segunda-feira, maio 11, 2009

Heróis documentados


Esse fim de semana fui ver "O Equilibrista", um documentário imperdível, que conta a história de Phillippe Petit, um francês que realizou a façanha de se equilibrar num cabo de aço entre as torres gêmeas do World Trade Center, em 1974. Você tem todo direito de se perguntar: eu vou pagar R$ 16,00 pra ver um aventureiro se equilibrando durante duas horas? Pague, meu amigo, pague. E não te arrependerás. O filme é muito mais do que isso. Petit é um personagem encantador, obstinado, romântico e seu objetivo maior pode ser encarado como uma grande metáfora da vida. Bom, mas não é exatamente sobre o filme que quero falar. É que durante essa sessão, algo curioso me ocorreu. Somos de uma geração que vê e produz documentários de grandes artistas, músicos, atores, realizadores. As personalidades da época de nossos pais e avós tinham mais tempo para criar e fizeram muita história. História essa da qual nos revelamos ótimos contadores e investigadores. Não temos tempo de ficar horas com os amigos, sem muita preocupação com o futuro, compondo pérolas, como faziam Tom Jobim e companhia, no apartamento de Nara Leão, de onde saiu a fina flor da bossa nova. Somos de outro tempo - somos do tempo em que tempo é dinheiro, em que os "berries" e msn's da vida - inicialmente criados para que economizássemos tempo - tiram-nos mais tempo do que nunca. "Tempo, tempo, tempo, tempo" - canta nosso Caetano, e hoje repetimos esse mesmo refrão sem o romance de antigamente. Mas isso faz de nós, como falei acima, ótimos contadores dessas histórias deliciosas. Temos a tecnologia a nosso favor e isso faz com que os registros de épocas passadas estejam prontos para a apreciação do público de forma rápida e muito bem acabada. Aí, como uma reflexão puxa outra nesta mente inquieta, me perguntei: e os nossos filhos, que tipo de documentário verão? Provavelmente, filmes que contarão as histórias de vida de Steve Jobs, Evan Williams, algum cineasta premiado com seus filmes feitos em celular ou até mesmo alguns de nós que vão se sobressair em meio à massa apertadora de botões. Antes que alguém me pergunte, isso está longe de ser uma crítica. É apenas uma constatação de que os tempos são outros e serão outros ainda mais diferentes quando nossos filhos estiverem crescidos. O tempo passa e se renova. E é nessa maré que vêm e vão os heróis de cada tempo. 

23 comentários:

Amanda Hora disse...

É a adaptação ao novo, as gerações que surgem na era tecnológica e dão continuidade criando os herois "compatíveis" a nova realidade.

PS: Eu acho que herois agora ñ tem mais acento, reforma ortográfica chatinha... rs
Bj!

isabella saes disse...

Ih, Amanda, confesso que ando ignorando essa reforma. Coisa feia para uma jornalista dizer, né?! Vou tomar vergonha!!! Beijos.

Ana Claudia Marinho disse...

É verdade Isabela.Fiquei pensando na premiação de um filme feito no celular...que mundo louco seria esse!Mas eu sei que tudo é possível quando se fala em tecnologia.
Quanto ao documentário,vou te confessar...qualquer filme que você dá a dica... é batata,o filme realmente é bom! E eu como sou fã de cinema vou assistir correndo esse documentário.
Um abraço.
thau.

maker disse...

...com certeza, quando olharmos no futuro haverá um documentário detalhado sobre calamidade que se deu em Santa Catarina, veremos depoimentos de celebridades, redes fazendo campanhas para doações de casas, comida e roupas, muita mobilização, e num canto perdido de um jornal: Enchentes fazem mais estrago que gripe suína no Brasil, Maranhão, Rio Grande do Norte, Bahia e Amazonas são os estados considerados os mais prejudicados.
Qual seria o motivo do descaso? Preconceito é que não é. Seria pq são um povo sofrido e como já estão acostumados com isso ninguém se importa? Acho que pra eles o tempo só passa, nada se renova...

