quarta-feira, setembro 13, 2006

Meu Deus...

Foi isso o que eu disse, numa entonação assim, meio sem vida, quando me deparei com a notícia de que o funeral do Caçador de Crocodilos, Steve Irwin, vai ser transmitido ao vivo por redes de tv na Austrália, nos EUA e em alguns países da Ásia.

"Para fãs que quiserem prestigiar o ambientalista pessoalmente, serão colocados à venda 5.500 ingressos. O dinheiro será doado para a fundação Wildlife Warriors (Guerreiros da Vida Selvagem), criada por Steve. Serão montados telões em Brisbane e Queensland - estado onde Steve morreu - para que quem não puder ir ao zoológico possa assistir à homenagem".

Bom, depois disso eu só posso chegar à conclusão de que esse é um ótimo começo para um filme de humor negro, sobre uma sociedade completamente perdida...

segunda-feira, setembro 11, 2006

Na Natureza...

Do caos, ela passa ao meio do nada, a uma parte do continente onde o silêncio impera. O sol brilha e o frio castiga. A temperatura chega quase a zero. Montanhas muito altas, vulcões sem atividade há mais de cem anos. Neve, muita neve. E lá, do topo daquela montanha, a mais alta, a mais imponente, o vento empurra a neve, que esfumaça o céu azul e nele desenha figuras abstratas, que acalmam o pensamento. Que Deus existe ela sabe e acredita nele em forma de energia. O que não sabia, até então, é que ele mora logo ali e costuma se apresentar de forma bonita e inesperada...

quarta-feira, agosto 30, 2006

Só pode ser ficção...

A sensação é de que estou sentada na poltrona de um cinema vendo um filme de tema bizarro, cruel, desumano. Mas, quando caio em mim, percebo que não é filme. Realizo que aquela empresária realmente entrou na clínica veterinária, interessada em alugar o espaço para sua filha fazer daquilo um consultório dentário. E no caminho, cruzou com alguém... Doente? Não, perverso mesmo. Um vigia de 29 anos, que a dividiu ao meio e jogou as metades de seu corpo em ruas de Botafogo, aquele bairro pelo qual todos nós passamos quase sempre. Não era minha mãe, não era minha conhecida, mas sinto dor. Dor por ela, por sua família e por todos nós, reféns de uma cidade muito louca. De mundo muito louco. Mundo esse que os cineastas mais viajantes do planeta - mesmo aqueles movidos à muita droga - jamais imaginaram criar. Quanto mais realizar que esse mundo é real...

segunda-feira, agosto 21, 2006

Ele...

Da garagem dá pra sentir o cheiro do incenso. A porta se abre e o cenário é um mix de América do Sul com Continente Europeu. Logo o fondue é servido. De carne. Carne. Ela não come carne, mas nesse dia está sedenta por um pouco de sangue em seu paladar. Havia ficado vermelha de raiva pouco antes e era de uma noite assim que precisava. Velas acesas, tom alaranjado no ar. Há muitas, muitas coisas passando em sua cabeça, mas uma voz a faz parar e prestar atenção. Coisa rara. Por mais que pensamentos outros lhe invadam a mente, a voz é mais forte. Grossa, imponente, sincera. Um hiato, um hiato sem fim se dá. Com muita, muita intensidade. E quando ela percebe está colocando a panela suja, usada na pia e os objetos em ordem para que mais um dia logo se inicie...

quinta-feira, agosto 17, 2006

Viva Cora!

Leiam a crônica da Cora Ronai, no "O Globo", de hoje. Ao ler o último parágrafo - onde ela diz que não aconselha uma vinda ao Brasil, mais específicamente ao Rio - me vejo em minhas viagens por aí, falando com os estrangeiros que conheço e que têm muita vontade de vir pra cá. Mas o curioso é que, quando conto que faço isso para as pessoas, todas - sem exceção - dizem: "Não faça isso, você é louca. Falando mal da cidade onde você vive..." Como se o Rio fosse uma das sete maravilhas do mundo. Essa cidade é uma vergonha, e quem a comanda também. O país, nem se fala. E o mais inaceitável é que vamos assistir - calados e inertes - a uma reeleição bizarra. Medo, pena, indignação... É isso o que sinto. De um Rio de Janeiro que dizem um dia ter sido maravilhoso. Eu não vi. Minha geração não viu. E, na minha visão pessimista de um país que não tem jeito e uma cidade completamente partida, as próximas também não vão ver.

segunda-feira, julho 24, 2006

Hiato

De uns tempos pra cá, o que mais tem me deixado feliz são os hiatos da vida.

Dez dias de sonho. Foi como se a pausa tivesse sido acionada por um período mais longo. Deixamos para trás as notícias de jornal, a rotina, tudo. Éramos dois em um, mergulhados num mar de vulcões e neve, curtindo cada minuto em estado de sono profundo. Coma. Cama. Preocupação zero.

Vida longa aos hiatos. Saudades...

segunda-feira, julho 03, 2006

Ora, francamente!

Diz pra mim: o que tem na cabeça um sujeito que acorda cedo para ir vaiar os jogadores da seleção no aeroporto? E um outro que toca fogo numa escultura do Ronaldinho? Ora, francamente! Essa cobrança do povo brasileiro em cima desses meninos me irrita profundamente. As pessoas deveriam é estar cobrando outra coisa de outras pessoas... E o sensacionalismo da imprensa?! Esse aí, nem se fala! A Copa do Mundo é um jogo, apenas isso. Um dia se ganha, outro se perde. Deve ser visto como puro entretenimento e não como a grande esperança de uma nação. O problema é que o brasileiro não tem mais a quem recorrer, em quem depositar suas esperanças. E aí, sobra para Ronaldo e cia. Chega a ser ridículo ver como as pessoas se comportam diante de tudo isso, enquanto tantas coisas mais tristes e mais importantes acontecem por aí. Quanta raiva, quanto ódio no coração!! Mas, onde estão o ódio e a raiva quando são realmente necessários para, por exemplo, protestar contra a violência, contra o governo, contra o caos nos hospitais??? É a força misteriosa do futebol! Como se o hexacampeonato fosse resolver todos os problemas do país e tirar o Brasil do fundo do poço! Ora, francamente...

