia - para o Disk Zodíaco, da Zora Yonara. Lembra disso? É, caro leitor, o tempo passa... E passa pra que mudemos nossos conceitos e visões sobre tudo e todos. 

Pois foi o que aconteceu comigo em relação ao animal em questão. Lá estava eu, em meu primeiro dia em Pequim, na entrada da gigantesca Wangfunging, a rua de comércio mais importante da capital chinesa. É lá que fica também o mercado de comidas exóticas, no mais puro sentido da palavra. Nós, ocidentais, cidadãos brasileiros, acostumados àquela comidinha caseira - arroz, feijão, carne moída, ovo, purê de batas e afins - temos um verdadeiro baque ao ver inúmeras vitrines exibindo o que há de mais fresco em termos de estrelas-do-mar, baratas, escorpiões, sapos, cavalos-marinhos e companhia. As opções para quem quer se aventurar nesse tipo de culinária são infinitas. Cheguei ao local decidida a provar um escorpiãozinho que fosse. Tinham me dito que era crocante, e eu estava curiosa como uma criança. Nem que fosse meio escorpião, vai... Um terço?! A pata, quem sabe?! O ferrão...? Sinto informar que nem uma pequena parte eu consegui comer. Explico: os animais são expostos vivos na vitrine. Várias unidades num único espeto. Imóveis, esperando o momento de sua morte lenta. Basta um pequeno sopro e as patinhas mexem freneticamente, num movimento cheio de agonia e ansiedade. A filosofia do povo chinês diz que, quanto mais fresco o alimento estiver na hora de ser consumido, melhor. Por isso, conservam o bicho vivo até o momento de passá-lo numa espécie de farinha e fritá-lo num óleo sujo e fedido. Pois bem, desta vez não deu pra mim. 

Mas, essa experiência frustrada não tira da China o título de país com uma das culinárias mais ricas e gostosas do mundo. Comi muito bem por lá, apesar de ser tudo apimentado demais para o meu gosto. Agora, preciso confessar: chega uma hora em que o paladar cansa e você começa a sonhar com aquele pastelzinho de queijo, aquela pizza, aquele hambúrger suculento... Os chineses que me desculpem, com todo respeito às tradições de sua colorida e criativa cozinha, não há nada melhor do que a nossa boa e velha feijoada, acompanhada de uma caipirinha no capricho! E que nossos escorpiões continuem dando gritos de liberdade e descansando em paz nas selvas brasileiras!

 

sábado, novembro 08, 2008

Revista M...


Peço a todos os meus queridos leitores que passem em www.mcorporation.com.br
para ler a versão sem cortes do meu post sobre a relação dos chineses com os banheiros públicos e todo o tipo de M... Vale pena conferir e comentar, claro!!  

segunda-feira, outubro 27, 2008

Superstição mata

É o que diz o britânico Richard Wiseman, criador da "esquisitologia", ciência que estuda as esquisitices da vida cotidiana. O cara é ex-mágico e agora psicólogo... Um dos exemplos que ele dá para explicar essa afirmação é: a relação entre uma sexta-feira 13 e a ocorrência de acidentes letais. Uma pesquisa feita entre 1971 e 1997 revelou que o percentual de mortes em acidentes de carro que poderiam ser atribuídos ao dia fatídico foi de 38%. Para o cientista, o aumento de acidentes ocorre porque os motoristas ficam mais nervosos, sugestionados pela data.  E por aí vai...

Voltemos à China, um dos países mais supersticiosos do mundo. Muito se falou sobre isso nos jornais no período pré-olímpico, mas vale a pena lembrar aqui. A grafia do número 4 se parece muito com a da palavra "morte". Portanto, celulares com a presença do 4 são vendidos a preço de banana e muitos prédios da capital não têm o quarto andar - pula-se do terceiro para o quinto. Já a grafia do número 8 é muito parecida com a da palavra "prosperidade". Impossível pagar barato num apartamento no oitavo andar ou num celular com vários números oito. Uma quantidade recorde de casamentos foi marcada para o dia 08/08/2008, assim como a abertura dos Jogos Olímpicos. O canto dos grilos traz harmonia, por isso é raro passar por algum estabelecimento na cidade que não tenha um pobre grilinho cantando sem parar, dentro de uma gaiola presa à porta (foto). Enfim, são muitas crenças milenares, que o chineses levam a sério até hoje e acreditam em sua eficácia. 

Agora vem a reflexão que não quer calar: a China tem um quinto dos habitantes do planeta, ou seja, um bilhão e trezentas milhões de pessoas. E é um dos países mais supersticiosos do mundo, como escrevi anteriormente. Aí, vem esse cara dizer que superstição mata? Sei não, hein...

terça-feira, outubro 21, 2008

Sai desse corpo que não te pertence!

Bateu aquela dor de barriga? Uma vontade incontrolável de fazer xixi? Aquela secreção insiste em escorrer pelo nariz ou chegar à garganta a cada tosse? Se você estiver na China, seus problemas acabaram. Baseados no princípio milenar de que, se existe algo incomodando no corpo, quanto mais rápido colocar pra fora, melhor, os chineses cospem e soltam flatulências alegremente pelas ruas. Nem a súplica do governo para que esse hábito pelo menos diminuísse durante as Olimpíadas foi suficiente. Crenças são crenças, e os chineses as seguem à risca. É muito comum andar pelas ruas da cidade ouvindo o barulho constante de puns e escarros. E aí, meu amigo, pra não ficar com cara de nojo, o negócio é relativizar. Banheiros públicos na China são um capítulo à parte. Eu não resisti e filmei um exemplo muito fiel de um deles em plena Pequim. O vídeo é muito rápido porque, confesso, o cheiro não era nada agradável e eu estava com medo de alguém me prender por uso indevido da minha câmera. Mas, dá pra ter uma boa idéia do que é fazer os números 1 e 2 na hora do aperto. Agora, imagina quando tem fila...