Amanda Hora disse...

hahaha Eu tbm queria ignorar, como eu disse, ela é beem chata! Não tome vergonha rs :p
Beijos

Fabio Monteiro disse...

Sempre vi a tecnologia com bons olhos.
Por trás de toda essa informação tecnológica existe uma tendência. Por exemplo: Um filme não roda em um celular se não tiver público para isso, alias, se tiver conteúdo não vejo como uma coisa ruim, assim como não entendo porque existe um movimento pró-vinil. Minha apuração sonora não deve ser tão boa para apreciar o som de uma agulha num disco antiprático (pra mim, essa revolução antagônica é mais coisa de nostálgicos).

Enfim, pra essa tendência se manter depreciativa ou construtiva, depende de uma coisa muito mais antiga do que o mais antigo do celular ou computador que é educação para nossas crianças.

Abração Bellinha

isabella saes disse...

Fabio, é por essas e outras que deixei claro que não estava fazendo uma crítica. Apenas uma constatação!! Valeu pelo comentário e volte sempre!!

maker disse...

not enough time - INXS
http://www.jango.com/stations/133300403/tunein?proxy_id=2598331&song_id=87194

Fabio Monteiro disse...

Empolguei-me comentando os comentários de sua constatação...mudando completamente de assunto queria dividir com você (ês) um fato que presenciei esses dias, vamos lá.

Como eu não ganho tão bem igual a um jornalista/locutor/apresentador, que viaja para a china nas férias (brincadeira, eu sei que você fez por merecer).... estava eu numa fila de um crediário de eletrodomésticos com algumas pessoa a minha frente.

Havia uma pessoa, de idade mediana com vários documentos em mãos, até mesmo uma carteira de trabalho. Na vez dele a atendente pediu os documentos, analisou e beleza, tudo certo, faltava apenas o comprovante de residência...(se eu soubesse o que ele puxaria do bolso, com certeza eu sairia da fila). Pois bem, o cidadão a priori perguntou o que era um comprovante de residência e a atende explicou que poderia ser qualquer documento que ele tivesse recebido em casa pelos correios, depois de uns 10 minutos explicando ele finalmente entende e puxa do bolso uma carta e entrega a atendente...ela imediatamente devolve todos os documentos ao tal cidadão e o informa que não foi possível fazer o crediário porque ele tinha acabado de ser inscrito no SPC, avisado pela tal carta.

É pra rir ou pra chorar?

É isso...abração.

juca cavalcante disse...

Oi Isabella!
Eu acho que nossos filhos ou netos verão grandes documentários sobre pessoas interessantes e seus feitos maravilhosos como escrever grandes histórias em blogs, como é o nosso caso aqui, e outros atos tão surpreeendentes que a tecnologia possa permitir.
A metáfora do filme é o nosso eterno equilíbrio sobre uma corda bamba chamada vida?
ABRAÇO!

Lord Eric disse...

Olá Isabella...

...já me perguntei mto sobre o q as próximas gerações assistirão nos cinemas, e o q terão nas exposições de artes cênicas e com isso tive idéias mirabolantes como por exemplo filmes contando a vida de Arnold Schwarzenegger, ou quem sabe exposições humorísticas sobre Rambo; mas cheguei a uma constatação lógica [agora com os pés no chão]: será como é hoje, mas com nomes e histórias um pouco diferentes...

...mas acho q seria no mínimo educativo um filme sobre a vida de Bill Gates... ou até de Silvio Santos...rs...

um abraço...

Marco disse...