quarta-feira, junho 28, 2006

Déjà Vu

Esperava o sinal fechar quando a chuva começou a cair. Pingos finos ajudavam a engordar ainda mais a poça que antes ali se formara. Olhava fixamente aquela água suja tomar diversas formas, quando entrou numa espécie de transe. O sinal fechou, abriu, fechou, abriu... E ela continuava lá, estática. A buzina desagradável de um veículo que não mais deveria circular em vias públicas a despertou e, finalmente, conseguiu atravessar. O dia passou normalmente, a chuva apertou, o arco-íris apareceu, o frio castigou. Na volta para casa, já tarde da noite, abriu a janela do carro e deu um pedaço de bolo ao menino malabarista. O sinal piscou laranja e ela disse a si mesma: "Hora de me recolher!" Fez o caminho de sempre, abriu a porta de casa e foi dormir com uma forte sensação de déjà vu...

segunda-feira, junho 26, 2006

Extra! Extra!

Pára tudo! Pára o tratamento do Robinho na Alemanha, o derretimento das calotas polares e pára esse bonde que eu quero descer! Hoje, quase dei um beijo na boca de um técnico da prefeitura. Calma, eu explico: é que o cara chegou na sala onde trabalho, para localizar o foco das terríveis criaturas que tanto atormentam a mim e a meus coleguinhas: mosquitos de todos os tamanhos e cores, vindos das profundezas do poço do elevador!!! Ele parecia um daqueles ghostbusters e eu a mocinha indefesa do filme, dando todas as informações necessárias para que seu plano diabólico contra os maquiavélicos voadores funcionasse. Amigos, queridos 4 leitores assíduos do "Mente Inquieta", pode parecer besteira, mas voltei para casa com uma sensação única... Era como se eu fosse aquela atriz dos comercias dos "Perfumes de Vinólia". De repente fiquei forte, minha auto-estima disparou no gráfico e vi que problemas aparentemente sem solução podem ser resolvidos (será?) de uma hora para outra... Agora vai tudo voltando ao normal, aquele estado de êxtase já está melhorando e a vida continua. Hã? Eu, louca?! Pára esse bonde que eu quero descer já!!!

quinta-feira, junho 22, 2006

Menos

Sopinha noturna servida na louça semi-nova. Vela de odor adocicado acesa. O frio entra pela fresta da janela, sem piedade. A conversa começa e ela ouve: "Você precisa levar a vida menos a sério".

A Tv está ligada. No ar: "Belíssima". Ela não presta a menor atenção no que se passa a sua volta. De repente, alguém lhe diz: "Você precisa levar a vida menos a sério".

Galeria Ouro Fino, São Paulo. Ela passeia por entre lojas de roupas moderninhas e gente estranha, com vestimentas esquistas. Desce a escada rolante e ouve: "Você precisa levar a vida menos a sério".

Você acredita em sinais? Ela acredita. E já está começando a enfiar o pé na jaca!

sexta-feira, junho 09, 2006

Criatividade Zero

Na falta de criatividade para dar vida a um daqueles textos que meus 3 leitores assíduos adoram, aqui vão algumas frases bacanas:

"Um homem é um sucesso se pula da cama pela manhã, vai dormir à noite e, nesse meio tempo, faz o que gosta." - Bob Dylan

"A imaginação é mais importante que o conhecimento." - A. Einstein

"Pensamos demasiadamente e
Sentimos muito pouco…
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e
Tudo se perderá."
- Charles Chaplin

"Quanto mais um homem se aproxima de suas metas, tanto mais crescem as dificuldades." - J. W. von Goethe

"Um bom chefe faz com que homens comuns façam coisas incomuns." - P. Drucker

"Não sabendo que era impossível, foi lá e fez." - Jean Cocteau

"A distância mais longa é aquela entre a cabeça e o coração." - T. Merton

"O cinema é o modo mais direto de entrar em competição com Deus." - F. Fellini

"O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos" - E. Roosevelt

"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original." A. Einstein

terça-feira, maio 30, 2006

O Corte

Minha gente, fui ao cinema ver um filme sensacional: O Corte, do grego Costa-Gavras.

Antes de falar sobre o filme, pausa para um momento "tira-onda"... Quando entrevistei Gavras, nunca ia imaginar que ele faria um filme tão cheio de humor negro (um dos meus gêneros prediletos) e realidade. Tudo num filme só. Não que eu tenha duvidado de sua genialidade. Não, isso não ocorreu em momento algum. Mas que o moço me surpreendeu, ah surpreendeu.

O filme conta a história de um super executivo da indústria de papéis, Bruno Davert (interpretado por uma espécie de Kevin Spacey francês) que, de repente, se vê fazendo parte das estatísticas do desemprego em seu país. Seu desespero é tamanho, que faz com que tenha uma brilhante idéia: publica um anúncio no jornal, como se a empresa contratante fosse ele. Não dá outra: milhares de currículos são enviados para a caixa postal. Bruno, por sua vez, recebe esses currículos e seleciona quem são seus concorrentes diretos para o cargo que deseja, numa determinada empresa. E aí? Resolve assassinar um por um para que a vaga seja sua.

Bom, não vou dizer que a idéia foi original, pois há alguns meses lemos no jornal que uma mulher, aqui no Brasil, matou dois colegas de trabalho porque queria tomar as vagas anteriormente ocupadas por eles. Gavras fez nada mais, nada menos, que um filme real. Quase um documentário. Cheio de humor (que para mim é negro) e com diálogos incríveis sobre a loucura que assola a vida do homem moderno. Só espero que o cineasta não tenha inspirado as pessoas com esse filme. O que vai ter de executivo morrendo, não vai estar no gibi! No fundo, no fundo é ficção, viu gente?!