segunda-feira, outubro 13, 2008

Chinglish


Quando se chega a Pequim, o que logo chama a atenção é a quantidade de anúncios, placas e cartazes que para nós, ocidentais, não querem dizer absolutamente nada. Impossível entender o mandarim. Quem viu "Encontros e Desencontros", da Sofia Coppola, consegue ter uma idéia do que é estar num país onde se usam ideogramas no lugar do alfabeto romanizado. O filme se passa no Japão, mas em termos de compreensão da língua, não deve fazer a menor diferença estar no Japão ou na China, para aqueles que não têm olhos puxados. Nem tente gravar algumas palavras antes de sair do seu país, vai ser tempo perdido. Descobrimos que a língua ainda é uma barreira por lá. Uma barreira não. Uma muralha, pra combinar melhor com o país em questão. Depois que a China se abriu para o mundo, na década de 70, iniciou-se um lento processo de aprendizado de inglês. E, com a proximidade das Olimpíadas, os chineses correram para as salas de aula para aprender o idioma o mais rápido possível. "Segundo o Ministério da Educação da China, mais de cem milhões de chineses estudam inglês hoje no país nas escolas de ensino básico e intermediário. Essa estatística não inclui os cursos de inglês privados, nos quais se estima que cerca de 50 milhões de pessoas estudem." (trecho retirado do livro "Um Brasileiro na China", de Gilberto Scofield Jr., outro título imperdível para quem quer entender um pouco mais sobre a China)

Tudo bem, eles estão cientes de que é muito importante aprender o inglês e estão se esforçando bastante. Mas, ainda é muito difícil travar um diálogo na China. Às vezes é necessário recorrer à linguagem de sinais e, mesmo assim, você perde um tempo precioso para entender se as duas partes falam sobre o mesmo assunto. Foi complicado saber onde se comprava um shampoo, achar o endereço de um restaurante com o auxílio de um taxista prestativo, saber se estávamos comendo carne ou frango e comprar ingresso para entrar no "Ninho do Pássaro": num guichê onde se lia "information", a equipe estava disponível para dar qualquer informação... em chinês.

Aí, chega uma hora em que você quer mesmo é achar uma placa, com símbolos universais, para sair de lá dizendo que pelo menos alguma coisa deu pra entender. E achamos! Mas, para nossa decepção, não conseguimos decifrar nem a placa de trânsito (foto acima)... Seria "seu carro não pode pegar fogo aqui", "é proibido botar fogo em carros na China"...??? Quem dá mais?
 

sexta-feira, outubro 10, 2008

O segredo do gigante chinês


Uma das leitoras do "Mente Inqueita", Janaína Salles, deixou uma pergunta muito interessante sobre a China nos comentários do post anterior: "Por que eles crescem 10% ao ano e nós (Brasil) não?"

Janaína, reproduzo aqui um trecho do livro "Lawoai", de Sonia Bridi. Ela faz o mesmo questionamento, só que com outras palavras. Aliás, esse é um livro obrigatório para quem quer entender um pouco mais sobre o gigante chinês!

Aí vai:

"Se ditadura justificasse desenvolvimento, a Coréia do Norte seria a Suécia. A Albânia, o paraíso. A África, a terra prometida. É óbvio que o autoritarismo ajuda a agilizar a execução de projetos. Basta ver como eles abrem espaço nos hutongs para construir novos prédios; como não precisam de licença ambiental para construir uma usina. Mas essa não é uma vantagem, é uma desvantagem do crescimento chinês. As decisões autoritárias se revelam desastrosas - o próprio governo hoje reconhece que ter construído a Usina de Três Gargantas não foi uma idéia exatamente genial. Se tivesse havido debate, encontro de idéias, o resultado teria sido outro. Como talvez Itaipu não tivesse jamais sido construída se não fosse num regime militar. O que me irrita é os brasileiros não perceberem que o motor do crescimento chinês é o planejamento. Eles são capazes de estudar as experiências de outros países, avaliar erros e certos, e tomar decisões sobre o próprio futuro. A China investe milhões de dólares em passagens de avião e hospedagens para comitivas e mais comitivas visitarem outros países. Fazem pesquisa de mercado, entendem as formas de produção, conhecem projetos educacionais. O plano para cinco anos é seguido à risca - mesmo que mude a facção do partido que está no comando." 

Nota: em 2006, o crescimento econômico do Brasil foi de 2,9%, o da China, de 11,1%.

Janaína, acho que sua pergunta está respondida, né?! É por isso que a China, com todos os problemas, sem recursos naturais, etc. consegue andar pra frente. E nós... Até quando, nós, abençoados por Deus, ficaremos andando sem rumo por aí?


quarta-feira, outubro 08, 2008

Sol tímido



Entre as 20 cidades mais poluídas do mundo, 16 estão na China. Nada menos do que 400 mil pessoas morrem prematuramente de doenças causadas pela poluição, que gera um prejuízo de mais de U$ 200 bilhões ao ano para a economia do país. Eu não acreditei até ver com meus próprios olhos. A névoa espessa, que encobre o céu de Pequim e faz com que o sol pareça tímido e envergonhado, causa indignação. Sim, há dias em que se consegue ver o céu azul, sem nuvem alguma, mas também há momentos em que a impressão é de que São Pedro - que em chinês deve atender por Xing Tang Kung ou algo parecido - está providenciando muita chuva. E não está! Os olhos ardem e, quando a neblina está baixa, a impressão é de que todos somos parte de um filme de zumbis à la George Romero. Saí de Pequim com inúmeras sensações, mas uma das mais fortes foi de que a cidade grita em silêncio por um ar mais puro e pulmões mais saudáveis.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Apertando o botão


A máquina era daquelas bem antigas, saía até uma pequena fumaça do canto. No visor, apenas duas opções: o botão vermelho "com emoção" e o amarelo "sem emoção". Não havia tempo para pensar, o avião decolaria em meia hora, e fizemos nossa escolha baseados na intuição.

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Não houve muito planejamento de nossa parte para ir à China, fora a compra das passagens, a reserva num hotel - de cadeia americana, pois fomos aconselhados por todos os guias impressos a não cair nas garras de uma hospedagem tipicamente chinesa, principalmente pela falta de higiene e ausência de toda e qualquer comunicação em inglês - e três leituras diferentes sobre o país em questão (no fim do texto, você encontra os títulos e seus autores). Partimos para o Oriente com a curiosidade de um bebê recém-nascido, que tudo quer olhar, pegar, cheirar e colocar na boca. Bingo! A cada esquina, um convite a admirar, aproximar o nariz, passar as mãos e sentir o gosto. E que gosto! Nada nos fará esquecer do frango com cogumelos do "Haka Town Restaurant", o mais "roots" de todos!  Mas isso é assunto para um outro post... 

Foram trinta horas de viagem até Pequim, uma jornada que já desafia o corpo de cara, e prova que aquele dia, em que tivemos aquele problema, e nos sentimos do avesso, não foi nada perto de tamanha agressão física. Portanto, meu amigo, se você pretende ir para o outro lado do mundo, abra a sua viagem. Pare no meio do caminho, onde quer que seja a sua escala. Pesquise, leia, arrume algo para fazer durante uns dois dias e, aí sim, siga o seu caminho. Foi, sem sombra de dúvida, a viagem mais marcante da nossa vida. Digo "nossa" porque estava acompanhada de um ser tão aventureiro quanto eu, no melhor sentido da palavra: o maridão. A China é um país intenso e cheio de contrastes. Nos próximos posts vou tentar traduzir em palavras tudo o que vivemos nesses dias de fuso trocado, com esse povo que sorri a cada minuto.

