Acabo de voltar do cinema com a mente mais do que inquieta e não resisti ao computador... Isso para deixar registrada a minha emoção provocada por um homem, que infelizmente não está mais entre nós: Santiago. O filme que acabo de ver leva esse nome e foi dirigido por João Moreira Salles. Santiago foi o mordomo da família do cineasta durante cerca de vinte anos.
Não vou perder meu tempo aqui descrevendo este homem. Não dá, só vendo o filme para ter noção de tamanha grandeza. Desta vez, o blog funciona mais como um bloco de notas do que como qualquer outra coisa. Os mais assíduos sabem que gosto de anotar frases, pensamentos que me chamam a atenção e afins...
Numa cena do documentário, Santiago diz que fazia arranjos de flores como ninguém. E, de um jeito doce e profundo, se compara Michelangelo quando fez a estátua de Davi. "De tão perfeita, o artista disse que só faltava a escultura falar". E Santiago diz sobre seus arranjos de flores: "Eram tão perfeitos, por que não cantavam? Olhava para eles e esperava que cantassem". Aqui pode parecer solto, mas no clima do filme vira uma poesia, carregada do emocionante gestual de Santiago.
Outra: ele cita uma personagem de Dante Alighieri, na "Divina Comédia". Francesca era o nome dela. E diz: "Francesca é personagem de uma das histórias de amor mais lindas que a humanidade conheceu. Mas, nunca ninguém lhe deu muita atenção. Dante foi o único que conseguiu lhe dar um nome, uma voz e um tormento".
Um nome, uma voz e um tormento... E não é disso que todos nós somos feitos?
Assistam.
quinta-feira, setembro 06, 2007
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9 comentários:
Querida Isa, a Bela
Eu não vi ainda o "Santiago", mas vi uma profunda resenha que o Sergio Britto fez do filme em seu programa. E das cenas que ele mostrou, me tocou particularmente a que João narra que viu Santiago tocando piano de casaca. E perguntou a razão. "Mas é um Beethoven!", explicou ele. Muito legal!
Bom feriado. Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.
Oi Isabela, ontem um dos entrevistados do Jô foi o João Sales para falar sobre o filme, apenas vi algumas cenas, mas que pareceu de uma delicadeza incrível!! acho que esse fim de semana já tenho um programa escolhido :-)
Ps. Adorei os outros textos e vc tem + 1 leitor (a) assídua!
beijos,
Claudia
Marco e Claudia, não percam o filme. Pois é, essa parte do Beethoven é muito bacana. E eu acabei perdendo a entrevista no Jô. Era muito tarde... Obrigada pelos comentários e apareçam sempre! Cláudia, obrigada por virar assídua!! Hehehe...
Bel,
Ainda bem que tenho você amiga para me colocar a par do mundo do cinema. Ando tão fechada neste mundinho televisivo que suas dicas são sempre dádivas.
Vou procurar ver este filme.
Valeu.
Beijos
Re
Bella minha bela! Vi a entrevista no Jô e pude perceber o incômodo do João ao falar do filme. É um filme autobiográfico, pois sobretudo é o olhar do João para o Santiago. Santiago é desnudado até mesmo pela arrogância do então menino João. Lembra da cena final? Bons filmes servem pra isso: sonhos podem se materializar.
um beijo looooooooongo pra vc, darling!
Tem gente que diz que "Santiago" fala sobre o Santiago. Na minha cabeça, o João Moreira Sales fez uma autobiografia no filme. Santiago é o coadjuvante na história.
E digo mais: se ele fizesse a 13 anos atrás, ainda seria inconsciente, mas nessa edição de agora, ele sabe que o foco era ele, e não o Santiago.
Faz sentido?
Faz total sentido! E o que me impressionou no filme também foi a forma como ele tratava seu "personagem"... E a voz grosseira de uma mulher em off o tempo todo, igualmente arrogante. Obrigada pela visita e seja sempre bem-vindo!
Por mais incrível que possa parecer, a voz arrogante é a do João, sabia?
O voz do narrador é a do irmão dele.
Isso muda a visão de todo o filme, não?
Sim, eu sei que a voz é do irmão dele. Mas, falo da voz feminina... Ele tem uma espécie de assistente no filme... Enfim... Acho que o fato da narração ser do irmão é uma tentativa de se distanciar do que está sendo dito.
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