segunda-feira, janeiro 30, 2006

Como lidar com emoções destrutivas?

A pergunta acima é o título de um livro, que documenta a colaboração entre o Dalai Lama e um grupo de cientistas para compreender as emoções destrutivas. Ele me veio à cabeça quando pensei em escrever sobre uma situação que vivi ontem:

Já comecei tomando a decisão errada: ir ao cinema, assistir a um lançamento, num dia nublado, na sessão das 17h. O filme em questão? "Munique", de Steven Spielberg. O cinema - que é enorme - estava lotado. Eu e Paulo chegamos adiantados e sentamos num bom lugar. Lá pelas tantas, senti sede e Paulo foi comprar uma água para mim. É claro que lá fora estava a maior fila. Resultado: ele demorou. Uma senhora - até então, de bem - me perguntou se o lugar dele estava ocupado. Eu disse que sim. Ela ocupou o lugar ao lado e o marido dela teve que sentar separado, numa outra fileira. Normal, em se tratando de um cinema cheio e de pessoas que chegam em cima da hora à sessão.

Os segundos passam, os minutos passam... e nada do Paulo. Aí, meus amigos, eu ouço assim:

"Olha, minha filha, se essa pessoa que você está esperando não vier logo, eu vou falar com meu marido para sentar aqui".

Vou ser sincera com vocês. Nessa hora, já me deu vontade de dar uma resposta daquelas para a senhora, que já não era mais de bem naquele momento. Mas, eu - calmamente - respondi:

"Meu marido saiu para comprar uma água e já deve estar voltando".

Ela, em tom irônico e provocativo:

"É... Porque não se pode ficar guardando lugar assim."

Aí, leitores queridos, o sangue subiu (em mim sobe rápido, eu sei) e eu disse, muuuuito irônica:

"Eu cheguei aqui muito antes da senhora. Meu marido e eu sentamos. Ele se levantou agora para comprar uma água e está voltando".

Ela disse:

"E você fica calma".

Eu:

"Fica calma você. Eu estou calmíssima e a nervosa aqui é a senhora".

Acabou por aí. Eu já não sabia mais se chamava a mulher de você, de senhora, de enviada do demônio, de cão danado... E o pior: as luzes se apagaram e umas 10 pessoas ainda me perguntaram se aquele lugar estava vazio. Até que Paulo voltou e todos assistimos ao filme em paz.

Depois de pensar sobre essa situação, concluí que:

1 - Tem gente que é chata mesmo - nasceu assim - e gosta de criar caso nesse mundo.
2 - Ainda bem que tudo isso ocorreu antes do filme começar. Se fosse no fim, sei não... Quem viu "Munique" entende o que estou dizendo.
3 - Esse tipo de situação mexe mesmo com emoções destrutivas - a véia querendo me matar e eu querendo matar a véia - o que me faz achar que tenho que ler o livro do amigo Dalai.
6 - Eu realmente tenho horror a gente folgada.
7 - E que, sendo assim, eu nasci no país errado.
8 - Ah! Já ia esquecendo... Cinema no domingo? Furada!!!

6 comentários:

Anônimo disse...

Belzinha,
Eu já dei muita risada aqui sòzinha, imaginando a sua cara prá mulher! Que situação!!!
Mas, não se avexe não, minha filha, que está cheio de gente que se vangloria de ser irritante e de querer ficar perturbando. Vai ver que o marido estava sentado quietinho e morrendo de vergonha da dita cuja.
Enfim, este é o mundo em que a gente vive e temos que aprender a viver com grandes, porém não destrutivas, emoções!
Bjs da tia Sonia

Anônimo disse...

Amiga,
Não estou acreditando nesta historia. Vc fez muito bem e olha que vc deveria estar p.. mesmo porque ama os idosos lembro que te falava até para abrir um asilo ;p Eu aoto a seguinte filosofia com as pessoas - diz o que quer ouve o que não quer!!!!! A veinha deve estar dormindo de calça jeans. Vem ca, depois me fala se o filme eh bom ta! Bjos da sua amiga Lilits

Anônimo disse...

Já morei na Dinamarca (tido por muitos brasileiros como um país 'civilizado', 'de primeiro mundo'. Lá, não existe esse negócio de marcar lugar no cinema.

Beijo, adorei o blog.
Breno

Marco disse...

Olá, Isa a Bela. Tudo bem cocê?
Olha, sobre platéia de cinema, eu tenho feito uma campanha no meu Antigas Ternuras (do quel você é madrinha e nem aparece,né?) sobre a falta de educação, noção, civilidade, cidadania etc. etc.
Tenho certeza de que esta santa senhora queria o marido do lado dela para ficarem conversando durante o filme. Ou atendendo ao celular. Ou qualquer fazendo qualquer outra coisa que incomodasse os demais. Não é só assistir filmes aos domingos que é uma roubada. É ver filmes em lançamento, em qualquer dia no horário da noite. Eu amo ir a cinema, mas antes tenho que praticar iôga, yoga e ióga para não explodir e sair mandando um bando de gente mal educada para aquele lugar!
Um beijo, querida.

Anônimo disse...

Oi BELíssima,
Antes de tecer qualquer comentário, quero dizer que estou com saudades.
Bom, um escritor americano Joseph "alguma coisa", depois de 9 viagens a pesquisa para o Brasil lançou um livro chamado "The Brazilians", onde a conclusão que chega é que enquanto o Brasileiro não colocar o outro no coração não será um povo democrática, quanto menos desenvolvido. Ou seja, enquanto não houver respeito (no mínimo) pelo outro, não iremos sair da condição de "animais". Esta sua experiência no cinema (creio que não foi a primeira e nem será a última, e isto também não privilégio só seu, acredite!) só prova que não importa a idade e a experiência de vida da pessoa, se não houver respeito, não há convivência pacífica e muito menos diálogo. Um beijo enorme. Re

Anônimo disse...

Véia safada, como ousas se meter com a minha digníssima. Infelizmente convivemos com isso diariamente, em todos os lugares, o tempo todo, as vezes da vontade de subir no seu cachorro da História sem Fim (eu prefiriria a CuQuis) e nos mandar para PoliteLand, DAAAAAAMMMMM.
Desculpas por ter demorado.
Bjs
Caco