Bom, depois desse breve texto, já dá pra saber qual foi o botão que a intuição nos fez apertar, né?! Como dizem os chineses, "xie xie" (obrigada!) pela visita e volte logo para conferir os capítulos de nossa saga pela China, com muita emoção - pode apostar!

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Bibliografia: "Laowai", Sonia Bridi; "O que os chineses não comem", Xinran; "Um Brasileiro na China", Gilberto Scofield Jr. Leituras imperdíveis pra quem quer saber mais sobre a China!

sexta-feira, agosto 29, 2008

Mi casa, su casa

Minha gente, 

É com muita alegria que venho, por meio deste local onde descarrego toda a minha energia literária, dizer que ficarei um tempinho sem postar por aqui. O motivo é nobre: férias, depois de 5 anos sem sair de cima. Mas, a notícia boa é que 30 dias passam muito rápido e, em breve, meus dedinhos voltarão a traduzir em texto todos os pensamentos que minha mente serelepe e inquieta fabricar neste período. Portanto, sintam muitas saudades para que possam voltar daqui a um mês e conferir os devaneios fresquinhos de Isabella Saes. Obrigada a todos pelas visitas assíduas e sejam sempre muito bem-vindos!! Afinal de contas, "mi casa, su casa".

sábado, agosto 16, 2008

O melhor do mundo

Acabo de me emocionar profundamente com o ouro de Cesar Cielo Filho nas Olimpíadas de Pequim e, apesar de estar me acostumando, fico muito feliz todas as vezes que o fenômeno "Phelps Midas" sobe ao pódio. Cada um no seu quadrado, ou melhor, retângulo, ou melhor, raia superando seus limtes. Aliás, assisti à prova num restaurante, onde todos comemoraram essa vitória como se fosse a final do Brasil na Copa. Como deve ser incrível ser o melhor do mundo, nem que seja por alguns minutos! Foi quando, de repente, me dei conta de que, talvez, o esporte seja a única ou uma das únicas atividades em que o reconhecimento vem exclusivamente por mérito. Nas piscinas, nos ringues, nas pistas de atletismo, enfim, em qualquer campeonato, vence o melhor e ponto final. Não tem QI - o famoso "Quem Indica" - não adianta dar pro técnico, de nada serve ser amigo do amigo, nem filho do presidente do COI. E mais: é o único salário - seja em ouro, prata ou bronze - que é recebido com muita vibração, socos na água, chutes no ar, lágrimas e sorrisos. Não que eu não sinta emoção alguma ao fazer uma ótima reportagem, ao ter um conto publicado, ao terminar meu programa de rádio ou ao gravar uma locução. Não que eu não comemore um bom salário, um mês mais lucrativo. Mas a vibração é mais discreta. Não fico pulando em frente ao caixa eletrônico, quando saem as verdinhas saltitantes e não bato na bancada da rádio toda vez que acabo de apresentar o "Blush". No esporte é diferente. Deve ser. Sinto que é. Enfim, são só refelexões... Reflexões que me deixaram com uma vontade enorme de me tornar atleta. Será tarde demais? 

sábado, agosto 02, 2008

Ordem Natural das Coisas

Hoje tentei, por muitas vezes, acender um abajour que estava fora da tomada. E, enquanto ficava fazendo aquele insuportável "tlec-tlec" com o interruptor, falava assim para Dalai (Dalai, o Lama mesmo, é o apelido que dei ao meu marido, que sempre me dá provas de que tem parentesco muito próximo ao líder espiritual e político do Tibet. Esse santo homem - falo do maridão - é realmente um oceano de sabedoria.): "Mas essa lâmpada mal foi trocada e já queimou?" Quando escuto: "Meu amor, está desligado da tomada". Nessas horas, tenho vontade de ser uma tartaruga para poder esconder minha cabeça dentro do casco e ainda colocar o simpático e acolhedor aviso de "Não perturbe".

Bem, o fato é que com a quantidade de comentários feitos em solidariedade às minhas maluquices - vide post abaixo - fiquei um tanto mais aliviada por saber que não estou mesmo sozinha nesse mundo acelerado que, muitas vezes, faz a gente se distrair mais do que o indicado. Sim, digo indicado porque, em alguns momentos, pegar carona numa nuvem para ir ao mundo da lua se faz muito necessário. Só é grave se você for até lá e resolver ficar. Aí a porca torce o rabo e a cobra fuma.

Mais aliviada ainda fiquei quando, trocando um dedinho de prosa com a minha terapeuta na semana passada, tentando entender o motivo de uma grande amiga ter desenvolvido uma doença tão nova, me dei conta de algo que ainda não havia pensado. Estabeleceu-se o seguinte diálogo:

Isabella: "Está tudo bem, a doença está controlada, ela está encarando com otimismo... Mas é minha amiga de infância, é nova, tem a vida pela frente, não era para ser assim... Essa não é a ordem natural das coisas."

Terapeuta: "Mas, Isabella, que ordem natural das coisas? Não existe mais a ordem natural das coisas, você não percebe?"

Foi quando me dei conta de que aquela "velha amiga cansada de guerra ordem natural das coisas" está indo mesmo ralo abaixo. Dia após dia, pesquisas revelam mais esquisitices, bizarrices, pessoas desenvolvem doenças cada vez mais novas, a depressão está aí, apelidada de "o mal do século", a polícia que a gente não sabe se é bandido, o bandido que a gente não sabe se é polícia, cirurgias plásticas feitas a torto e a direito (Você sabia que, na China, as mulheres têm feito cada vez mais plástica nos olhos, numa tentativa de se "ocidentalizar"? Meu Deus!!!). Enfim, poderia ficar aqui até amanhã, listando práticas que provam que a "ordem natural das coisas"... essa sim foi à lua, viu a cobra fumar, a porca torcer o rabo e "otras cositas más".