Recomendo a todos. Agora vocês me dão licença, que vou iniciar a carnificina das colegas apresentadoras de TV... Ops!

sexta-feira, maio 19, 2006

Ciclo

As chaves abrem a porta e lá está aquela sala marrom, cheia de papéis e mobília velha, onde a modernidade jamais foi convidada a entrar. Ela senta, espera sua vez de... Deixa pra lá. As dores no pescoço são freqüentes e em outros locais (internos) do corpo também. Pensa na vida, nas contas a pagar, na saúde, na família, na unha que não faz há semanas... Ela está equilibrada, consciente, pé no chão. O telefone toca, mas ela não atende. Chega a sua vez. Vai. Seus dedos estão cansados. A escrita, agora, lhe faz mal. Parte. Parte aliviada, em busca do conforto do lar. Em busca de descanso. Em busca de paz. Ela os encontra, mas sabe que, mais cedo ou mais tarde, as chaves vão abrir a porta de novo e o ciclo vai recomeçar.

quarta-feira, maio 17, 2006

Gatinha Mimi

No consultório psiquiátrico...

ANA (sub-texto: que saco esse psiquiatra): Oi, Conrado!

CONRADO (sub-texto: hummm... ela deu uma engordada): Bom dia, Ana!

ANA (sub-texto: ai, hoje ele está com mau-hálito): O dia hoje não está nada bom...

CONRADO (sub-texto: lá vem ela com mais uma história escabrosa de bichinhos): O que houve?

ANA (sub-texto: já que estou aqui, vou contar): Minha gatinha Mimi... Sempre que dou leite para ela, seguro sua cabeça, pois Mimi tem um probleminha de fundo nervoso e não consegue parar quieta. Só que, desta vez, me desliguei do que fazia e não vi que fiz força demais com a cabecinha dela e afoguei a bichinha no leite. Só percebi quando Mimi não mais resistia à minha força. Quando olhei, vi Mimi morta. Seu pelo branco se confundia com o leite e, aí, não consegui segurar e vomitei. Ai, doutor, estou péssima.

CONRADO (sub-texto: preciso segurar minha vontade de rir...): Quantos anos tinha Mimi?

ANA (sub-texto: como assim?): Três aninhos. Era linda, branquinha, branquinha.

CONRADO (sub-texto: ainda bem que ela me paga...): Mimi, quero dizer, Ana, desconfio que você esteja com a mente inquieta demais, o que faz você ter uma hiper-sensibilidade neural, formada por uma vascularização exagerada dos neurônios, provocando, assim, um surto de criatividade incontrolável.

ANA (sub-texto: ah, tá...): Compreendo perfeitamente.

CONRADO (sub-texto: compreende?): Veja bem: há três semanas você vem contando historinhas, onde os bichinhos mais fofos sofrem uma espécie de terror bizarro. Lembra da joaninha que teve suas asas arrancadas com pinças, do coelhinho que prendeu o pé na grade da gaiolinha e teve gangrena e do canarinho que se engasgou e morreu por asfixia? Agora foi a vez de Mimi... Na verdade, Ana, nada disso existe, está tudo em sua imaginação.

ANA (sub-texto: esse cara é muito chato e é mais doido que eu): Será, então, que devemos mudar de assunto?

CONRADO (sub-texto: um, dois, três e já): E aí, já comprou seu vestido de noiva?

ANA (sub-texto: quê?): Doutor, eu não vou casar...

Silêncio sepulcral.

ANA (não deu tempo para o sub-texto): Hã, hã... Sim, comprei. É lindo: preto, com brilhos dourados. Na cabeça, colocarei um enfeite de couro de avestruz, no pé uma sandalinha de couro, que comprei no artesanato lá perto de casa. Ih, menino, cê sabe que meu noivo é um deus grego, né...

xxx

Não adianta insistir. Às vezes não tem cura mesmo...

segunda-feira, maio 15, 2006

Umbigo?!

Quando olho a vida do umbigo para dentro, vejo que muita coisa pode melhorar, descubro insatisfações que sofrem caladas e tenho um desejo louco de mudança radical e imediata.

Quando olho a vida do umbigo para fora, me acho a pessoa mais sortuda do mundo, agradeço a Deus por tudo e acho que nada deve mudar. Nada, nada, nada.

Quando penso no umbigo para dentro e no umbigo para fora, concluo: que maravilha seria se eu conseguisse sempre equilibrar os dois. É bem verdade que, às vezes, consigo.

Bem, amigos, e quando penso que já é tarde da noite e estou escrevendo sobre esse trem de umbigos... Percebo que, das duas uma: ou esqueci de tomar o remédio "tarja preta", ou caí da pia quando era apenas uma criança, dona de uma mente calma e indefesa.

Mãe...

Quem é essa mulher, que me olha curiosa e feliz?

Essa mulher que me admira, que deixa escorrer uma lágrima enquanto eu choro e faço meu primeiro contato com o mundo real. Agora, longe da proteção da placenta, ouço bem de pertinho a voz que ouvi de longe, durante nove meses. Ela tem uma ansiedade de criança, traz orgulho nos olhos e emoção nas palavras. Ela me ama incondionalmente. Essa mulher é a MINHA MÃE.

Que muitos dias como esse se repitam em nossas vidas!

domingo, maio 14, 2006

Tolerância

A chama vira cera, a madeira cinza, o incenso pó... E tudo o que ela quer é acordar e mudar o mundo.

Ela quer...

Virar Buda.
Virar Madre Tereza.
Virara Dalai Lama.
Virar Jesus Cristo.
Virar Cleópatra.
Virar Midas.