Olá, minha querida Isa, a bela
Li o seu texto e também me pus a refletir. Não acho que seja fácil para a gente fazer documentários de gente que viveu há 30, 40, 100 anos atrás. Especialmente no Brasil, somos um país sem memória. Não se guardava nada, muita coisa se perdeu. vamos ter MUITA dificuldade em contar visualmente as história do seu avô, por exemplo. Já a nossa geração futura terá um naipe enorme de mídias para escolher. Eu, que não sou nada, nem ninguém, apareço em dezenas de filmes, vídeos, centenas de fotos, tenho minhas peças quase todas filmadas. A tecnologia de elaboração e armazenamento melhorou bastante. Na memória das pessoas estaremos esquecidos, mas sempre vai ter um registro visual ou outro de nós. Bem, é o que penso.
Já que você gosta de documentário, recomendo dois que acabei de ver: Paulo Gracindo - O Bem Amado e Simonal - Ninguém sabe o duro que dei. Ambos imperdíveis.
Ah, sim. Tem um selo pra voc~e lá no Antigas Ternuras.
Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.

isabella saes disse...

É por aí, Juca!!

Seria mesmo, Lord Eric, muito interessante assistir a esses documentários. Concordo com vc, cada geração vai ver registros diferentes, feitos através de novas tecnologias!

Pois é, Marco, essa nossa época "sorria, vc está sendo filmado" colabora muito pra que a memória de nosso país seja preservada!!

Luh disse...

Bom nem preciso falar que sou sua fã da hora do blush...acho vcs duas sensacionais por conseguirem fazer um programa tão bom...e depois que passei a ler seu blog putz virei ainda mais fã...haha beijosss
http://maluquicesdaluh.blogspot.com/ tem uma postagem dando dica pra hora do blush!!
Beijãoo

JUCA CAVALCANTE disse...

Olá Isabella!
Você conhece esse poema?
O RELÓGIO
Diante de coisa tão doída, conservemo- nos serenos.
Cada minuto de vida, nunca é mais, é sempre menos.
Ser é apenas uma face,do não ser, e não do ser.
Desde o instante em que se nasce já se começa a morrer.
CASSIANO RICARDO
******************
Não é exatamente o tema do post, mas fala sobre o tempo.
ABRAÇO!

Amanda Hora disse...

Bella, quando vc tiver um tempinho, passa lá no meu blog. ^^
Bjoss

Amanda Hora disse...

Ah ñ, nada em especial. Foi só pq eu postei dando uma dica de filme msm, aí passei rapidinho e ñ iria dar tempo de dar a dica por aqui, me estendendo mais como fiz por lá.
Bjs

Priscilla Aurelia disse...

Olá Isabella,
Me chamo Priscilla e estou fazendo um projeto para acadêmico sobre o programa PRK-30, em especial sobre o Castro Barbosa e o Lauro Borges, o querido Otelo Trigueiro ;)
Gostaria muitíssimo de contar com a sua ajuda.
Caso tenha disponibilidade, seria ótimo que você me passasse seu e-mail (ou Twitter) para que pudéssemos entrar em contato.
Bem, é isso.
Caso possa me ajudar agradeceria muito.
Desde já obrigada,
Pris Sousa

Obs.: o seu blog é ótimo ! Também sou fascinada por filmes.

Bjos !

isabella saes disse...

Oi, Priscilla! Será um prazer te ajudar! Prefiro que vc deixe o seu e-mail aqui, que entro em contato com vc. Não tenho twitter... Beijos.

Amanda! Quero ver o filme do Claudio Torres. Vc viu a crítica de hoje no "O Globo"? Ótima!!

Oi, Luh! Que ótimo!! Continue sempre com a gente no Blush e seja sempre bem-vinda por aqui.

Valeu pelas palavras, Juca. Tudo que diz respeito ao tema, me interessa muito. Abs!

Priscilla Aurelia disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Paulão disse...

Priscilla, eu já escrevi pra vc tem um tempo... Mas, não tive resposta! Bj.

Paulão disse...

sou eu, isabella!!!

Pedro Prasil disse...

"massa apertadora de botões"
Gente...eu gostei tanto desta frase.