Os dias passam e deles captamos sensações, cheiros, lembranças... Fatos mais marcantes ficam, outros sem muita importância se dividem como bolinhas de mercúrio e desaparecem. Mas, sabe, algumas das minhas percepções demoram para tomar forma e acabo de relizar algumas delas neste exato momento. Boas, ruins, com sentido só para mim, sem nenhum sentido para vocês... Não importa. O que vale é que esses registros foram filtrados por meu cérebro e fazem parte do emaranhado de idéias e pensamentos de que é feita a minha mente inquieta. Aí vão alguns deles:
Tenho a impressão de que sou de outro planeta. Dia desses, no "pacato" bairro do Rio Comprido, um tiroteio comeu solto. Daqueles com armamentos pesados que nós, cariocas, conhecemos bem. No local onde me encontrava, todos começaram a rir, menos eu. Estariam rindo de nervosismo, e assim desafiando o absurdo; ou estariam acreditando que aquele momento era um filme de western, que não passava de uma fantasia com hora para terminar? Não sei... Mas confesso que essa reação me assusta mais do que a guerra civil em propriamente dita...
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Hoje, tive acesso a um livro sobre fama. Trata-se de um conjunto de dicas da autora "sei lá quem de sei lá o quê" sobre como se tornar uma celebridade. Ai... Já começa mal, né?! De repente, leio: "Quando fizer alguma viagem, procure armar um encontro com algum famoso e chame uma revista para cobrir o evento (que evento, cara pálida?). Melhor ainda se os dois estiverem estremecidos com seus parceiros, para que a nota tenha um tom de infidelidade no ar". Patético, não? Onde será que vamos parar? O pior é que essa "sei lá quem de sei lá o quê" deve estar rica e, no momento, talvez esteja sendo fotografada por uma das inúmeras revistas de fofocas existentes, num cruzeiro pelas Ilhas Gregas.
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Aloou! O ministério da saúde adverte: tv aberta faz muito mal à saúde. Mas, seu eu tivesse um convite para trabalhar nela, dependendo do conteúdo do programa, aceitaria. Sem hipocrisia, vai!
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Já reparou que a gripe está sempre por aí? Não tem uma pessoa para quem eu fale que estou gripada, que não venha com a seguinte frase: "Mas essa gripe que tá por aí, menina, anda pegando todo mundo". Devo confessar que isso me dá tic-tic nervoso. Em outras palavras: me irrrriiiita...
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Li um texto hoje que me fez refletir sobre uma das minhas profissões. Aos interessados: www.eletroliteraria.com.br - clicar em "Responsabilidade Social do Artista". Texto do Cadeh, um cara inteligente e antenado. Aliás, sou colaboradora desse site, criado pelo Leo Almeida, apresentador do Atitude.com (TVE): um dos melhores sites sobre cultura.
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Dia desses, peguei um táxi - mais uma vez no ensolarado, bucólico e pacífico bairro do Rio Comprido - e tive que deitar no chão do veículo ao perceber que estava no meio de um tiroteio. O motorista ficou perdidinho, coitado. Corta. Hoje, sonhei que estava no meio do fogo cruzado, numa estrada que me levava para fora da cidade. No mesmo sonho, vi zumbis estilo "Madrugada dos Mortos" correndo nus da cintura para cima, na pista asfaltada e depois... acordei. Corta. Ano passado, perdi um dos meus melhores amigos num assalto à mão armada. No mês seguinte, fiz um trabalho que me obrigava a pegar a Linha Vermelha todos os dias, na calada da noite. Conseguem imaginar o meu pânico? Corta. Depois de ler o jornal, recomenda-se um anti-depressivo. The end. Tudo isso está ligado ou é só impressão?
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Enquanto isso no salão de beleza (e na sala de justiça)... Mocinhas e moçoilas escapam da realidade com "Caras", "Quem", "Contigo" e outras revistinhas de nomes fofinhos. Vai dizer que você não vê pelo menos as fotos? Olha a hipocrisia...
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Você já olhou para o seu cachorro, tirando uma sonequinha depois do almoço, em pleno dia de semana, e desejou ser ele por alguns minutos? Eu já! Hora do rush, o pau comendo no mundo dos mortais e e a Cuca (minha linda cachorrinha da raça labrador) dorme sem preocupações, com comida pronta, sem contas a pagar e cheia de amor pra dar... Ê, vidão!
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A seguir cenas do próximo capítulo.
sábado, agosto 06, 2005
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4 comentários:
Caraco! A mente inquieta voltou com a corda toda! Excelente! Minha Bella Isa, todos estes assuntos que você registrou nos "drops" são de deixar qualquer mente pra lá de inquieta! A violência comendo solta, a busca insaciável por fama... Ou faz a gente pirar ao aliena (recurso muito usado nos dias atuais). Quem se recusa a fazer uma ou outra coisa acaba se angustiando, tentando manter a sanidade e a segurança. Moro na Tijuca, nos limites com o Rio Comprido. É comum ouvir ao longe os pipocos de balas. No início eu me assustava, hoje nem me incomoda. Quer dizer, me incomoda essa banalização que a gente acaba fazendo da violência na nossa cidade.
Sim, pelo menos por um instante dá inveja da tranquilidade dos cães.
Outra coisa: vi o seu comentário lá no meu blog. Quase posso apostar que sei qual autor te escreveu... A conferir.
Beijo grande!
Marco
É Bel, às vezes me pergunto se não é mais feliz aquele que é ignorante.
Também me pergunto até que ponto o desejo de transformação do mundo que arde dentro de mim, não deveria começar por mim mesma.
Ou, quem sabe, tudo isso a nossa volta é um filme, onde somes personagens que apenas seguem o roteiro do autor. Sei lá.
Bom, vou dormir com meu cachorro ao pé da cama me perguntando se amanhá, por um dia, não gostaria de trocar de papel com ele. Um beijo queridona.
Oi,
vc nao me conhece mas tb trabalho na globosat...
Ha dias em que ir para o trabalho exige toda uma preparação psicologica.
Em novembro do ano passado quase morri num tiroteio la no Rio Comprido.
É, a Faixa de Gaza é aqui...
Achei interessante esse monte de pensamentos jogados assim... parece aforisma. No todo, é muito inteligente seu blog! Parabéns!
Bjo
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