Ao acordar, percebe que não é capaz de mudar o mundo e que abraçá-lo pode ser ruim. Perecebe que, se virar tudo isso de uma só vez, atrapalha. E percebe que o remédio para as suas principais inquietudes chama-se TOLERÂNCIA.

quarta-feira, maio 10, 2006

Sumi do mapa

Queridos leitores, estou numa fase nada assídua no blog... Mil perdões. Volto em breve!

terça-feira, abril 25, 2006

"Caatinga" de Bode

O Sol nascia e lá estávamos nós na estrada, em busca de mais uma encantadora história da caatinga paraibana. Quantas riquezas, quantos personagens! Nossa base era em Campina Grande, a cidade da moscas! Nosso hotel, o mais tabajara que possa passar pela sua cabeça. Mas, já que estávamos lá, que aproveitássemos.

Viajar a trabalho, com muita responsabilidade nas costas é cansativo, provoca dores no pescoço, tensão. Mas, não adianta: viajar é sempre mágico. Mesmo que não seja para o melhor lugar, com a melhor companhia.

Passaram por nós vacas, bodes, galinhas, cahorros, lagartos típicos de documentários do "National Geographic" e muita gente que a gente, aqui no mundico, nem sabe que existe. Seu Inácio, Dona Socorro, a filha Cláudia... Famílias que tiram do solo árido a sobrevivência, pessoas que lhe oferecem um sorriso, sem nem saber quem você é. Outro mundo. Dentro do nosso Brasil.

Minha impressão era de que tínhamos tirado férias da loucura da cidade grande. Férias? Como assim férias, trabalhando 12 horas por dia? Sei lá, a sensação era de exaustão, mas também de férias do barulho, da falta de educação dos habitantes do mundico, das manchetes violentas dos jornais...

É claro que a saudade das coisas boas batia apertada. E, como o telefone já chegou por lá (sacanagem!), por que não fazer o uso do bichinho pra acabar com o aperto no coração e falar, por horas, com quem se gosta? Aprendi também palavras oriundas de um dialeto paraibano muito particular. A de que me lembro agora é "arrodeia". Para chegar em qualquer lugar na Paraíba, você tem que "arrodear".

Vamos agora a algumas dicas sobre o interior paraibano:

1 - As moscas do mundo todo moram lá. Por isso, vá pronto para comer bode (eka!) com as companheiras sobrevoando o prato.

2 - Pra quem não gosta de bode, não sobram muitas opções. Come-se muito mal. E sempre com mosca.

3 - Não se hospede nunca num hotel chamado Serrano, em Campina Grande. O site é uma maravilha, mas pessoalmente... "Ixemaria!"

4 - Conheça "Cabaceiras" e o "Lajedo do Pai Mateus". É loooonge, mas vale a pena.

5 - "Arrodeie" sempre! Você chega lá.

6 - Se estiver a trabalho, sob condições anormais de temperatura e pressão, cante mantras pela manhã, que o dia corre mais fácil.

Quando você menos espera, está na hora de voltar pra casa. E é aí que percebe como quer chegar rápido ao conforto do lar e cair nos braços de quem te ama!

segunda-feira, abril 17, 2006

Caatinga

Em breve, notícias sobre a caatinga paraibana. Inspiração? Agora? A blogueira que vos fala está exausta. Mas, voltará a teclar em poucos dias. Até!

terça-feira, abril 11, 2006

Visconde de Mauá

Industrial, banqueiro, político e diplomata, Visconde de Mauá foi um dos maiores representantes dos capitalistas empreendedores brasileiros, do século XIX.

Tudo bem, ok! Mas, esse fim de semana Visconde de Mauá foi, para mim, apenas um refúgio, uma forma de manter contato com o mínimo possível de mortais.

Chuva. Cheiro de terra molhada. Música? Só a da natureza. Mãos unidas, cachoeiras em plena atividade. Fogo, pinga com mel, vinho. Isolamento, tempo passando b...e...m d...e...v...a...g...a...r...

Sentimentos intensos. Certezas. Sintonia. Céu: ora azul, ora cinza. Grilo, orvalho, pássaros cantando bem cedinho. Conforto. Proteção. Conforto. Alívio. Hora de voltar. No coração, muita vontade de ficar, ficar, ficar...

quinta-feira, março 30, 2006

Brasília Cinza

O céu de Brasília está cinza, como ela nunca viu. A chuva cai lá fora. Ela repensa seu dia, sente saudades de seu amor... O companheiro (Nunca se refere a ninguém assim... Mas, vejam bem, ela está em Brasília...) ao lado lhe oferece lindos e crocantes biscoitos de polvilho. "Terão eles glúten?", pensa ela. Não aceita. O tempo de conexão gratuita vai acabando e tantas imagens vem à cabeça, tantas vozes, tantas lembranças. Ela passou o dia com crianças, deve ser por isso. Crianças trazem nostalgia, fazem a gente ter contato com a pureza. Ela corre, seus dedos teclam rápido, como algo na história de "Alice no País das Maravilhas". Ela vê as fotos da praia, fala com a chefe no telefone, pensa, repensa... Angústia e alegria estão presentes, se fundindo numa grande antítese. A mente inquieta cansa. E o céu de Brasília continua cinza...

quinta-feira, março 23, 2006

Noventa

Mais uma vez era picada pelos inúmeros mosquitos que circulavam pela Lapa, quando o amigo blogueiro ( Babel Turbo)
veio lhe mostrar seu último texto. Falava sobre o tempo. É claro que depois de ler, a mente inquieta que vos fala começou a refletir e emocionada ficou.

Era aniversário de sua tia avó, a Tia Carmen. Noventa anos. A família fez uma pequena festa para não deixar passar em branco a data tão querida. Havia muito tempo que não aparecia por lá. Era como se o apartamento tivesse sido congelado no tempo. A nostagia foi imediata. Foram tantos Natais passados lá. As esculturas, velas, plantas, porcelanas, estátuas, louças... Os armários, móveis, quadros... Todos no mesmo lugar, fazendo aniversário junto com Tia Carmen. Talvez, seus maiores companheiros durante todos esses anos de vida. Vinte quatro horas ao lado dela, no silêncio da tarde, no calar da noite, no barulho do amanhecer.