Portanto, meus amigos, concluo que um deslize aqui, uma distraçãozinha ali... Tudo isso faz parte dessa "desordem natural das coisas". Podemos não gostar e reclamar dessa selva que o mundo se tornou (ou sempre foi) mas, querendo ou não, somos parte dela. E me parece que estamos aqui com a complexa e difícil missão de descobrir à que espécie de animal pertencemos.

segunda-feira, julho 28, 2008

Surpresa na geladeira


É, meus amigos, há muito tempo eu não postava aqui um texto sobre as minhas trapalhadas... Não, elas não pararam de acontecer. E essa dispensa texto, já que foi devidamente registrada pelo meu santo marido que, no auge de sua fome, decidido a fazer um delicioso lanchinho, abriu a geladeira e encontrou o meu... celular! Se você tem alguma história parecida - dessas que fazem a gente rir de si mesmo - conta, conta, conta!!! Preciso não me sentir tão sozinha no mundo...

terça-feira, julho 22, 2008

Mais uma vez

Ultimamente, o que mais me tem dado prazer é escrever meus textos de ficção. Mais do que ir ao cinema, juro! E olha que esse fim de semana foram 4 - "Batman", "Não por Acaso", "Jogo de Amor em Las Vegas" e, pela quadragésima vez, "Carrie, A Estranha". E quem me conhece sabe que, para algo me dar mais prazer do que ir ao cinema, tem que ser da família do Nirvana. Bom, voltando à literatura... Escrever, para mim, é um ato de libertação. É quando meus pensamentos tomam as próprias rédeas, viram donos de si mesmos e dão origem a páginas e páginas de histórias nas quais eles mandam e desmandam. E não há melhor sensação do que a de uma mente livre, meus amigos. Fora que o ato de escrever me faz trabalhar da maneira de que mais gosto: sozinha. Que meus companheiros de trabalho não me chamem de egoísta, nem se zanguem comigo, mas trabalhar sozinha, em silêncio, sem ninguém por perto me causa um prazer inigualável. Bom, fiz esse pequena introdução para dizer que, mais uma vez, um dos meus contos - "Boneca Russa"- foi selecionado em concurso e vai ser publicado. Fiquei tão feliz com a notícia que já produzi uma nova história chamada "Encontro" e estou criando a próxima, ainda sem título. Fora que o "Breu", meu primeiro conto, já está em processo de metamorfose e, em breve, começa a ser produzido como curta-metragem. Portanto, aguardem. Pode demorar um pouquinho, mas num futuro nem tão distante assim vocês receberão convites para lançamentos de livros, pré-estréia de filme... E ai de quem não comparecer!!!

quarta-feira, julho 16, 2008

Ossos do Ofício

Outro dia recebi um e-mail de protesto de um ouvinte em relação à uma determinada abertura de um dos programas da semana passada (Pra quem não sabe, apresento um programa de rádio, na Paradiso FM, 95,7, chamado "Hora do Blush"). Abri falando do céu azul que o Rio exibia naquela tarde, passando uma mensagem de otimismo ao carioca. E o ouvinte, indignado, dizia que a abertura havia sido alienada: "Como uma pessoa pode falar das belezas do Rio diante de tanta barbárie?", ele perguntava. Pois é, é difícil mesmo. Não é nada fácil sentar naquela bancada e cumprir o objetivo do "Hora do Blush", que é dizer palavras de incentivo, relaxar um pouco o carioca num momento em que ele está mais do que estressado. Porque ele, assim como eu, acordou, leu os jornais, saiu pra trabalhar e não aguenta mais ser massacrado pelas mazelas da cidade. Não é nada fácil falar em boas energias, bom-humor quando diante do seu nariz soltam empresários sujos, a polícia mata inocentes, os carros fazem o que querem nas ruas da cidade sob o olhar relaxado das autoridades e por aí vai. Aliás, onde estão as verdadeiras autoridades? No Brasil, elas parecem não existir... O fato é que de alienada não tenho absolutamente nada. E pago um preço alto por isso. Seria mais fácil não me informar e viver no país das maravilhas. Aliás, eu vivo. Mas as maravilhas só acontecem para aqueles que sentam nas cadeiras do congresso e roubam, roubam, roubam sem parar. E nós, cidadãos honestos, em dia com nossos impostos... Não preciso nem completar a frase, né?! Enfim, mesmo diante de tudo isso, continua sendo um prazer apresentar esse programa que, para muitos, funciona como um elixir de coisas boas. Pra mim também é. E quanto às dificuldades, elas fazem parte. Quem não tem as suas? São os ossos do ofício. Ossos do ofício de ser carioca.

quinta-feira, junho 19, 2008

A arte de fazer sorrir

Sempre fui mais de sorrisos do que de gargalhadas. Nada contra as risadas mais intensas, mas é que - para mim - nada se compara ao efeito de um sorriso. Tanto para quem sorri quanto para quem o recebe. E olha que fazer alguém sorrir não é fácil. Falo daquele sorriso que chega pra ficar algumas horas estampado no rosto. Aquele que, quando você cai em si, já está com a boca doendo e gasta de ficar na mesma posição. Um sorriso que a gente nem sente quando se põe sobre o semblante e resiste em deixá-lo ir embora. Pois esse fim de semana tive a oportunidade de sorrir mais do que o normal - sim, eu sorrio bastante, sou daquelas bem simpáticas, que as vovós apertam a bochecha e tudo - e foi uma grande experiência. Por isso, deixo aqui a minha dica para o dia, para a semana, para o mês, para o ano, para a vida toda: sorria! Não, você não está na Barra. Mas está entrando em contato com o que há de melhor aí dentro... É, aí mesmo. Dentro de você.

Esse post com cara de texto de "auto-ajuda" - mas não é!!!!!! - é dedicado a Joss Stone e Bob McFerrin, os responsáveis pelas mais de 4 horas ininterruptas de sorriso em meu rosto. Agora, pra completar, uma limonada, por favor!

domingo, junho 15, 2008

This Blog Makes Me Think







Minha recente amiga blogueira, Chris, que traduz muito bem as alegrias e agruras do universo feminino no blog "Espartilho" me indicou ao selo "This Blog Makes Me Think". Deixo aqui registrado o meu agradecimento pelo carinho e a minha felicidade por saber que o "Mente Inquieta"anda alçando vôos mais longos...

Aproveito para indicar ao selo outros blogs, de pessoas muito especiais!

Babelturbo

Antigas Ternuras

Só Pra Barbarizar

Bom Dia, Alegria

quinta-feira, junho 05, 2008

Hein?

Há pessoas que dizem e acreditam piamente que o "barato" da vida são os sinais e caminhos que ela nos mostra o tempo todo. Basta um mínimo de sensibilidade e - bingo - lá vem ela dizendo: "É melhor por aqui", "Você vai por aí mesmo?", "Que tal desviar por aqui?. E vamos nós fazendo escolhas pelo mundo afora...

