terça-feira, maio 27, 2008

A Droga Maldita

Eu não podia. Estava com pressa. Mas parei. Parei na Letras & Expressões. Pra quê? Quando entro numa livraria não saio mais. Quer dizer, sair eu saio, mas com um monte de livros que sei que vou demorar séculos para ler. E com um monte de informações na cabeça, oriundas de centenas de orelhas e primeiros capítulos lidos com que objetivo não sei direito... Cheguei, então, à conclusão de que entrar em locais onde imperam o conhecimento e a erudição me causa ansiedade. Primeiro, tenho a singela impressão de que vou conquistar aquele mundo que cheira a revistas e livros novos. Mas, logo depois, essa sensação é substituída por outra: sinto-me ignorante diante de tantas palavras. Palavras que formam frases, que dão origem a pensamentos, que influenciam uma geração. Depois, quero comprar tudo o que acho interessante. E compro - quase tudo. Mas, não dá tempo de ler. Aí, vem a sutil frustração por saber que em 2012, quem sabe, completarei a leitura a qual me propus, diante de uma simples visita a uma livraria. Em seguida, me dou conta de que em 2012 muitas outras publicações estarão à minha espera, e não conseguirei dar conta de tudo... E o pior: é muito provável que não lembre direito do que li no passado, o que me fará ficar paranóica, achando que estou com algum tipo de esclerose. Isso já acontece, aliás. É tanta informação, que acabo absorvendo muito pouca coisa. Ufa... Será tudo isso sinal desses tempos, muitas vezes estranhos aos olhos de quem foi um bebê que não nasceu com a mão no mouse? Será essa uma droga maldita, derivada da tal era globalizada? Seja o que for, algo me diz que não conseguirei me livrar desse vício e do estranho prazer que ele proporciona...

19 comentários:

maker disse...

Ai, ai, dona isabella, aprendi a ler antes de ir a escola pq amava os quadrinhos, foi assim com os desenhos com as letras das musicas em inglês, até nos meus projetos de marcenaria.Quando comecei a batalhar minha agência levei minha cliente para conhecer uma amiga que trabalhava num 'birô' e ela tinha se adaptado aos computadores, achei que o meu mundo de textos montados com cola pritt tinha se acabado, entrei em pânico. Acabei comprando um pc com tela âmbar, monocromático, que complicação! Um dia fui convidado a fazer um jornal pra uma agência de viagens e tive que aprender o pagemaker em 5 dias e hoje depois de várias versões do corel,ilustrators, photoshops, words , windows me sinto integrado nesse sistema, não que eu seja viciado mas sou dependente e entendo o que vc diz pois me lembro da sensação que tive quando entrei na extinta bookmaker ali na gavea pela primeira vez - exposição do raimundo rodriguez, era um paradiso, vc podia pegar um livro sentar-se confortavelmente numa poltrona e ouvir um gostoso piano a apenas dois metros da gente, tinha ainda vinil, fitas de video, CDs e aquele discão que veio antes do dvd.Pena que fechou mas a mentalidade dessa genta tá mudando e aparecendo mais livrarias como a bookmaker. Acho engraçado quando comento e recomendo que leiam Iracema, as pessoas me olham assustadas mas foi a leitura mais prazerosa até hoje, depois pergunto:
-já leu shakespeare? E eles me dizem:
-não tenho certeza, quem escreveu isso?
um grande bj querida, não se preocupe com 2012, tudo tem seu tempo no grande livro que está escrito.

isabella saes disse...

Nossa, que nostalgia boa me deu o seu comentário!! Queria escrever bastante aqui, mas já estou atrasada para a próxima livraria... Até!

® ♫ The Brit ♪ ® disse...

Oi Isabella,
eu acho isso e um grande prazer, tem nada como lendo um bom livro com nossa imaginaçao cheio de imagens daquela livro e a historia dela!
Claro eu tb cresceu com livro no mao, em lugar dessa mouse, sempre foi cheio de livros, e tudo hora quando meus pais falou "onde e nosso filho?" eu ficou la em alguma esquina da casa com meu cabeça dentro de um livro.
Eu acho e muito triste essas dias quando ouve pessoas falar "ahh eu nao ler livros mais, agora tem internet..." nada como ficar com um livro nas maos mesmo com aquela cheiro gostosa.