Noventa anos, com carinha e corpinho de setenta. A cabeça? Melhor que a de muito jovem por aí. Chegou até a falar a letra todinha, sem hesitar, da música que seu falecido marido compositor, o Tio Reis, havia feito para ela. "Um homem magnífico, gentil, companheiro", dizia ela sobre o Tio Reis, de quem os mais novos da família têm apenas uma turva lembrança.

Tia Carmen estava com um ar tranqüilo e, nessa noite, foi dona de palavras bonitas e inspiradoras. Falou sobre a vida, com a categoria de quem realmente a conhece. E bem. Enquanto ela discursava leve e pausadamente, comendo sua gelatina de morango (segundo ela, o segredo de chegar aos noventa bem é comer um potinho de gelatinha por dia), a mente inquieta ia longe. Os olhos chegaram a ficar molhados, mas ninguém notou. O pensamento invadia as camadas mais profundas do cérebro, a viagem começou a ficar intensa. E a base de toda essa reflexão era... Quem? O tempo. O tempo do meu querido amigo blogueiro, o tempo que cura tudo, o tempo que não pára, o tempo esclarecedor, o tempo que traz sabedoria, rugas... O tempo.

Ontem, com certeza, passei a conhecê-lo melhor.

segunda-feira, março 20, 2006

Filme com lavanda

Hoje, a vida cheira a lavanda e tem um "quê" de "Em Algum Lugar do Passado". Aliás, esse filme é lindo ou não é?

quinta-feira, março 16, 2006

Parabéns, Mente Inquieta!

Eu nem me dei conta, mas meu amigo Marco Santos lembrou bem: no dia 16 de março de 2005, eu inaugurava meu blog, com o texto "Amor Genuíno". Portanto, hoje ele faz um aninho de vida! Quantos textos, quantas histórias, quantas emoções...

Gostaria de agradecer aos meus 3 leitores assíduos (minha querida tia Sonia, Renata Bonora e Marco Santos) e também aos que visitam esta bella mente só de vez em nunca, pelas palavras sinceras de carinho e pelas reflexões que, às vezes, deixam registradas aqui.

Vida longa ao "Mente Inquieta" e que mais e mais visitantes surjam ao longo de sua história!

A Felicidade e o Medo

Um dia, minha terapeuta disse:

"É, Isabella, na maioria das vezes a felicidade vem acompanhada do medo. Medo que ela acabe logo, que seja um momento muito passageiro".

Fiquei pensando sobre essa frase alguns dias e descobri que a afirmação procede. Num dos meus textos anteriores, já havia dito que a vida arruma pra depois desarrumar e assim corre o ciclo. Uma hora está tudo bem, outra hora nem tanto. Mas, é curioso mesmo como momentos de plena felicidade vêm acompanhados do medo. Estou numa fase em que chego em casa do trabalho e não quero mexer no cenário que encontro. Às vezes, a casa vazia, arrumadinha do nosso jeito, o silêncio da mata; outras vezes, maridão saudoso, a cama desarrumada, a louça por lavar... Não importa com o que me deparo, não quero mudar. E, de repente, sou invadida por um sentimento de felicidade plena, como se o trabalho não tivesse me estressando, a grana não estivesse curta, eu não estivesse cansada, o Rio de Janeiro continuasse lindo e nada no mundo pudesse interferir sobre aquilo tudo. E é incrível como, imediatamente depois, vem um diabinho (aquele que não sai ali, da orelha esquerda) que diz: "Aproveite cada minuto dessa sensação, você não sabe o que acontecerá no próximo segundo". Isso acontece com vocês também, caros leitores? Ou sou uma paranóica de primeira "catiguria"?

Não tenho conclusões para esse texto. Brotou e fui escrevendo... Só sei que deitar ao lado de quem gosto, no fim de um dia cheio de tarefas a cumprir, tem sido a parte mais colorida de todo esse contexto.

sábado, março 11, 2006

D. Nélia

Como é bom lembrar que existe gente boa no mundo, de bem com a vida, disposta a fazer gentilezas, levar uma prosa...

Hoje, vocês vão conhecer D. Nélia, atendente do Banco Real, de Botafogo, no Rio de Janeiro. As mãos castigadas pelo tempo, as rugas no rosto, as pernas já inchadas fazem dessa personagem o ser mais jovem que conheci.

Cheguei ao banco, por volta das 15h30, para tirar folhas extras de talão de cheque. Isso porque as agências mais perto da minha casa - que tinham o serviço disponível - eram essa e a da Barra da Tijuca. Estava precisando muito das folhas, porque tinha que fazer um depósito urgente, naquele mesmo dia. Atentem para o fato de que eram 15h30 e o banco fechava às 16h. Como sempre, fazendo tudo em cima do laço. Fui apertando os botões da máquina, e nada acontecia. Hã? Sim, a máquina estava com problemas. O sangue subiu até metade do corpo (pois agora faço yoga e não me estresso como antes - até metade do corpo já é um grande progresso!!!) e, então, perguntei a uma das atendentes, uma senhora simpática, o que estava acontecendo. Ela me disse, gentilmente, que chamaria o técnico para resolver o problema e que eu sairia dali em alguns minutos com meus cheques. Acreditei naquela voz calma, serena, naquela senhora que me tratava como uma neta, me chamando ora de minha filha, ora de minha querida. De um jeito tão terno que - em meio à confusão do meu dia, roteiros mil para escrever, pautas pra fazer, dinheiro pra depositar na conta dos outros - me deu vontade de deitar em seu colo para que me contasse histórias de seu tempo.

