E disse Matha Medeiros nesse domingo: "Suicidavam-se mais, os escritores. Os escritores desse novo século não se suicidam, a Sylvia Plath de hoje faz mamografia, a nova Ana Cristina Cesar faz pilates, o William Burroughs do século XXI precisa parar de beber por recomendação médica. Está proibido o desatino".
E eu faço parte desta geração que vive regradamente e que precisa, sobretudo, evitar. Sim, devemos evitar o cigarro, a bebida, as comidas calóricas e otras cositas más, se quisermos ter uma vida saudável. Mas, pra mim, há outras coisas muito mais importantes a serem evitadas e que, na verdade, são as principais causadoras de grandes males. Não vou enumerá-las aqui, mas tenho certeza de que cada um pode fazer uma lista em menos de dez minutos.
Martha tem razão quando diz que sente falta de um tormento não diagnosticado num quadro do Fantástico e também de mais pileque em nossos textos. É, tá faltando pileque... Tenho pesquisado sobre a vida de muitos artistas de gerações bem anteriores à minha. E notei um fato interessante: essas pessoas tiveram trajetórias parecidas, houve mais tempo para pensarem no que realmente queriam fazer da vida, sofreram menos pressão externa (a tal pressão da sociedade), não viveram tão intensamente a era do "ter". Ouso dizer que havia mais liberdade, mesmo que muita gente não concorde com essa afirmação. Não precisa ir muito longe na vida dos artistas para perceber tais características. É só ver um filme como o que eu vi ontem, "Pode Crer", do Arthur Fontes. Ele se passa na década de 80, não muito longe de hoje em dia. O clima é outro, para mim muito mais saudável, em que o tempo tinha outro tempo, passava diferente.
Um tormento não diagnosticado num quadro do Fantástico... É, amigos, somos seres controlados, doidos para ter o controle. Permaneceremos aparentemente controlados e jamais conseguiremos controlar. Mas, será que perceberemos tudo a tempo de mudar? Ih... Isso não me cheira nada bem...
quinta-feira, setembro 20, 2007
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5 comentários:
Bellinha,
Sabe porque aquelas pessoas aparentemente tiveram mais tempo para pensarem nas suas vidas? Porque elas viviam o "seu" tempo. Elas queriam estar presentes em suas escolhas, elas estavam olhando para si mesmas e não para o vizinho do lado. As comparações que faziam eram consigo mesmas. Elas não estavam na janela, estavam atuando no palco, compreende? Daí a intensidade dos seus porres, das suas dores, das suas alegrias. Vinham de uma ego trip. Estavam envolvidas com suas próprias almas e isso era tudo que importava. Não sofriam pressões porque simplesmente não se sentavam dentro de panelas. Acho que eram mesmo mais livres. Não estavam aprisionadas pelo olhar do outro. Bastava o seu...um olhar que pudesse visitar todas as paisagens que pelos seus sonhos era possível deslumbrar.
Um beijo imenso, minha querida!
Intgeressante o texto. Eu o tinha lido na Revista de O Globo.
Carpe Diem.
Amiga
Estou precisando perder o controle, ficar de pileque...mas o tempo...esse nao está parando, pelo contrário, está mais acelerado do que nunca. Até o pensamento que os escritores poderiam ter em pensar em se matar, esses também estao passando mais rápido...
Entende?
Beijos
Re
a gente devia evitar é a Martha Medeiros ahahahah acho ela maior chata ;))
Sério? Adooooro os textos dela. Mas, o espaço aqui é democrático!! Hehe... Beijos.
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