Quando meus alunos falar pra mim o que eles nunca ler um livro, e algumas adolescentes nunca li - pode acreditar?! eu sempre recomendar um bom livro e nos ficar lendo partes dela juntos numa aula.
E isso, crianças crescendo com a mao no mouse mesmo, somente com tempo por Orkut e MSN... coisa mais triste... e leve um mundo cheio de pessoas aparecendo com cabeça vazia!
"Onde e nosso filho?" ahh ta ele ta na internet!
Beijos amiga!

Anônimo disse...

Isabella,
obrigada pela visita. O Hora do Blush é bem a cara do Espartilho. Um espaço que procura entender o universo feminino e falar sobre as coisas que o envolve. Grande beijo e parabéns pelo programa. E não sei tbm é jornalista, mas nós como comunicólogas precisamos fazer um bem a nossas companheiras mulheres hj com uma vida tão corrida e com multiplos papéis. Com carinho, Chris.

isabella saes disse...

Sou jornalista sim, Chris. E ando pensando muito no meu papel como tal... É uma responsabilidade e tanto, né?! Obrigada pela vista, seja sempre bem-vinda aqui e no programa tb!! Bj, Isabella.

isabella saes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
maker disse...

Semana passada no meio de um comentário vc disse que se tivesse ganhado aquele premio da aposta, claro, viajaria mas que tb ajudaria algumas pessoas, como gentileza gera gentileza qd vi essa historia lembrei de vc - bj Em uma noite de tempestade, muitos anos atrás, um homem e sua esposa entraram em um pequeno hotel para fugir da chuva.

- Você poderia nos arranjar um quarto? O marido perguntou.

O atendente, um homem jovem e gentil com um largo sorriso, olhou o casal e explicou que estavam acontecendo três convenções na cidade.

- Todos os nossos quartos estão ocupados. Disse o balconista. - Mas eu não posso deixar o simpático casal na chuva à essa hora da noite. Se estiverem dispostos a dormir em meu quarto... Não é exatamente uma suite, mas será o suficiente para deixar-lhes confortáveis durante a noite.
Quando o casal recusou, o jovem insistiu,
- Não se importem comigo. Eu consigo me ajeitar.
Assim o casal acabou concordando.

Ao pagar a conta na manhã seguinte, o homem disse ao jovem atendente,
- Você é o tipo de gerente que deveria cuidar do melhor hotel do país. Talvez algum dia eu construa um para você.
O atendente deu-lhes uma piscadela e sorriu. Os três deram uma boa gargalhada. Enquanto se afastavam, o casal comentou entre si que encontrar pessoas tão amigáveis e úteis não é fácil.

Dois anos se passaram. O atendente tinha-se esquecido do incidente quando recebeu uma carta daquele homem. Lembrava daquela noite de tempestade e incluía uma passagem de ida e volta para New York, pedindo que o jovem lhes fizesse uma visita.

O homem o recebeu em New York e conduziu-se lhe à um ponto da quinta avenida. Apontou então um novo e grande edifício, um palácio de pedras avermelhadas, com torres apontando para o céu.
- Aquele, - disse o homem, - é o hotel que eu só construí para que você seja o gerente.
- Você deve estar brincando. Respondeu o jovem.
- Posso garantir-lhe que não estou. O homem respondeu abrindo um sorriso.

O nome do homem era William Waldorf Astor, e a estrutura magnífica era o original The Waldorf-Astoria Hotel, hoje um dos hoteis mais luxuosos do mundo.
Aquele atendente que se tornou seu primeiro gerente era George C. Boldt.

Aquele atendente jamais imaginou que uma atitude tão simples como a de cumprir bem e amavelmente o seu papel, lhe levaria a se tornar o gerente de um dos mais fascinantes hotéis do mundo

Unknown disse...

Essa "esclerose" também já me atinge. Leio algumas coisas e vejo alguns filmes que, por mais que me envolvam, desaparecem da minha mente (disléxica???!!!) tempos depois...
Triste fim!
Bj, Bella!

isabella saes disse...