"Se você estiver cansada e quiser esperar lá dentro, sentada, eu lhe chamo quando a máquina estiver pronta", disse a senhora, cujo nome eu já sabia que era Nélia, depois que li, discretamente, seu crachá. Agradeci, mas disse que estava bem ali, em pé, diante daquela máquina, da qual eu era totalmente dependente naquele momento. Aí, me peguei pensando na quantidade de tempo em que aquela senhora ficava em pé ali. E perguntei: "A senhora tem que ficar em pé o tempo todo?" "Sim", disse ela. "E por quanto tempo?", perguntei. "De 10h às 16h", respondeu, com um sorriso no rosto, como quem agradecia o fato de estar em pé e trabalhando. É, chega a ser irônico uma senhora que fica 6h em pé, todos os dias, perguntar para uma moleca, de seus quase trinta anos se ela está cansada e quer sentar...

O tempo foi passando, os ponteiros do relógio se aproximavam das 16h e nada da máquina. Enquanto isso, conversava com D. Nélia sobre os mais variados assuntos: o ônibus que ela pegava da Tijuca até Botafogo; as pessoas gentis que ela recebia; a pessoas grossas que ela tinha que receber; os meus traços bonitos de artista de TV... Segundo D. Nélia, maquiagem leve e cabelos ao vento eram suficientes para que eu me tornasse a sensação da TV Globo! Quanta ingenuidade, quanta bondade, quanta maravilha dentro de um ser humano só! Expliquei a ela que não era bem assim, que hoje a gente tem que namorar gente famosa pra subir na vida, mas que eu estava muito satisfeita com o maridão, que não troco por nada nesse mundo. Enfim, o papo fluiu, encontrei Virgílio, um amigo figura, que não via há muito; encontrei a mãe da Bonora, Vera, e levamos uma prosa rápida.

De repente, a máquina recuperou a vida e pude tirar minhas tão esperadas folhinhas. D. Nélia estava lá, ao meu aldo, não me deixou um minutinho sequer. Arrumou as folhas para mim, colocou-as em ordem. Já eram mais de 16h e eu não estava nem um pouco preocupada com o depósito que, agora, só poderia ser feito no dia seguinte. E essa tranqüilidade se devia exclusivamente a ela, D. Nélia, que nem imaginava o bem que me fazia. Eu estava amparada, protegida dentro daquele banco.

Chegou a hora de ir. Fiz questão de me despedir de D. Nélia, com dois beijinhos e um abraço! "Vai com Deus, minha filha", disse ela. "Obrigada", disse eu.

Que guerreira a D. Nélia. Deus me ajude a chegar a essa idade assim. Que exemplo a D. Nélia. Que terapia a D. Nélia. Que beleza a D. Nélia. Quem dera se o mundo fosse feito só de Donas Nélias!!! E quem dera se todas as idas ao banco fossem a assim...

D. Nélia para presidente!

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Tirania?

Sábado, 18 de fevereiro: enquanto os gatosos (mistura de gatos com idosos)dos Rolling Stones faziam seu mega show, na praia de Copacabana, eu comia bolinhos de camarão com catupiry, tomava caipivodka de kiwi e namorava muito, num bar perto de casa. Na TV, é claro, a transmissão do evento, na íntegra. A noite estava especial. Tratava-se de um sábado, num bar recém-aberto e a calma reinava no recinto. Lugares de sobra, atendimento impecável. O melhor dia do ano para sair por aí e aproveitar a bella noite que fazia.

Realmente, eu não tenho mais paciência para certas coisas. Só de pensar em me enfiar no meio de um milhão e duzentas mil pessoas, para ver os caras de longe - sim, porque eu tenho horror à multidão e, por nada, ficaria na fila do gargarejo - e ainda correr um risco ainda maior do que o normal de ser assaltada, esfaqueada, atingida por um galho de árvore, porque pessoas sem educação escalaram as pobre coitadas, querer ir ao banheiro e ter que entrar num daqueles químicos, com neguinho fazendo as estruturas de arquibancadas (tudo isso aconteceu com pessoas reais)... Olha, francamente, fiquei fora desse programa de índio! Dizem que na área VIP foi diferente. Mas, como não sou VIP, nem nada... Para a paz do meu lar fui depois da caipivodka.

No dia seguinte... "Suvaco do Cristo". Saí para fazer um trabalho de manhã e quase não entrei em casa na volta. Já me irritei. Mas, como agora faço yoga, irrito e "desirrito" rapidinho. Resolvi almoçar. Fui a pé. Era uma mar de gente na rua! Não tive dúvida: acabei de comer, peguei um filme e fui direto pra casa. Mais tarde, lá pelas 20h, tentei sair. Não consegui. O trânsito era mega, assim como o show do dia anterior. Voltei e desisti.

Não consigo me conformar com esse tipo de evento que tira a liberdade dos outros de ir e vir. Calma aê! Não ter como sair de casa por causa de um show (conheço pessoas, moradoras de Copacabana, que não conseguiram chegar em casa, depois de um dia de trabalho - sim, pessoas trabalham aos sábados - no dia dos Stones)ou por causa de um bloco de Carnaval?! Onde é que nós estamos?!

Nada contra eventos que promovem o Rio e alegram o povo. Mas, me parece que a nossa Cidade Maravilhosa está sob o comando de tiranos...

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

13 de Fevereiro

Era segunda-feira, 13 de fevereiro.

Depois da aula de teatro, ela passou no aniversário de uma pessoa muito especial, para deixar um beijo e uma lembrança.

A rua de Botafogo estava vazia, já passava das 22h. Parou o carro em frente ao cinema de arte e caminhou em direção ao bar. Subiu as escadas e lá estava ele. Camisa azul marinho, calça jeans e um copo de cerveja na mão, é claro.

O desejo de feliz aniversário, a entrega do presente - o amuleto renovado - o papo breve. Era uma experiência inusitada, de resultado imprevisível. Há muito, ela não via aquelas pessoas, não conversava com alguém da família, não vivia aquele tipo de situação. Tudo bem, tudo em ordem, tudo ótimo, na verdade. E a confirmação disso veio logo, logo...