Pois esses dias, dois fatos curiosos se deram seguidamente. Fui assistir a uma peça chamada "A Arte de Escutar", na Casa de Cultura Laura Alvim. É a história de uma menina que, desde pequena, ouve mais do que fala. Aprendeu, ao longo dos anos, a escutar histórias diversas, de pessoas conhecidas ou não. Testemunha de seu próprio silêncio, terapeuta involuntária das palavras alheias. O texto propõe uma profunda reflexão sobre o ato ou a prática de ouvir o outro. E faz pensar, caro leitor, ah se faz...

Poucos dias se passaram e a mocinha serelepe, de mente inquieta, tira de sua coleção de leituras incompletas - derivadas de uma "passadinha" de três horas numa livraria qualquer (vide post abaixo) - uma revista antiga, onde há uma matéria sobre um sujeito que cansou-se de falar e resolveu ficar 15 dias mudo, sem nenhum contato verbal com uma alma sequer. O relato desse apirante a monge budista para alguns, louco para outros e normal para mim é tão incrível, que minha vontade foi calar-me imediatamente por tempo indeterminado. Só de pensar me veio um alívio...

Enfim, cheguei até aqui pra dizer que estou meio confusa em relação a esses sinais de silêncio que a vida vem me dando. Das duas uma: ou ela está num momento "do contra", querendo me mostrar que o negócio é ficar calada, numa fase em que ganho a vida falando - para quem não sabe, apresento um programa de rádio e sou locutora de um canal de tv, ou seja, parar de falar neste momento significa que não poderei mais garantir o leite das crianças - ou então quer me dar sinais de que o melhor a fazer - fora dos momentos de batente (ufa!) - é exercitar cada vez mais esse dom que todos temos, mas às vezes - ou quase sempre - esquecemos de colocar em prática: o dom de ouvir.

terça-feira, maio 27, 2008

A Droga Maldita

Eu não podia. Estava com pressa. Mas parei. Parei na Letras & Expressões. Pra quê? Quando entro numa livraria não saio mais. Quer dizer, sair eu saio, mas com um monte de livros que sei que vou demorar séculos para ler. E com um monte de informações na cabeça, oriundas de centenas de orelhas e primeiros capítulos lidos com que objetivo não sei direito... Cheguei, então, à conclusão de que entrar em locais onde imperam o conhecimento e a erudição me causa ansiedade. Primeiro, tenho a singela impressão de que vou conquistar aquele mundo que cheira a revistas e livros novos. Mas, logo depois, essa sensação é substituída por outra: sinto-me ignorante diante de tantas palavras. Palavras que formam frases, que dão origem a pensamentos, que influenciam uma geração. Depois, quero comprar tudo o que acho interessante. E compro - quase tudo. Mas, não dá tempo de ler. Aí, vem a sutil frustração por saber que em 2012, quem sabe, completarei a leitura a qual me propus, diante de uma simples visita a uma livraria. Em seguida, me dou conta de que em 2012 muitas outras publicações estarão à minha espera, e não conseguirei dar conta de tudo... E o pior: é muito provável que não lembre direito do que li no passado, o que me fará ficar paranóica, achando que estou com algum tipo de esclerose. Isso já acontece, aliás. É tanta informação, que acabo absorvendo muito pouca coisa. Ufa... Será tudo isso sinal desses tempos, muitas vezes estranhos aos olhos de quem foi um bebê que não nasceu com a mão no mouse? Será essa uma droga maldita, derivada da tal era globalizada? Seja o que for, algo me diz que não conseguirei me livrar desse vício e do estranho prazer que ele proporciona...

segunda-feira, abril 28, 2008

Cada vez mais jovem

Minha gente, e não é que mais uma primavera se aproxima?! Dentro de dois dias completo 32 aninhos, com corpinho de 31, o que faz uma senhora diferença, nem vem! Eu adoro fazer aniversário, curto muito essa síndrome de Vera Fisher: quanto mais velha, melhor e por aí vai. Mas, o supra-sumo de envelhecer - sei que já escrevi sobre isso no post "Chega de Saudade", mas agora é uma visão de outro ângulo - é notar as sutis diferenças no seu olhar, seja ele sobre si mesmo ou sobre o outro. Prefiro falar da parte do "si mesmo" porque a "do outro"já vira fofoca...

Eis aqui dez das muitas coisas que mudaram nesta mulher, de 32 anos, que vos escreve. E já aproveito para lançar a pergunta que não quer calar: você - que tem essa idade ou está próxima dela - também anda notando coisas parecidas?

1 - Nunca dei tanto valor à maquiagem. Leve, natural, ela me acompanha aonde vou. Não é que esteja velha, com cara de dedo depois de um longo mergulho. Você que já estava aí comemorando, mulher invejosa que é, pode tirar o cavalinho da chuva. Mas é que a pele pede um tapinha aqui e outro ali depois de um certo tempo de uso.

2 - Nunca fui tanto a lojas de produtos naturais.

3 - Ando mais consciente do perigo e, consequentemente, com mais medo. Não, não estou com a doença do pânico. Não coloque no comentário o telefone do psiquiatra que cuidou daquele seu parente distante... É um medo controlado, que não me paralisa.

4 - Nunca dei tanto valor a uma boa relação a dois. Mais do que um bom emprego, um salário decente... Uma boa relação a dois é o meu elixir para viver bem a vida. Se ainda não chegou a sua vez, não se apresse: é melhor não ter ninguém do que ter um tormento.

5 - Nunca chorei tanto. Nada de tristeza. De emoção mesmo. Filmes, peças, noticiários, histórias que minha faxineira conta, Globo Repórter... Nossa, mexem muito comigo.

6 - Falo mais o que quero. E isso me faz um bem que você não pode imaginar.

7 - Fui vencida pelo colesterol alto. Tomo remédio. E estou suuuuuper bem. Mas, com dez anos a menos, não imaginava que meu coração acumularia gorduras tão cedo. Bom, se for pensar por aí, também não imaginava que elas - as gorduras - se localizariam tão precocemente naqueles lugares que elas jamais deveriam estar, tipo a bunda. Mas, tudo bem. Eu hei de vencê-las também.

8 - Tenho mania de olhar para pessoas mais novas e comparar comigo naquela época. E noto que eu era bastante diferente, na maioria das vezes. Pra melhor. Ando cada vez mais modesta também.

9 - Penso mais no futuro. E é tão bom poder pensar em "construir".

10 - A tolerância tem se mostrado uma prática incrível. Muitos frutos que ando colhendo na vida vêm dela.

