segunda-feira, junho 21, 2010
Dachau
A pessoa tira férias, escolhe como um dos destinos a Alemanha e, antes mesmo de chegar, já está decidida a visitar um campo de concentração. Aí, você vai dizer: "A moça é maluca, tadinha, só pode... De férias, numa programação tão baixo astral". Bom, o fato é que nunca passou pela minha cabeça ir à Alemanha e não conhecer parte dessa história de difícil digestão e ainda viva na lembrança de milhares de pessoas que sofreram nas mãos dos nazistas. Era o passado de uma nação e eu precisava conhecê-lo. Seis milhões de judeus foram mortos durante a Segunda Guerra e eu, sempre muito curiosa e inconformada com o fato de que o ser humano pode sim chegar ao extremo da crueldade, inseri em meu roteiro o Campo de Concentração de Dachau.
Dachau foi o primeiro campo de concentração da Alemanha, construido em 1933, num espaço onde funcionava uma fábrica de pólvora. Fica a 20 km de Munique, cidade onde viveu Adolph Hitler, um simples pintor de cartões postais, que se transformou na maior aberração que o mundo já conheceu. Inicialmente, Dachau foi uma prisão e só depois virou campo de extermínio. 43 mil pessoas morreram por lá. Algumas doentes, outras de frio, fome e muitas executadas, entre elas judeus, gays, religiosos e comunistas.
A visita, quer dizer, visita não. Visita me soa como algo positivo, como quem vai visitar um amigo, um familiar, jogar conversa fora. Prefiro chamar de "experiência". Fria, silenciosa e angustiante. Quando fazemos a escolha de conhecer Dachau, percorremos o mesmo trajeto que os prisioneiros faziam. Passamos por um dormitório construído nos anos 60, uma reprodução dos inúmeros quartos que havia por lá e que, com capacidade para duzentas pessoas, chegaram a abrigar duas mil. Vamos até a câmara de gás, construída para que os prisioneiros achassem que iam tomar banho quando, na verdade, seriam assassinados pouco depois. Crematórios, objetos de tortura, salas de testes médicos também fazem parte da "experiêrncia".
No fim da caminhada pela parte externa do campo há uma estátua em bronze feita por um dos sobreviventes de Dachau (você pode ver apenas a parte de cima nesta foto - retirada da internet, já que eu não consegui fotografar nada por lá...). É a representação de um prisioneiro, com três características marcantes: está bem vestido, com as mãos no bolso e de cabeça erguida. Três coisas que jamais existiram durante aqueles 12 anos de barbárie e sofrimento.
Essa foi uma das "experiências" mais fortes e tocantes da minha vida. E continuo inconformada com o nível de crueldade a que o ser humano pode chegar.
OBS: Faz um ano que estive em Dachau e, assim que cheguei de lá, sentei inúmeras vezes para escrever sobre a minha "experiência". Não havia conseguido até aqui.
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21 comentários:
Fiquei com um nó na garganta só de ler. Não conseguiria passar por essa "experiência", muito forte mesmo.
Bjs
Isabella querida, você foi buscar a história dentro da casa dela mesma e isso não tem preço. Sua coragem, sensibilidade. Não é a toa que lhe admiro tanto.
Um grande bj
Antonio Siqueira
Nossa, eu entendo agora porque sua mente estava tão "quietinha". Acho que você estava se preparando pra escrever isso, mesmo que inconscientemente. Fique em paz, bjs.
Esse não é um tema sobre o qual escrevemos sem estarmos concentradas, não é? Visita? Passeio? Acho que você descreveu muito bem: experiência. Ver com os próprios olhos o que a maldade humana é, de fato, capaz de fazer. Seis milhões. Não é um número fácil de esquecer... Um beijo, Deia.
Bela, Gosto muito da Whoopi Goldberg. Há um stand up comedy dela, em que ela diz que quando foi a Alemanha visitou a casa de Annne Frank. Conta que quando entrou leu os dizeres: "acima de tudo eu ainda acredito que existe bondade nas pessoas" e que ela ficou assustada qdo soube que era dizeres da própria Anne.
Com certeza Dachau, a casa de Anne, e muitos outros estariam no meu roteiro. É história, e é lição de vida.
Beijos, te ouço todo dia no blush.
Oi Isabela, é Patricia Machado, da PUC (amiga da Mariana Bassoul). Tudo bem? ~
Você foi mesmo forte em ir a Dachau. Coragem. Sabe, acabei um mestrado agora, em cinema, e ao longo de tudo curso discutimos muito a questão do Holocausto. Acabei dando um curso aqui em Friburgo de cinema e Holocausto. A cada filme visto, e revisto, a cada livro lido senti um pouco dessa sensação que você descreve. Imagina em Dachau onde a dor ainda deve circular com força.
Aliás, você já viu Noite e Neblina, do Resnais? Super interessante para pensar em tudo isso que você disse. Beijo grande
Patricia
patriciamachado@gigalink.com.br
Amo te ouvir na paradiso!!
Principalmente as segundas feiras!!!!
é ótimo!
Os homens de segunda dão charme a mais ao programa!!!!
ah e amooooooooooo seu blog!
beijos!
Quanta gente!! Eu andava tão sumida daqui, que não estava mais acostumada... Obrigada pelos comentários, gente!!
Sergio, eu fui tb à casa de Anne Frank e tive o mesmo sentimento. Na verdade, ela fica na Holanda, em Amsterdam.
Pat, já escrevi pra vc!!
Obrigada a todos!!
Beijos!!
