Outro dia recebi um e-mail de protesto de um ouvinte em relação à uma determinada abertura de um dos programas da semana passada (Pra quem não sabe, apresento um programa de rádio, na Paradiso FM, 95,7, chamado "Hora do Blush"). Abri falando do céu azul que o Rio exibia naquela tarde, passando uma mensagem de otimismo ao carioca. E o ouvinte, indignado, dizia que a abertura havia sido alienada: "Como uma pessoa pode falar das belezas do Rio diante de tanta barbárie?", ele perguntava. Pois é, é difícil mesmo. Não é nada fácil sentar naquela bancada e cumprir o objetivo do "Hora do Blush", que é dizer palavras de incentivo, relaxar um pouco o carioca num momento em que ele está mais do que estressado. Porque ele, assim como eu, acordou, leu os jornais, saiu pra trabalhar e não aguenta mais ser massacrado pelas mazelas da cidade. Não é nada fácil falar em boas energias, bom-humor quando diante do seu nariz soltam empresários sujos, a polícia mata inocentes, os carros fazem o que querem nas ruas da cidade sob o olhar relaxado das autoridades e por aí vai. Aliás, onde estão as verdadeiras autoridades? No Brasil, elas parecem não existir... O fato é que de alienada não tenho absolutamente nada. E pago um preço alto por isso. Seria mais fácil não me informar e viver no país das maravilhas. Aliás, eu vivo. Mas as maravilhas só acontecem para aqueles que sentam nas cadeiras do congresso e roubam, roubam, roubam sem parar. E nós, cidadãos honestos, em dia com nossos impostos... Não preciso nem completar a frase, né?! Enfim, mesmo diante de tudo isso, continua sendo um prazer apresentar esse programa que, para muitos, funciona como um elixir de coisas boas. Pra mim também é. E quanto às dificuldades, elas fazem parte. Quem não tem as suas? São os ossos do ofício. Ossos do ofício de ser carioca.