Ufa! Não sei explicar, mas envelhecer é tão bom, tão maravilhoso que - mesmo não sabendo se estou preparada para as rugas e para as reclamações do corpo - eu digo, com "catiguria": é a melhor coisa que pode acontecer a todos nós. Saber envelhecer é sentir-se cada vez mais jovem.

domingo, abril 20, 2008

Nasceu


Por falar em olhos marejados (vide post abaixo)... Foi assim que ficaram os meus ao ver o conto "Breu"- de minha autoria - publicado no livro "Elos e Anelos", da Editora Guemanisse. Foi a primeira vez, em doze anos de carreira, que senti meu trabalho sendo verdadeiramente reconhecido. Pessoas que nunca me viram, não sabem quem sou, o que tenho, o que não tenho, onde trabalho, quem são meus parentes, onde moro... Pessoas que leram uma pequena parte do conteúdo de minha mente inquieta e acreditaram nele. Que sensação boa. Não sei explicar, mas ela empurra pra frente. E não é pra frente que devemos ir, na maioria das vezes?! Então, vambora!

Dedico esse momento aos meus pais e à minha maior inspiração, Big P.

Apenas Uma Vez

Eita coisa boa! Sair às ruas do Rio num feriado prolongado é como comer uma porção de suculentos morangos banhados em creme de leite. Que sensação incrível ir ao cinema e não enfrentar filas, passar na auto-estrada Lagoa Barra e não encontrar quilômetros e mais quilômetros de engarrafamento. Neste fim de semana cinza, a cidade maravilhosa virou o Alaska. E eu fiquei mais feliz. Principalmente agora que acabo de assistir a um filme (eu e meus filmes...) obrigatório: "Apenas Uma Vez", "Once" no original. Os olhos ficam marejados, a garganta dá nó, mas a sensação é de alegria por saber que, lá nos cantos de uma Irlanda gelada e sombria, histórias de amor e amizade surgem com intensidade, mesmo que apenas na tela grande. Prefiro acreditar que na vida real também... Não resisti. Tive que passar por aqui para registrar esse momento em que a arte e o Rio de Janeiro vazio - mesmo que "apenas uma vez" - me enchem de esperança.

quinta-feira, abril 17, 2008

Pijama X Black Tie

Quero usar pijama onde todos vestem black tie. E agora?

segunda-feira, abril 07, 2008

Chega de Saudade

Ontem fui assistir "Chega de Saudade", de Laís Bodanski, a mesma diretora do excelente "Bicho de Sete Cabeças". O filme se passa dentro de um baile da terceira idade, numa Estudantina dessas da vida. Nada de tramas incríveis, roteiro minucioso, diálogos elaborados... Não, nada disso. Simplicidade. Ontem fui assistir a um exemplo de simplicidade bem filmada.

Meu objetivo aqui não é fazer uma resenha ou coisa parecida. Mas, sim, dizer que trata-se de algo que nós - jovens de trinta e poucos anos com muito orgulho - devemos ver. Mais até do que nossos grandes heróis, que já vão passando dos sessenta.

Envelhecer com vida, sem medo, aceitando a perda como parte dela. Envelhecer sob constantes mudanças, guinadas, sem repetição. Envelhecer com bom-humor. Saber olhar para a vida como um jogo de xadrez, onde um peão - completamente exposto no tabuleiro - pode se fazer rainha. Saber que o objetivo não deve se perder pelas atrações mascaradas no caminho até ele...

Do alto dos meus quase 32 anos de idade, posso dizer: adoro envelhecer. Envelhecer é descobrir. Gosto muito de olhar para mim mesma refletida em rostos mais jovens e ter a sensação de que não há nada melhor do que fazer aniversário. Não cheguei ainda na fase em que as rugas invadem o rosto, o corpo começa a dar sinais de muito cansaço, etc. Não sei como vai ser quando chegar esse momento. Mas, acredito que saber envelhecer é um aprendizado. E, até lá, saberei bem como me virar.

Por essas e outras reflexões é que você deve assistir a "Chega de Saudade", principalmente se ainda lhe falta um longo caminho para os sessenta.

P.S: Não posso deixar de dizer que também me influenciaram a escrever esse texto os livros "O Sagrado", de Nilton Bonder e o último artigo de Martha Medeiros, "Os Olhos da Cara".

sexta-feira, abril 04, 2008

Gentileza

Muitas pessoas estão me cobrando (no melhor sentido da palavra) mais textos. E isso me deixa muito feliz. Quanta gentileza! Mas, minha gente, a demora tem uma justificativa. É que tenho me dedicado a textos inéditos do psiquiatra de múltiplas personalidades mais famoso da blogosfera. É que, em junho, vou filmar alguns dos esquetes e inscrever em festivais como o "Festival do Minuto", e também vou disponibilizar as insanidades de Dr. Genésio, Gerúndio... - que não deixam de ser as minhas também - no You Tube. Os atores que vão encarar essa empreitada - Maurício Rizzo e Mariana Israel - são pérolas que descobri em meio a uma nova geração de talentos. Aguardem!!! Aliás, o meu conto publicado no livro "Elos e Anelos", da Editora Guemanisse, vai virar curta - esse mais a longo prazo. E aí, justifiquei o meu sumiço?

Bom, mas para não dizer que não postei nada... Vamos a um trecho do novo e muito interessante livro de Nilton Bonder, "O Sagrado":

"Os presentes mais especiais da vida não são os que conquistamos, mas o que ganhamos como gentilezas. As gentilezas são os brindes que ganhamos antes do querer, são os desejos produzidos posteriormente ao ganho. São as surpresas que driblam a vontade e se apresentam antes da aspiração e do anseio. O manjar antes do apetite."

Volto assim que puder, prometo!

domingo, março 16, 2008

Volúpia com Paixão

Teve uma noite péssima, mal pregou o olho e já estava no carro, dirigindo rumo ao consultório. Mais um dia "tarja preta" o esperava. Vida de psiquiatra, sabe como é ...

Ana (Subtexto: Mais uma visita a esse psiquiatra que mais parece o meu paciente): Bom dia, doutor!

Dr. Genésio (Subtexto: Lá vem a Clara, coitada. Não tem cura e fica me pagando a troco de nada...): Bom dia, Clara!

Ana (Subtexto: Ufa, o bafo de sempre!): Doutor, o senhor me chamou de quê?

Dr. Genésio (Merda, sempre troco o nome dela): Ana, claro!

Ana (Subtexto: Saaaaaco!): O senhor está bem? Que cara é essa?

Dr. Genésio: Não dormi bem, sabe. Edinalva, outra vez, com suas crises...