É ótimo ver você compartilhando suas experiências aqui com a gente de novo, Isabela.
O Holocausto foi mesmo algo terrível e não pode nunca ser esquecido para não permitirmos que se repita.
Só uma correção: Hitler não nasceu em Munique, mas sim na cidade Austríaca de Braunau am Inn. Ele só se naturalizou alemão anos depois.
Nando, vc tem razão. Hitler viveu em Munique, mas não nasceu lá. Já mudei!! Obrigada!!
olá Isabella, aproveito para lembrar-te de que um novo holocausto está a caminho, se forem confirmadas as previsões dos cientistas, e eles nos alertam que
estimam uma super alta pressão liberando o petróleo embaixo da crosta terrestre está entre 80.000 e 100.000 barris por dia.
O fluxo de petróleo e gases tóxicos está trazendo junto areia e cascalho o que causa o fluxo a criar um efeito de jato de areia no que resta da cabeça do poço que atualmente de alguma forma restringe o fluxo, como também o buraco da perfuração.
Como a cabeça do poço se torna cada vez mais desgastada a passagem aumenta permitindo um fluxo ainda maior de petróleo. O petróleo agora alcançou a corrente do Golfo e está entrando na corrente Oceânica, que é pelo menos quatro vezes mais forte do que a do Golfo, a qual o carregará ao mundo todo em mais ou menos 18 meses.
O petróleo junto com os gases, incluindo a benzina e muitos outros tóxicos, esgotarão o oxigênio da água. Isso, praticamente, matará toda a vida marinha. Junto com o petróleo nas praias, haverá muito peixe morto e etc…
UM RESUMO DAS EXPECTATIVAS
Em algum momento o buraco da perfuração ficará muito grande, aumentando seu tamanho abaixo da cabeça do poço, deixando a área muito fraca onde poço está. A intensidade então empurrará a cabeça do poço fora, permitindo um fluxo sem restrição de petróleo e etc…
O buraco continuará a aumentar de tamanho permitindo mais e mais petróleo fluir para o Golfo. Depois de muitos bilhões de barris de petróleo já terem sido derramados, a pressão da cavidade enorme a 8 km abaixo do solo do oceano começará a normalizar.
Isso então permitirá que a água, sob forte pressão a 1,6 km de profundidade, seja forçada para dentro da cavidade onde o petróleo estava. A temperatura a essa profundidade está perto de 200 graus centígrados, possivelmente mais.
A água evaporará, criando uma enorme quantidade de força , levantando o solo do Golfo. É difícil saber quanto de água entrará na crosta, também não é possível calcular o quanto o solo levantará.
As ondas do tsunami criado serão alguma coisa em torno 6 a 24 de altura, possivelmente maiores. Então o solo caírá dentro da cavidade vazia. É assim que a natureza fechará o buraco.
Dependendo da altura do tsunami, o cascalho do oceano, petróleo e estruturas existentes serão arrastadas pelas praias entrando terra a dentro, deixando uma área de 80,5 a 322 km desprovida de vida. Mesmo que os escombros sejam retirados, a contaminação do solo e da água impossibitará a re-população por um período desconhecido de anos. Enquanto isso estamos de olho na copa do mundo...
Olá, Isa, a Linda.
Tenho muita vontade de conhecer Dachau. E outros campos de concentração também. Bem sei que é um exercício de sofrimento, mas é necessário para, como você bem disse, conhecermos a extensão da maldade humana.
Esses campos devem ficar conservados, como uma espécie de eterna lembrança do que o ser humano é capaz de fazer com seu semelhante.
Ótimo post. Como sempre.
Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.
Parabens pelo blog Isabella. Se voce tiver um tempinho visite o meu em hebertneri.blogspot.com
Meu sogro é judeu e acabou de voltar de sua primeira viagem à Polônia, com direito à "visita" ao Campo de Auschwitz! Imagine como ele não ficou... Toda a sua família foi morta, se não naquele, em outros campos do país. E ele, a irmã e os pais só escaparam porque felizmente seus pais migraram para cá pouco antes dele e a irmã nascerem, logo no início da década de 30... Primos, hoje? Nem pensar!
Oi Bela é vc...lembra de mim é a Maristela do Notre Dame...
bjs
Queridos, tão bom compartilhar essas letras e palavras com vcs!!
Serginho, posso imaginar como foi difícil...
Maristela!! Não acredito!!! É claro que lembro de vc. Tem um e-mail de contato?
oiiii nossa qto tempo....segue aí maristelamaral@hotmail.com
Bjs
Cara Isabella, seguramente foi experiência marcante e de grande reflexão essa. Gostaria de saber como fez para chegar a DACHAU. Quanto tempo seria necessário entre a saída e a volta ref MUNICH.
Agradeço
Rodrigo
Rodrigo! Se não me engano, você pode ir e voltar no mesmo dia, de carro. Mas, vale dar uma pesquisada! Um abraço!
Certo Isabela... Vi que de Munich há trens que vão em até 11 minutos sg o site.. será que é fácil alcançar o campo a partir da estação ? E tb iria com meus filhos.. (14 e 8 Anos). Há censura para entrada ?
Mais uma vez obrigado !
Rodrigo
Eu fui de carro... Portanto, não tenho essa informação sobre a estação de trem. Quanto à restrição de idade, também não sei. Será que vc não consegue na internet? O que posso lhe dizer é que é uma visita pesada, triste. Não sei se seria um bom programa pro seu filho de 8 anos... Enfim, depois me conte como foi. Abs!
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