O bolo do Botafofo na mesa, os chapéus do mesmo time sobre os guardanapos, como numa festa de criança. E o aniversariante parecendo muito feliz, cercado dos melhores amigos e das pessoas por quem tem mais carinho.

"Parabéns pra você, nessa data querida..." Nessa hora, seus olhos viraram uma lente de cinema e tudo era como um filme. Ela mais afastada da mesa, fazendo o foco. E, de repente, como se filmasse mesmo tudo aquilo, fez-se a seguinte narração: "Que bacana. Estar aqui diante de tudo isso, com a cabeça em ordem e o coração também. Que bom que não sou mais parte integrante desse grupo. Que bom que não estou mais na condição de primeira dama, que bom que tenho a certeza de que fizemos a coisa certa, na hora certa e - ainda - que bom que estamos mais felizes agora: ele lá, eu cá e com muito carinho um pelo outro. E que bom que isso me basta."

Caros, a confirmação pode tardar, mas ela chega. E, se não contraria suas suspeitas, a sensação é quase a de um orgasmo.

É, deve estar tendo festa em Marte hoje...

domingo, fevereiro 12, 2006

Johnny e June

Por enquanto, o título acima lidera a minha lista dos melhores filmes.

Love "u" all!

Passa rápido...

Em abril faz um ano que ...

Saí de casa.
Saí de uma história bonita e complicada de amor.
Saí dos 28 anos.
Saí da vida de free lancer.
Saí dos 60 kilos.
Saí do sedentarismo.
Saí da minha própria prisão.
Saí do negativo.
Saí da aula de teatro.
Saí da mente e entrei no coração.

Ufa! Às vezes, é necessário esvaziar...

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Assassino na Cadeia

"A 39 Vara Criminal do Rio condenou ontem a 25 anos de prisão Danilo Oliveira de Almeida, assassino de Fernando Villela de Andrade Neto, o Fervil, pioneiro do jornalismo de internet. Fervil foi morto com um tiro, em 2004, num assalto no bairro do Santo Cristo, no Rio".

(Coluna do Ancelmo Gois, Jornal o Globo, 09/02/2006)
http://oglobo.globo.com/jornal/colunas/ancelmo.asp

xxx

Fico muito feliz pelo fato da justiça ter sido feita e parabenizo a todos que estiveram envolvidos nas ações que contribuiram para a captura do assassino. Saudades desse grande amigo que se foi...

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Viajar é preciso

O cenário a minha frente é o seguinte: mesas marrons, como aquelas de repartições públicas, máquinas mais ou menos velozes, pessoas bacanas conversando. Tudo isso sob uma luz feia, opaca. Mais próximo de mim, o computador onde escrevo. Em cima da CPU, uma bonequinha jornalista e uma bruxinha de cabelos longos e pretos, nariz protuberante, verruga no queixo, pronta pra decolar.

Engraçado, parei na bruxinha e fiquei. Horas a fio, olhando fixamente aquele ser que, até onde sei, só existe nos contos-de-fada. E, apesar de não ter nenhum semelhança física com ela - pelo menos, eu acho - me transferi para aquela vassoura e decolei junto com sua dona. Ufa! Quase não a alcanço no solo!

Vou explicar: às vezes, tenho uma vontade louca de embarcar num desses transportes "mucho locos", tais como vassouras de bruxas, carros do futuro, cachorro da "História Sem Fim", nave do E.T e fazer uma viagem. Sei lá pra onde. Ligar o piloto automático e partir. Tem gente que não é nada adepta, mas eu gosto - e muito -de embarcar rumo ao desconhecido.

Onde fui parar, já não sei mais, não lembro. Mas, quando voltei percebi que preciso fazer mais viagens como essa. É necessário desligar, entrar num lugar que nem você sabe onde fica. E voltar. Ouvir o sino e voltar renovada. Nem que seja por um minuto. É necessário, é preciso. Não sei o motivo. Mas, sei que é.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Cinema e Caipirinha

Sempre que me sobra um dinheirinho depois de pagar as contas, torro quase tudo em cinema. Um ótimo investimento, principalmente neste verão insuportável que o Rio de Janeiro está enfrentando. Aqui vão algumas dicas pra quem adora entrar numa sala escura de cinema, com ar condicionado, em plena tarde (a sessão de 13h é uma experiência!) de sábado, enquanto a maioria dos mortais está fritando a cuca, nos 40 graus das praias cariocas ("dermelivre")!

1 - "Boa Noite e Boa Sorte" - Já vale pelo discurso de Murrow, que inicia e encerra o filme. Sensacional!
2 - "O Segredo de Brokeback Mountain" - Amor, amor, amor...
3 - "A Marcha dos Pingüins" - A natureza em um de seus mais belos ensaios. E uma equipe muito corajosa!
4 - "2046 - Os Segredos do Amor" - O amor só é possível quando não realizado. O filme propõe essa perigosa reflexão.

Depois de assistir a um deles no horário que indiquei, feche a tarde com uma boa caipirinha e bolinhos de bacalhau com bastante azeite! Sua vida nunca mais será a mesma...

Por enquanto, são meus predileitos. "Inté"!

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Como lidar com emoções destrutivas?

A pergunta acima é o título de um livro, que documenta a colaboração entre o Dalai Lama e um grupo de cientistas para compreender as emoções destrutivas. Ele me veio à cabeça quando pensei em escrever sobre uma situação que vivi ontem:

Já comecei tomando a decisão errada: ir ao cinema, assistir a um lançamento, num dia nublado, na sessão das 17h. O filme em questão? "Munique", de Steven Spielberg. O cinema - que é enorme - estava lotado. Eu e Paulo chegamos adiantados e sentamos num bom lugar. Lá pelas tantas, senti sede e Paulo foi comprar uma água para mim. É claro que lá fora estava a maior fila. Resultado: ele demorou. Uma senhora - até então, de bem - me perguntou se o lugar dele estava ocupado. Eu disse que sim. Ela ocupou o lugar ao lado e o marido dela teve que sentar separado, numa outra fileira. Normal, em se tratando de um cinema cheio e de pessoas que chegam em cima da hora à sessão.