Ana (Subtexto: Lá vem... Mais uma sessão em que não vou conseguir falar nada...): Entendo. Chato isso de sua esposa, né, o senhor havia comentado que não tem cura...

Dr. Genésio: É, não tem. A última dela foi sair de casa dizendo que resolveria de uma vez por todas a crise entre China e Tibet. Foi direto a uma agência de viagens e comprou uma passagem para a Índia onde, em sua mente doentia, encontraria com Dalai Lama, para um chá das cinco. Sabe, Clara, quer dizer, Ana, eu não agüento mais. Está pesado demais. Já pensei até em suicídio.

Ana: Doutor, não, pelo amor que você tem a Krishna!

Dr. Genésio: Pois Krishna tem me deixado na mão, você nem queira saber...

Ana (Subtexto: Agora chega, tô pagando essa porcaria, ele vai ter que me ouvir): Eu sei, eu sei. Mas, então, doutor, como eu dizia na sessão passada, aquele grilo ainda continua dentro da minha cabeça. E ele percorre o meu sangue, doutor, com a determinação de um vampiro. E está mais para Dusseldorf do que pra Drácula! Daí você já pode imaginar a gravidade...

Dr. Genésio: Sabe, Clara, eu estive pensando em tirar umas férias. Viajar, sabe. Desligar um pouco dessa vida que me deixa louco, desse ambiente pesado... O que você acha?

Ana: Não sei, doutor. O senhor sabe que minhas últimas viagens têm sido de ácido e chá de cogumelo.

Dr. Genésio: Cogumelo... Paris seria uma boa pedida, não?!

Ana: Doutor, eu vou indo...

Dr. Genésio (Subtexto: Como é mesmo o nome dela? Lembrei!!): Ana Clara, você pintou as unhas de vermelho essa semana. É um bom sinal. Sinal de que a depressão lhe abandona aos poucos. Muito bem, filha. A cor?

Ana (Subtexto: Hein?): O que tem a cor, doutor?

Dr. Genésio: Que esmalte você tem nas unhas?

Ana (Subtexto: Era só o que me faltava...): Volúpia com Paixão. É a última moda!

Dr. Genésio (Subtexto: Hummm... O mesmo que Sharon Stone usava nas filmagens de "Atração Fatal"): Bom saber, querida. Bom saber.

Ana vai embora.

Dr. Genésio: Dona Marta, quer dizer, Clara. Ou seria Pâmela? Secretária, pode mandar entrar o próximo psiquiatra!

segunda-feira, março 10, 2008

Limonada

No final do ano passado, assisti na Tv a uma entrevista com um desses numerólogos, astrólogos, tarólogos... Bom, não importa o que ele era, mas me chamou a atenção uma de suas colocações: "Escreva num papel as suas metas para 2008. Escrever é um grande passo para materializar nossos desejos e nos ajuda a visualizar melhor o que realmente queremos." O depoimento me pareceu ter parentesco na auto-ajuda, a figura do cara era meio esquisita, enfim, eu não sabia muito bem o que eu estava fazendo presa àquela situação: um fim de semana ensolarado e eu, grudada na Tv, ouvindo conselhos para o ano que chegaria dentro de alguns dias.

Se você estava meio na dúvida sobre a sanidade mental da autora do blog, agora vai ter certeza sobre suas suposições.

E não é que a mocinha que vos escreve pegou um papel e enumerou suas metas para 2008?! Eu acreditei naquilo. Não sei o que me fez crer naquele homem, cujo depoimento era possivelmente o de um charlatão. Mesmo assim, listei meus objetivos e tenho o papelzinho guardado com o maior carinho, num lugar secreto, para preservar o maridão e a faxineira de um pedido (feito por eles, é claro) de separação.

Agora é que você não volta mais ao blog... Sei que estou correndo esse risco, mas que aspirante à escritora não se arrisca nessa vida?

Foi quando voltei pela primeira vez ao papelzinho e descobri que duas das metas já haviam sido cumpridas. Uma delas, que era para o segundo semestre do ano, se adiantou e me fez um bem danado de bom. A outra... Ah! A outra eu posso dividir com você (aliás é a única que posso divulgar): tomar mais limonada. Tem coisas que a gente pára de fazer, sem explicação, por falta de tempo ou porque não lembra mesmo... Mas que são coisas que a gente ama. E eu havia parado de tomar limonada. E eu amo muuuuuuito uma limonada bem refrescante! Este ano, minha casa virou, praticamente, um limoeiro.

Enfim, para terminar esse papo de comadre, chego à conclusão de que aquele "ólogo" qualquer tinha uma certa razão... (pausa para reflexão) Ou foi a força do meu pensamento? Ou a posição dos astros no momento em que desejei tudo aquilo? Ou a intensidade das palavras? Ou a tinta daquela bic abençoada? Só sei que, depois disso, eis o meu conselho: seja por que motivo for, escreva suas metas, meu amigo. Afinal de contas, não tira pedaço e ainda dá um reforço pros neurônios na hora de contar para os netos quais eram seus desejos naquele ano tão remoto...

segunda-feira, março 03, 2008

Conga - A Mulher Gorila

Leitora quase assídua da "Super Interessante" que sou, deixo aqui registrada a minha surpresa em descobrir, através da edição de Janeiro/08, que "Conga - A Mulher Gorila", aquela moça "sexy" que se transformava numa macaca louca, desvairada dentro de uma jaula muito da tosca, no Tívoli Park, teve origem num personagem real: a mexixcana Julia Pastrana.

"Nascida em 1834, Julia desenvolveu uma forma severa de hipertricose, doença raríssima que atinge uma em cada 300 milhões de pessoas, deixando o corpo coberto de pelos pretos."

Julia foi descoberta por um comerciante e passou a ser exibida em freak shows, que divertiam a audiência da Europa e dos EUA, nos séculos XIX e XX. Morreu aos 26 anos, durante o parto de seu único filho, que também faleceu três dias depois de vir à luz. O mais macabro dessa história toda? O empresário mandou mumificar os dois cadáveres e continuou a exibí-los. Mais tarde, as múmias passarm às mãos de um showman norueguês que viveu às custas de mãe e filho por vinte anos... Hoje, finalmente, Julia e sua cria descansam no Instituto Forense de Oslo, longe da curiosidade alheia.

É nessas horas que a gente descobre que não sabe mesmo é de nada. Tudo bem que saber que a Conga tem origens no México, etc e tal não é a coisa mais importante do mundo. Mas, confesso, pra mim é um prazer me informar sobre coisas que não interessam à grande maioria. Mais do que nunca, a teoria - que já virou clichê - de que "Nada se cria, tudo se transforma" é mais do que pertinente no mundo de hoje.