Que bom que essa linda história lhe fez lembrar do meu comentário sobre a aposta. Um coisa eu garanto: ele foi 100% genuíno. E viva a gentileza!

Murilo, querido! Pra gente, triste fim... Agora, imagina para os bebês do século XXI... Triste começo... Hahaha... Eita, papo brabo!!! Hehehe...

maker disse...

Pegando o 'link' da sua resposta pro murillo - já ouviu falar em Indigo Children?- Em 11 de janeiro de 1996, uma criança incomum nasceu na cidade de Volzhsky, na região de Volgograd, Rússia.
Cientistas de todo o mundo têm-se se empenhado na pesquisa desses fenômenos a fim de revelar o mistério destas crianças extraordinárias, como o garoto Boris. Um dado interessante é que nos últimos 20 anos, bebês dotados de habilidades incomuns têm nascido em todos os continentes.

Chamam estas crianças de indigo children ou "crianças azuis", possivelmente uma referência ao avatar indiano Khrisna que, segundo a lenda, era azul. Aparentemente, as "crianças azuis" têm a missão especial de promover mudanças em nosso planeta. Muitas delas possuem as espirais do DNA notavelemnte perfeitas o que lhes confere uma inacreditável resistência do sistema imunológico capaz de neutralizar a ação do vírus da AIDS. Temos encontrado crianças assim na China, Índia, Vietnam entre outros lugares e estou certo de esta geração mudará o futuro da nossa civilização.

Marco disse...

Pois é, querida Isa, a Bela... Padeço do mesmo mal...
Entro numa livraria e quero abraçar as prateleiras com todos os meus 18 braços e sair levando tudo. Tenho livros para ler até as minhas duas próximas encarnações.
Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.

isabella saes disse...

Uau... Desconhecia essa história. Mas, acho perfeitamente aceitável. Ah... se Darwin estivesse vivo...

Pois é, Marco. Tô começando a não me achar uma estranha no ninho dos leitores de 18 braços... E isso me conforta, de certa forma. Hehe!!

isabella saes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Perder a preguiça q a tentação (fácil) da internet nos causa, de ter (qs!) tds as janelas do mundo ali para serem abertas e começar bem por aqui, comentando por escrito o q já fiz ao vivo - privilegiada q sou de encontrá-la diariamente eh eh : não há tecnologia q supere o gestual de segurar o livro, sentir o cheiro do livro, enfiar a cara naquela sopa de letrinhas q nos transporta a muitos lugares ou a lugar nenhum, sem download, sem conexão, sem energia necessária....só a nossa. O filho ainda um pequeno dependente de mim excluiu-me deste 'vício'literário q, volta e meia, reaparece à porta de uma livraria. A 'droga maldita' é inalante! Droguemo-nos tds, então!

isabella saes disse...

Amém, Selma!! E eu diria aos livros: se todas as drogas fossem iguais a vocês, que maravilha seria viver... Droguemo-nos de boa informação, minha querida companheira de batente!! Beijos.

vanda viveiros de castro disse...

Isabella, compre todos! E não pense no tempo de ler, ele aparece, um dia. Um livro ou qualquer coisa que você guarda para ler, se te interessou um dia, faz parte da sua arqueologia pessoal. Eu brincava de arquivo desde criança, e você acredita que alguns papéis muuuito antigos acabaram se transformando em postagens no meu blog? E uma mente inquieta também pode guardar mais coisas do que suspeitamos...Beijos!

isabella saes disse...

Ah, Vanda, se pode!!! E guarda, pode apostar!! Um beijo, querida!

Anônimo disse...

Hoje ouvindo o programa que vc participa, ouvi vc falando sobre a Madonna e, vc nos convidou a ler seu blog. Por curiosidade e falta do que fazer, vim fuxicar o seu!
Gostei muito do que li, vc é boa nisso, garota(se é que me permites rsrsrsrsr)!
Um forte abraço!
Ah! Voltarei pra ler outros.

isabella saes disse...

Oi, Cátia! Seja sempre muito bem-vinda ao "Mente Inquieta". Torço para que vc crie o hábito e passe por aqui não só quando não tiver nada pra fazer, mas também quando precisar ler algo que te toque. Sua visita é uma honra!! Volte sempre, Isabella.