Os segundos passam, os minutos passam... e nada do Paulo. Aí, meus amigos, eu ouço assim:

"Olha, minha filha, se essa pessoa que você está esperando não vier logo, eu vou falar com meu marido para sentar aqui".

Vou ser sincera com vocês. Nessa hora, já me deu vontade de dar uma resposta daquelas para a senhora, que já não era mais de bem naquele momento. Mas, eu - calmamente - respondi:

"Meu marido saiu para comprar uma água e já deve estar voltando".

Ela, em tom irônico e provocativo:

"É... Porque não se pode ficar guardando lugar assim."

Aí, leitores queridos, o sangue subiu (em mim sobe rápido, eu sei) e eu disse, muuuuito irônica:

"Eu cheguei aqui muito antes da senhora. Meu marido e eu sentamos. Ele se levantou agora para comprar uma água e está voltando".

Ela disse:

"E você fica calma".

Eu:

"Fica calma você. Eu estou calmíssima e a nervosa aqui é a senhora".

Acabou por aí. Eu já não sabia mais se chamava a mulher de você, de senhora, de enviada do demônio, de cão danado... E o pior: as luzes se apagaram e umas 10 pessoas ainda me perguntaram se aquele lugar estava vazio. Até que Paulo voltou e todos assistimos ao filme em paz.

Depois de pensar sobre essa situação, concluí que:

1 - Tem gente que é chata mesmo - nasceu assim - e gosta de criar caso nesse mundo.
2 - Ainda bem que tudo isso ocorreu antes do filme começar. Se fosse no fim, sei não... Quem viu "Munique" entende o que estou dizendo.
3 - Esse tipo de situação mexe mesmo com emoções destrutivas - a véia querendo me matar e eu querendo matar a véia - o que me faz achar que tenho que ler o livro do amigo Dalai.
6 - Eu realmente tenho horror a gente folgada.
7 - E que, sendo assim, eu nasci no país errado.
8 - Ah! Já ia esquecendo... Cinema no domingo? Furada!!!

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Eu recomendo

Leiam "O Caçador de Pipas".

Distraída, eu?

Ontem, puxei o pobre do garçom da Cobal pelo braço, achando que era o meu marido...

Sábado, fui a uma dessas lojinhas de velas e fragrâncias - que tanto adoro - e dei um incenso para meu marido cheirar. Só que encostei a varetinha no olho dele. Aí, ficou difícil, coitado...

Fim de semana passado, demorei uma hora e meia para sair de casa porque perdi o documento do carro, a carteira de motorista e os óculos escuros. Eu e meu marido quase perdemos um almoço em Itaipava...

Hoje, levei mais um dos milhares de tropeções que coleciono. É que, enquanto atravessava a rua, olhava para a varanda de um prédio. Sim, meu marido estava ao meu lado...

Faz um mês, mais ou menos, que tranquei meu marido em casa. Saí e levei as duas chaves. E olha que os chaveiros são bem diferentes...

Pausa para reflexão: será que ele vai agüentar tanta trapalhada?

Outro dia fui contar uma história e, na hora que ia falar "igreja", só falava "igroja". Eu hein... Meu marido não estava comigo. Tirou a sorte grande neste dia...

Ele diz que me acha engraçada. Eu também me acho. Que bom que a gente vê por esse ângulo. Isso mostra que somos pessoas evoluídas (hã, hã...).

É, ainda bem que a minha chefe não tem o endereço do meu blog...

Mimetismo

O despertador toca às 17h e eu acordo de um sono de 40 minutos. A noite vai ser punk. O que me espera lá fora? A festa de 30 anos de uma renomada revista masculina. Hã? Diversão? Não, trabalho.

O despertador tocas às 7h e eu acordo de um sono de oito horas. O dia vai ser punk. O que me espera lá fora? A Favela da Maré, no auge de seus 40 graus de calor. Hã? Programa de índio? Não, trabalho.

As duas situações ocorreram comigo num curto espaço de tempo. O que me faz parar, pensar... E chegar à conclusão de que, apesar de faltar muita coisa pra viver nessa vida, já rodei bastante por aí, em minhas aventuras jornalísticas. E mais: é bom descobrir que a gente se molda a (quase) todo tipo de situação. Eu conto com uma espécie de mimetismo, que me salva em muitas situações e evita que eu sofra demais. Junto a isso está um realismo, um pé no chão (que chega a me irritar de tão no chão que é), dígnos de uma taurina legítima (mas, o meu ascendente é câncer e dizem que, depois dos 30, a gente vira o ascendente. será que eu vou viver nas nuvens a partir de abril deste ano?) Enfim, essa mistureba toda me faz viver experiências muito diferentes. E, no fundo, gosto que funcione assim.

Bom, depois de ler minhas palavras, até eu mesma me convenci de que quem escreve essas linhas é uma jornalista apaixonada, que morre pela profissão. Que nada... Gosto muito do que faço, mas penso bastante em, um dia, quem sabe, largar o osso para dar asas à minha imaginação, virar escritora, dona de pousada em Itacaré, sei lá...

Se você não havia entendido essa história de mimetismo, o parágrafo acima explicou, percebeu?! E chega de escrever porque estou meio enferrujada e já perdi o fio da meada. Tô indo. Cobrir um Rally, no meio do deserto... Uauuuu!

A "caluna" que se dane. Eu quero é escrever!

Meus dedinhos não agüentam mais esperar a chegada da cadeira "ultramegapowersuper" que comprei para poder ficar mais horas à frente do computador. Por isso, estou dando a largada para uma nova temporada de textos! Welcome!