Ah! E desculpem a sessão nostalgia, mas não posso deixar de me abater ao realizar que os incríveis tempos de Conga, no Tívoli Park, não voltarão jamais.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Sai desse corpo que não te pertence!

Por favorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!!! Pára o bonde que eu quero descer!!! Dia desses resolvi ligar a televisão por volta das 13h para almoçar acompanhando o noticiário. Foi quando veio o intervalo e eu, sem saber o que me esperava, resolvi zapear. Pra quê?! Parei num desses canais que vendem espaço para qualquer - eu disse qualquer - tipo de programa. Foi quando me deparei com dois pastores, num fundo preto, jogando papéis com os nomes e as datas de nascimento de pessoas, numa espécie de triângulo branco, que fica sobre uma mesa, apelidada por eles de "Reino da Luz", onde - eles garantem - mora a salvação. O discurso dos pastores é sobre o que eles chamam de "A Maldição dos Ancestrais". Eu explico: a tal maldição é o que acontece repetidamente com você e pessoas da sua família. Vícios, desilusões amorosas, doenças e afins. Isso mesmo: para as supostas bondosas criaturas sentadas à mesa, coisas que acontecem ou por uma questão genética, hereditária ou por que tiveram que acontecer mesmo e paciência, são responsabilidade de algo chamado "A Maldição dos Ancestrais". E você só se livra dela quando seu nome entrar no "Reino da Luz". Consultas constrangedoras são feitas por telefone e, pasmem, ele não pára de tocar. Encontros são marcados nas igrejas, promessas de ajuda são feitas, o nome de Jesus é falado umas 897 vezes e... Chega, né, pessoal! Quando vi, estava hipnotizada pelo tamanho absurdo a que estava assistindo, sentindo uma mistura de pena daquela gente com indignação por aquele programa abominável ter me prendido por tanto tempo. Mas, confesso, queria ver até onde ia tamanha bizarrice. O que me dói mais nessa história toda é saber que, num horário tão importante, a tv aberta não tem nada melhor a fazer do que aceitar dinheiro da Igreja para promover lavagem cerebral, através de um programa que representa o desrespeito e a descrença na inteligência de um povo carente de boa informação.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Livros no Carnaval

O Carnaval foi na serra, regado à comida caseira, queijos, vinhos, com direito à melhor trilha sonora: árvores inquietas sob o efeito do evento, cachoeira em plena atividade, passarinhos idem. Tenho que confessar que não resisti a um cineminha na calada da noite. E acabei ligando a televisão para assistir a alguns filmes em DVD.

Eis que começo a ver "Farenheit 451", primeiro filme de François Truffaut em língua inglesa, considerado um clássico da sétima arte. Na verdade, coloquei o filme tão tarde, que dormi na primeira metade. Filme estranho, com gente esquisita, mas que me deixou muito curiosa, me prendeu. Um dia hei de voltar à parte em que parei para saber como acaba a história.

Num futuro qualquer, as pessoas são proibidas de ler e uma equipe de bombeiros corre atrás dos últimos exemplares para quimá-los todos. O que seria da sua vida se você não tivesse o direito de ler? Só de levantar essa questão, o filme já causa claustrofobia e vale a pena.

E você, se arrisca a responder essa pergunta?

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Matusalém

Não há revista ou qualquer outro veículo especializado em saúde que resista a um artigo sobre novas descobertas para evitar os altos índices de colesterol, as altas taxas de ácido úrico no sangue e por aí vai... É um bombardeio tão grande de notícias, que você acaba entrando no automático e fazendo exatamente o que mandam: passa a comer mais berinjela, agarra todos os potes de linhaça dourada que vê no "Mundo Verde", toma chá branco, preto, vermelho, verde, azul e de todas as cores que a cartilha da saúde aconselhar.

Aí, outro dia, essa mocinha que vos escreve chegou em casa feliz e saltitante com as novas aquisições da loja de produtos naturais: cápsulas de chá verde não viam a hora de ser consumidas, comprimidos de Ômega 3 suavam em busca de um novo organismo onde pudessem combater os radicais livres e biscoitinhos ricos em fibras sorriam, ávidos pelo momento de sua degustação.

Foi quando larguei a sacola em cima da pia e senti meus miolos se agitando dentro da mente inquieta. Uma imagem começou a se formar e, mais um pouquinho, pude reconhecê-la. Era Matusalém! Gente, pára tudo. O personagem bíblico viveu 969 anos!!! Tudo bem que alguns estudiosos dizem que essa conta é totalmente furada, mas levando em consideração as palavras do Antigo Testamento, é isso aí mesmo. E mais: Adão foi pai aos 130, Noé aos 500. E isso, minha gente, na Antigüidade, época em que, segundo meus conhecimentos, não havia cápsulas rejuvenescedoras, elixires milagrosos, sucos da luz e parentes próximos dessas susbtâncias.

Taí, a questão permanece e peço a ajuda de vocês para desvendar esse mistério. Serão as soluções propostas hoje pela ciência pura jogada de marketing e caímos feito patinhos? Serão as pesquisas divulgadas nos meios de comunicação manipuladas para vender mais e mais pílulas que prometem a longevidade? Seriam os heróis da Antigüidade seres criados num laboratório do além, programados para ter vida longa, mesmo sem nenhum recurso?

Louca, eeeeeu?

É nessas horas que você vê o que uma simples sacolinha do "Mundo Verde" pode fazer com um ser humano...

quarta-feira, janeiro 02, 2008

2 de janeiro...

Ela abre a agenda no dia 2 de janeiro do ano novo e...

1 - Pegar os exames no médico

2 - Reunião na próxima quarta

3 - Gravação às 14h30

4 - Rádio ao vivo

5 - Unha no sábado

6 - Comemoração do aniversário do primo e do tio

Ela sai na rua e percebe que...

1 - Mãe Valéria de Oxossi continua trazendo a pessoa amada em 3 dias

2 - Os termômetros continuam marcando 40 graus

3 - A linda Luna continua deitada na janela, com seu ar blasé

4 - A Pizzaria Guanabara continua aberta

E aí... Se dá conta de que já começou tudo outra vez. Na verdade, já "continuou" tudo outra vez. Mas não podia esperar mais um bocadinho só? Um bocadinhozinho de nada? Uns três dias a mais com a inércia do dia primeiro, vai... De vez em quando é bom... Não? Tá bom, então... Que venha 2008, com tudo! E um Ano Novo cheio de amor e bom-humor a todos os meus quatro leitores assíduos!!